Bolsonaro versus Moro, uma briga de foice no escuro que pode estar no fim. Ou não
Rafael Jasovich*
A posição da defesa do senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que atribui à ação da Polícia Federal como retaliação de Sergio Moro, escancara de vez a guerra entre o ministro da Justiça e seu chefe, que é o presidente Jair Bolsonaro (PSL)
A defesa de Fernando Bezerra Coelho, líder do governo no Senado, diz a jornal que o senador foi alvo, hoje, de operação da Polícia Federal “por sua atuação política combativa em relação a alguns pontos do pacote anticorrupção, encabeçado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro”,
O advogado de Bezerra, André Callegari, afirmou ainda que declaração recente de seu cliente, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na qual diz, “ao comentar uma possível troca no ministério, que Moro pode ser esquecido em 60 dias”, deve ter contribuído para a retaliação política.
O ataque direto a Moro tem a seguinte e simples consequência prática: se Jair Bolsonaro não afastar seu líder, o endossa, inclusive, no ataque contra seu Ministro da Justiça.
E, por outro, está claro que se afastar Bezerra da liderança do governo, estará endossando Moro contra o Senado e a Câmara, avessos às propostas moristas, e fazendo o que não quer: dando mais poder ao ex-juiz.
A vida de Moro no Ministério da Justiça esta com os dias contados. Aos trancos e barrancos a luta interna do governo vem produzindo baixas e defecções.
Óbvio que Bolsonaro age pela manutenção de aproximadamente 30% do eleitorado que ainda lhe é fiel. Para isso lança ataques verborrágicos que custam caro ao Brasil.
Com isso, o PT como principal partido da oposição, assim como os demais grupos e entidades democráticas preferem um presidente que vai se esvaziando sozinho, já pensando no quadro eleitoral de 2022.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional