Velhos hábitos queimando soluções futuras

Veladimir Romano*

Reações de certa monta estão acontecendo no panorama latino-americano. No no entanto, já esperados como reação a velhos hábitos promovendo causa ruim aos povos do continente. Novidade não é, entretanto, ao nosso lado mais contido pela ingenuidade. Acreditamos jamais igualar qualquer escala maior das razões, quando definitivamente tudo se parece compreender.

Mas, não é assim que se passa. Causas nefastas provocam focos de resistentes, caso a sociedade faça leitura correta do que se prepara contra ela própria.

Sem muito debate conseguimos testemunhar causas específicas, ao detectar o cheiro nauseabundo das elites querendo dominar, aplicando formatos velhos pelo desejo de alcançar poderes ilimitados, enganando o povo, traindo sua nação.

Este fenômeno está acontecendo numa das partes mais sensíveis do território latino-americano e nada irá ficar garantido.

Na Colômbia  acontece há várias décadas a insurreição popular num esforço coletivo por dias melhores, buscando a paz diante de decisões erradas do presidente Iván Duque. É o que tem colocado o povo na rua exigindo direitos e reparos.

No Peru, o povo apoiando o presidente está contra decisões elitistas dos parlamentares de proteção aos atos corruptos. No Panamá, igualmente sindicatos há semanas estão estão reclamando por direitos, reforma salarial e o fim da corrupção.

Nas Honduras [o irmão do presidente é reclamado pela justiça norte-americana pelo contrabando de drogas], idem; ninguém segura esse crime organizado.

No entanto, foi no Chile onde rebentou a maior de todas as rebeliões de rua, a contestação é contra a política neoliberal de Sebastián Piñera.

Algo em comum se manifesta na personalidade de todos esses políticos e dirigentes governamentais: fizeram fortuna enquanto foram administrando bens públicos.

Não querendo perder rédeas seguras de poder, tramam e vão organizando nos bastidores a queda de governos contrários que não entrem ou se submetam aos mandos estratégicos estrangeiros de influência privada.

A Bolívia, atualmente, é o exemplo mais flagrante de como se preparam golpes dramáticos capazes de elevar ao conflito civil toda uma nação.

É o regresso da premeditada desesperança. Situação critica quando implicitamente estão em jogo riquezas mineiras; como a exploração do estanho, petróleo, gás.

Mas antes de tudo, o negócio do lítio; as maiores jazidas e produção mundial do produto mais cobiçado do nosso presente dia, matéria ambicionada pelas firmas tecnológicas. Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Japão são os maiores clientes.

Entretanto, Evo Morales, assinou contratos e acordos com a China e Rússia [este último irá construir central nuclear em altitude a 300 km  de La Paz, um tema que muito tem enervado os norte-americanos.

Assim, aproveitando as eleições, a oposição instalada na província de Santa Cruz, local de más práticas contra povos indígenas, todos vítimas de exploração, opressão e racismo sem dó, deseja recuperar velhos hábitos quando manteve crianças escravas trabalhando nas minas.

A repressão, na ordem do dia, prefere agora destruir o MAS [Movimiento al Socialismo], dando caça ao senadores eleitos democraticamente pelo povo, destituindo administrativos do governo anterior de Evo Morales.

Tudo isso graças ao novo ministro do Interior, Arturo Murillo, conhecido partidário das ideias nazistas trazidas por foragidos alemães depois da Segunda Grande Guerra.

Esses ensinaram aos brancos bolivianos e de quais revelações alguns graduados militares e policiais se acham inspirados em tentações antigas preparando derrubar governos legítimos… mais um na história da Bolívia, a nação martirizada dos piores golpes militares do mundo.

Questionável é também o papel da Organização dos Estados Americanos [OEA], marcado pela negativa desuas ações, abusiva até, dando apoio aberto à farsa golpista, tendo contrário ao real progresso social baseado na distribuição econômica e justiça democrática, deixando de reconhecer os povos étnicos com suas línguas, credos, tradições históricas.

A prioridade deveria ser dada à saúde infantil, aos planos de vacinação lançados pela primeira vez no país, reforma escolar e rural, inovadores processos em habitação social nas grandes zonas urbanas, apoio a outros países como prova solidária [Cabo Verde é uma das nações favorecidas com bolsas para estudantes dessas ilhas].

A pergunta que naturalmente fica é se o povo boliviano vai deixar passar em branco uma tentativa de furto violento da sua verdadeira democracia…

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano

 

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