Itabiruçu foi projetada para ser alteada só até a cota 833, é o que diz relatório técnico

De acordo com relatório técnico assinado por consultores do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), João Carlos de Melo, e do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), Francisco de Assis Lafetá Couto, anexado ao processo de regularização da barragem Itabiruçu, construída em 1980, o seu projeto original só previa que a estrutura só seria alteada até a cota 833 acima do nível do mar.

Para isso, antes de alcançar essa cota, passou por uma fase intermediária, sendo elevada para a cota 811. A primeira etapa do alteamento foi concluída em 1982  – e incluiu “o desenvolvimento do tapete drenante à jusante para que ocorresse a segunda etapa, só concluída em 2014”, informou os consultores em relatório.

“Além do recebimento da polpa de rejeitos do processo de beneficiamento, a barragem tem função de acumulação de água, captação para recirculação de água para o processo e contenção de sedimentos das pilhas Itabiruçu, Maravilhas, Itabirito Duro e Cava de Conceição”, relataram os representantes do Sindiextra e do Ibram.

O relatório informa ainda que a disposição de rejeitos na barragem ocorre de montante para jusante. E que, em 2014, houve “avanço dos rejeitos em direção ao lago principal, com o seccionamento de um grande volume de água nos braços do reservatório devido ao rebaixamento no nível da água”.

E que, para garantir o volume de amortecimento da estrutura e obter uma borda livre adequada, com o objetivo de manter “as condições de segurança e integridade em casos de eventos pluviométricos intensos, foram executadas, em 2015/2016, intervenções para o esgotamento das águas aprisionadas, assim como o coroamento do maciço da barragem”, por meio do alteamento de sua crista em três metros. Foi quando a barragem atingiu a cota 836.

“Esta intervenção foi realizada por meio de uma obra emergencial, cuja comunicação foi protocolada na Supram Leste Minas, em 13/04/2015, e é alvo deste parecer para regularização.” Em nenhuma dessas fases foi realizada audiência pública para informar a população e as autoridades das implicações desses sucessivos alteamentos.

A Vale tem sustentado que o alteamento da barragem para a cota 850, que seria o último, e que está provisoriamente suspenso, irá reforçar o maciço – e consequentemente a sua segurança.

Entretanto, essa “certeza” não é compartilhada por muitos moradores que residem abaixo dessa imensa estrutura contendo rejeitos de minério de ferro – e que está para se tornar ainda mais gigantesca. E pedem a remoção negociada, para que possam viver em paz e sem o medo de serem soterrados pela lama. Leia aqui.

 

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