Morador queixa na Prefeitura de mordidas de cães de rua e é aconselhado pedir ajuda aos Bombeiros. Ampari recomenda adoção e castração

Emerson Pires Rocha, morador do bairro Pará, conta que ainda sente na carne os cortantes caninos dos cachorros de rua que o mordeu em duas ocasiões. “Fui mordido duas vezes e tive que ir ao pronto-socorro para ser vacinado mesmo com toda essa pandemia.”

São quatro os cachorros que montam guarda entre as ruas Minervino Bethônico e Doutor Novaes e que o atacaram. São genuínos SRDs (sem raça definida), ótimos para montar guarda em algum quintal espaçoso, sítio ou fazenda.

Rocha conta, ainda sentindo a dor lancinante na carne dilacerada da perna, que outras pessoas já foram atacadas por esses guardiões caninos territorialistas.

Cães são territorialistas e atacam em defesa de quem os protege ou quando se sentem ameaçados (Fotos: Divulgação)

Cães e morador são vizinhos e a convivência entre eles não tem sido nada fácil – e muito dolorida para o primeiro.

Após o ataque, ele recorreu também à Policlínica, onde encontrou uma senhora idosa que teria sido atacada pelos mesmos cães da rua Minervino com Doutor Guerra.

“Essa senhora me contou que voltava de uma consulta em uma clínica médica quando foi atacada. E que o seu filho, ao socorrê-la, também foi mordido por esses mesmos cães”, diz ele, relacionando outras histórias de quem também teria sido atacado.

“Alguma providência precisa ser tomada antes que aconteça algo pior. Já liguei para a seção de postura da Prefeitura e disseram que nada podem fazer. E que eu procurasse o corpo de bombeiros”, conta o morador.

Emerson está indignado com a falta de políticas públicas que atentem para a proteção desses animais, mas também pela integridade das pessoas que, nesse caso, também precisam de proteção.

Ao atacar, especialistas explicam que os cães instintivamente se defendem de uma possível agressão, o que pode ter ocorrido no passado recente. Ou mesmo agem agressivamente para proteger a integridade de quem os trata bem com alimento e carinho.

Adoção 

Castração e adoção é o que defende Kelly Generoso, presidente da Ampari para esses cães

Para a presidente da Associação de Moradores e Protetores dos Animais da Região de Itabira (Ampari), Kelley de Pinho Generoso, é preciso investigar se esses cães são mesmo abandonados ou se são semi-domiciliados.

“Todo cão um dia teve um lar e alguém o abandonou. Se forem mesmo cães abandonados, a castração para adoção pode ser a melhor alternativa”, recomenda a ativista em defesa dos animais de rua.

E mesmo que sejam de rua, ela afirma que um dia eles já tiveram um lar e foram abandonados. “E se é um animal semi-domiciliado ‘problemático’, o dono não assume para não ter responsabilidades”, lamenta.

Itabira não tem um canil municipal para recolher animais de rua e nem deve ter, na opinião da presidente da Ampari. Isso porque onde eles existem quase sempre há maus tratos. E não é solução. “Canil municipal aumenta o abandono e estimula as pessoas a deixarem o animal nas ruas para serem recolhidos”, afirma.  

Segundo ela, Itabira prescinde de políticas públicas efetivas nessa área e precisa investir mais na conscientização das pessoas para que não abandonem os animais nas ruas. Necessita também de um programa permanente de castração para que esses animais não reproduzam.

Outra alternativa é a adoção, o que vem ocorrendo em maior escala em Itabira, principalmente depois dos mutirões de castração e das campanhas da Ampari. “Castração contínua, educação em saúde para que vacinem os animais e não os soltem nas ruas”, esses são os ingredientes da receita que a ativista prescreve como necessidade urgente.

Campanha de castração é temporariamente suspensa

Só que a campanha de castração que a Prefeitura vinda desenvolvendo, desde o ano passado, em parceria com a Associação dos Municípios do Médio Piracicaba (Amep), teve de ser suspensa por causa da pandemia.

E só deve retornar após a imunização em massa. No total, já foram castrados 641 animais entre cães e gatos, sendo 211 animais de rua e 314 semi-domiciliados.

“É logico que não queremos que esses animais fiquem atacando as pessoas. Só que o problema não são eles, mas quem os soltou nas ruas”, afirma a ativista Kelley Generoso.

Se eles tiverem donos, que assumam a responsabilidade e não deixem esses cães soltos à ameaçar a canela de pedestres e de moradores, é o minimo que se espera.

E que a Prefeitura, no próximo governo, tenha um Centro de Zoonose bem estruturado, com programas permanentes de prevenção, vacinação e castração de animais de rua. E também de conscientização dos donos, para que não os abandonem e nem os maltratem.

Enquanto isso não acontece, previna-se ao passar por essas ruas do bairro Pará onde os cães estão domiciliados. Não os provoque e nem os maltrate. E procure passar longe de onde eles estão em vigilância permanente. E se puder, adote-os. São bons companheiros e excelentes cães de guarda.

 

 

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4 Comentários

  1. Excelente matéria, esclarecedora e educativa. Esses cães, vítimas do abandono, têm direito à vida digna. Por outro lado, as pessoas necessitam de segurança ao transitarem, mas não podem maltratá-los. Enquanto a cidade não tiver um centro de zoonose bem estruturado, adote-os e nunca os maltrate.

  2. É triste ver uma situação em que cães morrem e não tem justiça. Existe uma lei que aqui em Itabira infelizmente não vale. A regra é fazer boletim, levar na polícia civil, apresentar e o que mais? Só agente já registrou dois e não foi feito nada. Até quando as pessoas vão ficar impunes e acham que a solução sempre será matar e maltratar? Cadê a lei valer aqui para nossa cidade?

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