Provedor do HNSD avisa: “se uma pessoa muito querida precisar de internação pode não conseguir. Não temos leitos disponíveis”
Em carta-aberta aos itabiranos, o provedor do hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), Vaquimar José Vaz, revelou o já temido – e agora real – colapso no atendimento à pacientes com Covid-19. Segundo ele, o hospital vive momentos dramáticos, jamais ocorrido nos 160 anos de sua história.
“Mesmo tendo nos preparado para enfrentar cenários críticos no atendimento às vítimas da Covid 19, chegamos a um limite dramático”, anunciou o provedor.
Ele relacionou os enormes desafios que a direção e profissionais de saúde estão enfrentando desde o início da pandemia no município, que chegou com força em março do ano passado.
“Não há mais leitos disponíveis nas enfermarias e nas UTI. Nossos mais de 1,2 mil profissionais estão extenuados, trabalhando sem cessar e sem descanso”, revelou.
Para exemplificar, Vaquimar contou que no Pronto Atendimento a média diária de atendimentos Covid 19 praticamente quadruplicou, saltando de 34 pacientes atendidos no mês de fevereiro para 134 em março.
“O Pronto Socorro também está saturado, sendo que são mais de 160 atendimentos por dia só de Covid 19, um aumento de 220% em relação a fevereiro. Os atendimentos estão sendo realizados em cadeiras, sem leitos inclusive de observação”, lamentou.
Daí que o apelo do provedor é insistente e recorrente. “Fiquem em casa, evitem reuniões e encontros, não circulem pela cidade. Neste momento, esta é a única forma de assegurar a saúde – e a vida – de vocês.”
Sem isso, se não houver esse entendimento por parte da população, o provedor faz uma advertência dramática:
“Muitas vezes achamos que isso (a falta de atendimento em caso de doença) não vai acontecer conosco. Mas se você não colaborar, talvez uma pessoa muito querida acabe precisando de internação e não consiga, pois não há leitos disponíveis.”
Atendimentos
A partir desta quarta-feira (17), os PSFs dos bairros Gabiroba de Cima, João XXIII, Água Fresca e Praia I passam a funcionar com horário estendido até às 20h, que é para atender quem se apresentar com sintomas de gripe, que se assemelham aos da Covid-19.
A medida visa diminuir a procura de atendimento no Pronto-Socorro Municipal e nos hospitais. Segundo a secretária municipal de Saúde, Eliana Horta, eles estão com mais de 100% de ocupação de leitos das UTIs e também nas enfermarias. Em decorrência, muitos doentes graves aguardam leitos para atendimento intensivo, com sério risco de morte.
Convocação
Ainda para desafogar o atendimento nos hospitais, o prefeito Marco Antônio Lage anunciou que pretende abrir mais leitos de UTIs. Mas ele lembrou que a dificuldade tem sido a contratação de profissionais de saúde, principalmente enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Para fazer frente à escassez de mão-de-obra especializada, o prefeito disse que vai convocar os profissionais de saúde que hoje exercem funções burocráticas na Prefeitura para a linha de frente de atendimento.
“São 84 enfermeiros e 42 técnicos de enfermagem que trabalham na Secretaria Municipal de Saúde e que podem nos ajudar nesta guerra. Que eles nos ajudem a salvar vidas e a dar tratamento digno às pessoas que necessitam de atendimento hospitalar”, é o apelo que faz.
A convocação é voluntária, um apelo humanístico e solidário. Abrange apenas os profissionais que já estão imunizados e que tenham treinamentos específicos.
“A Vale também está buscando, junto ao Pasa (Plano de Assistência à Saúde), profissionais para nos ajudar nessa guerra”, informou o prefeito.
Disse também que a mineradora vai financiar uma consultoria especializada, devendo chegar à cidade cinco profissionais do hospital Albert Einstein, de São Paulo, especialistas em crise sanitária.
“Esses profissionais ficarão em Itabira pelo tempo que for necessário para a gestão de crise, ajudando-nos a encontrar solução nos dois hospitais para ajudar a salvar vidas”, contou o prefeito no seu pronunciamento, nessa terça-feira (16), pela rede social.