Fisiologismo e nepotismo, dois males na Prefeitura. E o povo protesta como pode

Não tem sido fácil a vida do prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) desde que tomou posse. Por seus atos e nomeações, ele tem sofrido com protestos generalizados e de diferentes matizes. O desgaste político já era evidente antes mesmo de a juíza eleitoral Fernanda Machado decidir pela cassação de sua diplomação como prefeito eleito nas últimas eleições – o que pode acarretar na perda de seu mandato e de sua vice, Dalma Barcelos. A decisão é de primeira instância e o prefeito já recorreu.

As trincheiras oposicionistas são heterodoxas e vêm de diferentes segmentos sociais. A Câmara Municipal tem sido uma delas. Pelo caráter democrático que lhe é peculiar – é o único espaço entre os três poderes em que a população tem acesso direto. Verdade que dispõe de pouco poder de decisão, ao contrário dos poderes executivo e judiciário, aos quais o povo quase não tem como apresentar as suas queixas, denúncias e reivindicações.

Na Câmara, um ou outro cidadão mais exaltado chega a ser até desrespeitoso com os edis. Não raro, muitos xingam, gritam. Sobem nas cadeiras e no balção que separa o plenário do público. Protestam. Aplaudem o único vereador oposicionista quando faz um pronunciamento mais contundente contra o prefeito. E vaiam com estridência a maioria que compõe a base de apoio ao governo. Mas existe também a claque dos que aplaudem.

Cartazes

Franklin Acácio Rodrigues, motorista desempregado, protesta na Câmara (Fotos: Carlos Cruz)

Franklin Acácio Rodrigues, motorista desempregado, tem comparecido nas últimas reuniões plenárias de terça-feira na Câmara Municipal. Não se exalta. Em silêncio percorre todo o auditório com seus cartazes dispostos em forma de cruz, com palavras de ordem escritas à mão no papelão – e que não primam pela dita norma culta. Atropela a gramática, e a ortografia, mas não deixa de dar o seu recado.

“Esse governo, infelizmente segue o mesmo caminho do ex-prefeito Damon”, diz ele. “Emprega aposentados e deixa quem precisa trabalhar desempregado”, prossegue, na expectativa de que a prefeitura abra novas vagas de emprego para quem precisa.

“E tem também os vereadores que não foram reeleitos trabalhando na prefeitura. Deve ser alguma troca de favor”, acredita Rodrigues, que vem protestando com a sua forma peculiar desde o governo de João Izael (2005/2012). Antes ele colocava os seus cartazes no canal em frente da Câmara e da Prefeitura.

Servidores

Priscila Miranda Xavier Costa, presidente Sintsepmi

Priscila Miranda Xavier Costa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Municipais de Itabira (Sintsepmi), é outra que utiliza a tribuna da Câmara para protestar e apresentar as reivindicações da categoria.

“Só obtivemos uma contraproposta à nossa reivindicação salarial dois meses depois de instauradas as negociações do acordo coletivo. O prefeito apresentou proposta de reajuste zero. É vergonhoso, um desrespeito ao servidor”, protestou. Ela teme que a categoria fique dois anos sem reajuste nos salários. “No ano passado também tivemos reajuste zero”, recorda a sindicalista.

Servidores protestam contra o reajuste zero dos salários

Estudantes da Unifei também descobriram o caminho da Câmara para levar os seus protestos e reivindicações. Chegaram lá em pequeno número, era horário de aula. Organizados, foram acompanhados de uma percussão bem convincente no dia 25 de abril. Foram para protestar contra a não recarga nos cartões de passe livre no transporte coletivo.

Chegaram um pouco tarde. É que no mesmo dia, na tribuna da Câmara, José Gonçalves Moreira, secretário municipal de Educação, informou que o problema havia sido solucionado. E o repasse enfim restabelecido, depois de corrigido um erro burocrático.

Estudantes da Unifei descobrem o caminho da Câmara

Com a manifestação, os estudantes da Unifei agora sabem onde recorrer quando for preciso tornar público as suas reivindicações. Embora a Câmara Municipal não tenha tanto poder, tem sido a caixa de ressonância da sociedade organizada e também de cada cidadão que a ela recorre com a sua luta pessoal.

Mesmo que os vereadores se esqueçam da principal prerrogativa de fiscalizar o poder executivo, a Câmara é o espaço onde todos são ouvidos. Democraticamente, inclusive com transmissão radiofônica. É possível até fazer gilete-press pelas ondas das rádios Itabira-AM e Pontal-FM, no horário de 14h às 17h. É só sintonizar.

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