Chorographia Mineira – Município e Comarca de Itabira
Mauro Andrade Moura
Revisão – 3ª parte
A Chorographia Mineira, da parte de Itabira, foi-nos legada pelo Monsenhor Júlio Engrácia, nos idos de 1907, como correspondente do “Archivo Mineiro”.
Topografia geral da Comarca e seus limites
“No meio de uma grande bacia, toda acidentada, ao Norte sustada pela cordilheira que comprime o Rio Santo Antônio e seus afluentes, a Oeste pela cordilheira que divide as águas deste dardo – São Francisco, cordilheira que é o grande Espinhaço que vem do Sul ao extremo Norte do Estado.”
Temos aí a posição de Itabira dentro do traçado da Serra do Espinhaço, a mesma que nasce no município de Ouro Branco percorrendo e dividindo o Estado de Minas Gerais em duas grandes bacias hidrográfica, sendo a Norte a bacia do Rio São Francisco, dito o rio da integração nacional por percorrer cinco estados do Brasil.
E ao Sul para o Leste o antigo rio e atual canal d´água do Doce, tendo sido este totalmente assolado pelo barro criminoso da mineração de ferro em Barra Longa/Mariana.
A Serra do Espinhaço, como dito, nasce no município de Ouro Branco e finda no Recôncavo Baiano.
Desta bacia da parte de Itabira, partindo do Oeste para o Sudeste temos o Rio de Peixe que desagua no Rio Piracicaba (peixe que acaba) e este deita suas águas no canal do Doce em Ipatinga, tentando refrigerar suas águas, porém, com mais um bom volume de rejeito de minério de ferro e outros metais mais e menos pesados.
Nestas águas do Rio do Peixe, soma-se os córregos da Água Santa, Rosário, Campestre e Pureza, bem compostos com o esgoto urbano ainda por ser tratado.
De Oeste para Norte e posteriormente para o Leste, desce da Serra dos Alves o antigo rio e atual ribeirão do Tanque, pela grande diminuição de água em seu curso, que passa por trás do contraforte da Serra do Espinhaço e nas barras da cratera do antigo Pico do Cauê, somando-se com os corguinhos do Jirau de Cima e de Baixo e o que sobra da barragem do Santana, após a cidade de Santa Maria de Itabira e na entrada de Ferros, juntam-se ao Rio Santo Antônio que desce do alto da Serra do Espinhaço de entre as cidades de Morro do Pilar e Conceição do Mato dentro, antiga Conceição do Serro, já com as água do Rio Preto.
O encontro do antigo rio Doce com o ainda rio Santo Antônio ocorre no município de Naque, passando o canal do Doce, a partir daí, a ter um caudaloso volume d´água mais ou menos contaminada pelo excesso de mau uso de todas as cidades e muitos moradores, bem como as mineradoras de extração do minério de ferro, que pressionam sobremaneira essa dádiva da natureza.
“A Comarca de Itabira (considerem o artigo inicial de 1907) tem como limites a Sul a Comarca de São Domingos do Prata; a Nordeste a de Santana de Ferros; a Norte a de Conceição do Serro; a Oeste a de Santa Luzia do Rio das Velhas; a Sudoeste a de Caethé.”
Atualmente Itabira tem seus limites geográficos a Sul com Nova Era, a Oeste com São Gonçalo do Rio Abaixo, a Noroeste com Bom Jesus do Amparo e Jaboticatubas, a Norte com Itambé do Mato Dentro e a Leste com Santa Maria de Itabira, devido às novas demarcações e aumento populacional na região. A sua área geográfica tem o tamanho de 1 253,704 km².
Monsenhor Júlio Engrácia nomeia alguns dos antigos juízes de direito e promotores de justiça pública desta Comarca de Itabira, a saber:
Juízes
-Dr. Tertuliano Antunes, Mendonça, Francisco Roberto (da Costa Lage), Coelho Linhares, Alvim, Dias Duarte, Carvalho Drummond, Serapião de Carvalho, Avellar Brandão, Pacífico Lima.
Promotores formados
-Dr. Joaquim Antônio, João Andrade e Pedro Nestor de Sales.
Atualmente já não nos habilitamos a nominar os juízes de direito e promotores de justiça pública, tal é o grande rodízio destas figuras essenciais ao bom funcionamento de nosso cotidiano local, embora a Comarca de Itabira contando com um suntuoso prédio sede de nosso Fórum de Justiça, que de acordo com informações, tem atualmente 350 mil processos aguardando sentença.
Conta-nos ainda o Monsenhor Engrácia: -“tem a Comarca 27.000 habitantes presumíveis, divididos pelos distritos.”
Atualmente presumo que o município de Itabira tenha uma população que oscila entre os cem e cento e vinte mil habitantes, contanto ainda um pouco mais com a população transitória.
Mauro ,
Muito bom artigo , acho que bastante correto.
De acordo com o censo da época em 1907 , a população brasileira era estimada em 20% urbana e 80% rural. O que confirma o seu artigo; o município de Itabira, incluindo, os distritos compunham de 27 mil almas.
Considerando então que a cidade de Itabira tinha entorno de 5.400 (20%) habitantes e sua zona rural compunha de 21.600 habitantes (80%), a população confirma os dados de historiadores e poeta como Amarílio Reis.
Abraços,
Altamir
Olá, Altamir.
Foi realizado um senso nos princípios de novecentos e este serviu de referência ao Mons. Engrácia.
Na altura Itabira era uma cidade dinâmica.