Com acusações mútuas, Heraldo e Reginaldo lavam “roupa-suja” numa baixaria jamais vista na Câmara de Itabira
A sessão plenária da Câmara Municipal de Itabira, nesta terça-feira (7), seguia pachorrenta, sem projetos polêmicos, até que o presidente da Câmara, vereador Heraldo Noronha (PTB), fez uso da Tribuna para rebater, mais uma vez, a acusação de participar da nacionalmente conhecida prática da “rachadinha”, que consiste em apropriar-se de parte dos salários de servidores por ele nomeados.
A denúncia contra o presidente da Câmara foi formulada e reiterada nas duas últimas sessões legislativas pelo seu ex-correligionário, vereador Reginaldo “do Carmo” Mercês Santos (Patriota). Isso ocorreu depois dele ser acusado e advertido pela Comissão de Ética e Decoro Parlamentar por ter assediado moralmente uma funcionária da Câmara.
Roupa-suja
O que se viu foi uma “lavação de roupa-suja” como jamais se observou na longa história do legislativo itabirano. Com pesadas acusações mútuas, no uso e abuso de suas imunidades parlamentares, os vereadores despejaram denúncias de práticas ilícitas que até então estavam sendo acobertadas no legislativo itabirano.
Bastante nervoso, e trêmulo, Heraldo Noronha disse que o seu desafeto fez falsas e pesadas acusações à sua pessoa. E que por isso era seu dever moral rebatê-las. Reconheceu que está sendo investigado em inquérito sigiloso pela Polícia Civil, pelo suposto esquema da “rachadinha”.
E que mesmo sob sigilo, o seu agora desafeto político fez uso da Tribuna, nas sessões anteriores, para tornar público depoimentos dos que o acusam dessa perniciosa prática política de extorsão fisiológica de funcionários sob as suas ordens. “Isso é crime”, sentenciou Noronha, referindo-se ao procedimento de Reginaldo “do Carmo”.
“Ele (Reginaldo) falou várias mentiras (sobre) a minha pessoa depois que aconteceu um fato desrespeitoso que nem um moleque de 12 anos faz. Ele sentou a mão na bunda de uma funcionária”, repetiu a acusação contra Reginaldo “do Carmo”.
Ainda segundo Heraldo Noronha esse condenável ato ocorrido na Câmara foi gravado em vídeo. E que uma pessoa, que ele diz não saber quem, o vazou sem o conhecimento da presidência.
“Não adianta falar que a pessoa não deveria ter vazado ou que os vereadores são culpados por ter saído na imprensa. Ninguém pegou a mão dele (do vereador) e sentou na bunda da moça”, relatou Heraldo Noronha com todas as letras.
“Essa pessoa (Reginaldo) acha que por ser grandalhão e autoridade pode tudo. Não pode. Foi um ato desrespeitoso que ele queria que ficasse escondido. Ele deveria ser expulso desta Casa por desrespeitar, com a sua atitude, todas as mulheres itabiranas.”
Segundo Heraldo foi por retaliação que Reginaldo “do Carmo” fez agora denúncias contra a sua pessoa. “É para desviar o foco das pesadas acusações que existem contra ele. A punição da Comissão de Ética (com simples advertência verbal) não foi nada. Ele deveria ter sido expulso desta Casa.”
Heraldo disse ainda que Reginaldo responde processos por improbidade administrativa. A acusação é de desvio de material da Prefeitura na gestão passada, quando foi administrador do distrito de Senhora do Carmo, onde reside.
Quebra de decoro
Noronha protocolou na comissão de Ética e Decoro Parlamentar uma representação contra o seu acusador, para que seja instaurado processo disciplinar por falta de decoro parlamentar.
Pede que seja juntado ao processo, como mais um meio de produção de provas contra o parlamentar, cópias das denúncias que tramitam na 1ª e na 2ª Varas Criminais da Comarca de Itabira, onde serão julgadas as supostas malversações de recursos públicos pelo então administrador de Senhora do Carmo.
E que, ao final, com a Comissão de Ética considerando procedente as acusações, que o plenário da Câmara proceda à cassação do mandato do vereador Reginaldo “do Carmo”. “As condutas do vereador são incompatíveis com o decoro parlamentar”, classificou Heraldo Noronha.
Chumbo trocado dói
Por seu lado, Reginaldo “do Carmo”, nas sessões anteriores pediu o afastamento de Heraldo Noronha da presidência da Câmara. Isso para que ele possa responder ao inquérito policial e se defender da acusação da prática da “rachadinha”.
“É para que ele não destrua provas e continue fazendo uso indevido do carro à serviço da presidência com objetivo eleitoreiro”, salientou. Leia mais aqui e aqui.
Comprovando que “chumbo trocado” dói – e muito, Reginaldo “do Carmo” voltou a bater duro em seu desafeto. Reafirmou as denúncias contra Noronha que até então corriam sob sigilo no inquérito aberto pela Polícia Civil para apurar o escândalo das “rachadinhas” na Câmara.
“É um bandido querendo me dar lição moral”, rebateu Reginaldo, dirigindo-se ao presidente da Câmara. “O senhor apresentou os processos contra mim e não tenho medo de ser julgado pela Justiça”, esbravejou.
“Só gostaria que o senhor tivesse vergonha nessa cara e (apresentasse) não só a cópia do vídeo que foi vazado, mas também (dos que foram gravados) 15 dias antes e 15 dias depois (do assédio). Já solicitei por três vezes a cópia desses vídeos e o senhor negou. Se os vídeos forem apresentados completos, eu serei inocentado.”, defendeu-se.
Reginaldo confirmou que irá depor na Polícia Civil nesta quarta-feira. E prometeu apresentar mais denúncias contra Heraldo Noronha. “Eu não comprei carro com verba de gabinete”, insinuou. “Existem outros podres que irão sair. Se forem apresentados todos os vídeos, o senhor vai para a cadeia mais depressa. O desafio está feito.”
Saída à francesa
Antes que Reginaldo “do Carmo” terminasse o seu contra-ataque em resposta ao presidente Heraldo, os demais vereadores se retiraram do plenário.
Sem quórum o vice-presidente Reinaldo Soares de Lacerda (PSDB) encerrou a sessão legislativa, que entra para a história da política itabirana com uma das mais controvertidas e graves no parlamento itabirano.
Diante das pesadas acusações mútuas, o mínimo que se espera é que sejam quebrados os sigilos dos inquéritos e processos contra os dois vereadores. E que todas as acusações sejam apuradas com celeridade, para que, caso crimes tenham sido cometidos, os responsáveis possam ser punidos com o rigor da lei.
Que isso hem!
Estes caras acham que estão onde? Esqueceram do cargo que ocupam né!
Ah também num país que tem um presidente que fala todas as asneiras que fala, tá tudo normal.
Que horror! Estes senhores HONRADOS , GENTE de BEM, GENTE FAMÍLIA, comportando na Câmara como se fosse um bordel de quinta categoria ou a casa deles (asilo inviolável, segundo a CF/88). Vergonhaço…. São Bolsonaristas? Se não são filiados na partido do Presidente Miliciano são adeptos da causa do genocida. Itabira que foi a Cidadezinha lendária não merecia tamanha vulgaridade. Finalmente, eu mulher digo, são misóginos, mascu!