Chorographia mineira – Município e Comarca de Itabira
Mauro Andrade Moura
revisão – 7ª parte
A Chorographia Mineira, da parte de Itabira, foi-nos legada pelo monsenhor Júlio Engrácia nos idos de 1897 como correspondente do “Archivo Mineiro”.
Sistema Hidrográfico
Sequência
“As serras dão nascente a diversos córregos de pequeno curso; e há dois riachos: o do Peixe, que corre dentro da freguesia, desde a nascente ao Sul do Itabiruçu, e tem 30 km de percurso até a foz, e depois de tocar a 3 km perto da cidade, afasta-se a Leste, entra no distrito da Lagoa (atual Nova Era); e o Girão (Girau) que nasce na encosta de Oeste do Pico (do Cauê) e entrando no território do distrito de Stª Maria, com 21 km de percurso a Nordeste. São as duas artérias principais, que recebem diversas veias; o primeiro vai morrer no Piracicaba e o 2º no Tanque.”
O município de Itabira, como explicitado acima, é região de nascente de vários cursos d´água e por conta disto a cidade sofre com os desmazelos com que são tratados.
A negligência de todos os citadinos, a omissão da administração municipal e o esbulho praticado pela grande mineradora de extração do nosso minério de ferro, ocasionam o sofrimento pelo qual estamos passando nesses dias de secura para podermos ter um copo d´água potável de qualidade em nossas casas.
A respeito do mau uso desse bem natural, a água, as forjas do Girau e as duas fábricas de tecido, a Gabiroba e a Pedreira, tiveram as suas atividades extintas em função da lavagem do minério de ferro.
A respeito desse assunto, já publicamos neste site Vila de Utopia matéria aprofundando essa perda incomparável, que é a nossa água, no texto Itabira em esforço de guerra ad eternum. Em defesa do rio Tanque. Leia aqui: https://viladeutopia.com.br/itabira-em-esforco-de-guerra-ad-eternum-em-defesa-do-rio-tanque/
Sistema Orográfico
“Todo distrito (todo o Município) é fortemente acidentado e, além das duas montanhas principais (Itabiruçu e Cauê), tem diversos serrotes e poucas vargens que já são revolvidas pela mineração. São os montes em grande parte, principalmente avizinhando-se à serra, cobertas de pedras que chama = Canga – maromba = que é o melhor minério de ferro; sendo as vargens entrechadas de cascalho branco; há montanhas de puro esmeril.”
Temos aqui, das pessoas que aqui residiam na virada do século XIX para o XX, uma mera noção da grande riqueza da qual Itabira e todo o Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais dispunham. O ferro tornou-se essencial em praticamente todas as atividades e necessidades, principalmente em eletrodomésticos e automóveis.
Na época não existiam as grandes usinas siderúrgicas e na região tínhamos duas forjarias de destaque, a do Girau em Itabira e a do Jean-Antoine Félix Dissandes de Monlevade, em Piracicaba/Carneirinho (hoje aportuguesadamente João Monlevade).
Do minério canga extraia-se o ouro após moer essas pedras em monjolos ou moinhos d´água com pedra mó. Por um tempo, já em meados do século XX, essa canga foi enviada em estado bruto para ser transformada em ferro-gusa na usina siderúrgica de Governador Valadares, hoje já sem atividade.
Essa extração do ouro a partir do minério canga foi a segunda via após a extinção do ouro de aluvião dos cursos d´água da cidade. A terceira via ocorreu nos idos de 1982 aquando o Pico do Cauê já tinha sido traslado pelo maior “trem do mundo que levou nossa terra para a Alemanha, para o Canadá, para o Japão”…
Em meados do século XIX a extração do ouro tornou-se impraticável no Pico do Cauê devido à rusticidade e precariedade de equipamentos da época. Essa extração que era pela Sociedade Nova de Mineração foi paralisada, tendo sido promovido um acordo com os ingleses e a mesma transformada em Itabira Iron Ore S.A., com a retomada a atividade minerária no Pico do Cauê.
Já em 1942 a Itabira Iron Ore foi transformada na não saudosa CVRD (Cia. Vale do Rio Doce), a extração de minério de ferro foi ampliada com o fim de suprir a demanda dos aliados contra os nazifascistas.
E a grande guerra foi ganha!
Passados outros quarenta anos, o Cauê trasladado, e chega-se no nível onde havia sido paralisada a extração do ouro naquele pico.
Ficou mesmo fácil recolher esse precioso mineral doirado. Na época foi a maior jazida de extração de ouro a céu aberta do mundo, embora essa história nunca tendo sido contada pela grande mineradora ou mesmo omitida por mero descaso com a população da cidade e a sua negação histórica.
A respeito deste avanço da mineração de ferro em nossa Itabira, na Semana da Comunidade, agora em outubro de 2019, foi bem divulgada pela excelente pesquisa histórica na Biblioteca Nacional, que fica na cidade do Rio de Janeiro.
A pesquisa foi levada a efeito por nossa companheira de coluna e correspondente dalém serras e montanhas, a jornalista e arquivista Cristina Silveira, com a recolha do acervo do jornal Correio de Notícias, por meio da coluna do poeta e cronista Carlos Drummond de Andrade.
segue…
e nada mais será como antes, porque tudo passa, nada dura para sempre. Mas o essencial é não esquecer, é recordar pra construir uma rota que não seja de fuga, mas aquela rota que possa proporcionar a Vida Boa.
Amém, assim como dizia, Marinha, mãe do Arp.
Mauro, tamo junto nos caminhos para o futuro melhor!
Sim, prezada Cristina, suas pesquisas e recolhas trouxeram-nos informações escondidas nos escaninhos da Biblioteca Nacional de grande valia para nosso conhecimento e entendimento de todo o processo selvático capitalista que sofremos hoje aqui no “Mato Dentro”.
O SAAE de Itabira é de uma incompetência impressionante. Há anos que se fala que estão resolvendo a falta de água em Itabira e nada acontece. Falam em trazer água do Rio Tanque que também está sofrendo com as barbaridades de seus ribeirinhos. Trazer água de onde não tem é enganar otários, e colocar dinheiro pela sarjeta e enriquecer as empresas de cartas marcadas que participam das licitações de serviços prestados à comunidade desta cidade que são geridas por pessoas incompetentes.
Ao ligar para cobrar que em minha residência não entra uma gota d’água há cinco dias, recebo apenas desculpas e mais desculpas. Falam que a culpa é da estiagem, outra hora é que a bomba do sistema quebrou, ou que faltou energia elétrica. Ora bolas, é o cúmulo falar em falta de energia elétrica se hoje existe a energia solar que pode alimentar as ditas bombas. Será que também eles desconhecem os fatos. Falar em falta de água na cidade é um tiro no pé. Água existe e são águas boas e limpas tão perto da cidade. Listo aqui algumas: Ribeirão do Engenho, Ribeirão da Fazenda Cachoeira, Ribeirão de São José, Ribeirão do Tambor, e isto estou apontando apenas uma migalha do que existe. Portanto cidadãos itabiranos, liguem, cobrem do SAAE uma providência. Seus telefones de contato são: 3835 9695/38359696 ou 115. Chega de descaso com o povo.
Muito bem, Ed.Itabirano, o senhor tem toda a razão nestas ponderações, principalmente quando lista os rios e córregos mais próximos à cidade e que resolveriam bem a questão desta agrura da secura.
Não justifica gastar uma fortuna, calculo perto de R$100 milhões, para buscar água no antigo rio e agora ribeirão do Tanque, que é muitissimamente mal tratado e espoliado.
E que a mineradora faça a parte dela e devolva a água que tomou da cidade!
Ao invés de buscar água cada vez mais longe, criar estação de tratamento e sua reutilização seria o mais interessante. Fala -se muito da Vale , mas nós fazemos a mesma coisa com o nosso bem maior e jogamos fora.
Como não falar da Vale???? Imagine o dano que ela causa e o que a população ignora!!! Jogar a culpa na população é o que a Vale deseja. Nenhum engenheiro pode fazer uma comparação dessa. parece o PR Miliciano que culpa os ofendidos….
Sr. Reinaldo, simplesmente a mineradora Vale sorveu mais de 80% de nossa água que servia a sede do município de Itabira.
Como não inseri-la nesse diálogo e até mesmo cobrança geral?
Mas a culpa é do Povo e a CVRD/Vale não tem responsabilidade. Não entendo, nunca consegui entender a paixão cega do Itabirano pela mineradora, irresponsável,criminosa, não posso entender…