Racismo e intolerância avançam na Europa e preocupam o mundo

Veladimir Romano*

Fazendo leitura dos últimos acontecimentos nos cemitérios judeus descobrimos os mesmos amedrontados, heróis do terror usando e aplicando artifícios que a Democracia permite, cativa pelos valores da liberdade. Nas próximas eleições europeias, com início agora em março de mais uma campanha, segundo sondagens, a extrema-direita alcançará 20% dos assentos do Parlamento Europeu; daqui, partindo muitas consequências já experimentadas e sofridas em outras ocasiões.

Nessa conjuntura, fazemos idêntica pergunta que o filósofo alemão [1788-1860] Arthur Schopenhauer… «Sem rota de fuga, será que nos podemos tornar conscientes de todas as nossas intoleráveis atividades?».

Assim, pensando melhor, afirmamos caso fiquemos no silêncio e, neste silêncio deixar caminhar a velha repetição histórica daquilo que ninguém precisa, nem mesmo a estupidez, ignorância e atraso mental como espiritual dos extremistas, racistas em estágio contranatural.

Depois de várias multiplicações eleitorais em território do velho continente como no novo, algumas representações doutrinadas nos ideais racistas ganharam espaço privilegiado. E, desde então, não tem faltado divulgação testemunhando atividades entre ações criminosas, assassinatos de origem xenófoba como aconteceu na Suécia, Alemanha, Itália, Áustria e Grécia.

Com a entrada dos migrantes e refugiados, novamente ações belicistas aproveitando a oportunidade, se lançaram contra judeus sucessivamente em ato contínuo na Holanda e nas últimas semanas nos cemitérios históricos judeus ingleses e franceses.

Parece que o mundo já esqueceu dos seis milhões de judeus mortos em campos de concentração e dos quase dois milhões de crianças judaicas igualmente assadas nos fornos nazis na própria Alemanha.

Centros culturais recebem ameaças e boicotes diretos, escolas sofrem pressões causando maior preocupação, já antevendo nova e mais sofisticada prática terrorista, agora projetada por forças populistas entusiastas dos novos partidos com políticas de extrema-direita.

Está lançado o diabolismo multiplicando sua heresia animalizada em vagas sucessivas promovendo antijudaismo. Fica sempre estranho sofrendo sem parar, colecionando atos errôneos.

Mas o pior é quando a sociedade vai numa direção declaradamente errada, não coloando em dúvida práticas extremistas. Cansados, todos nós já deveríamos estar no bom comando dentro do juízo, e nem fosse mais necessário escrever artigos, realizar documentários relatando pormenores da baixeza humana.

Do engano que tem sido plenos ensaios, garantindo liberdade política, ajudando movimentos políticos chegarem triunfalmente ao poder usando e usurpando da mesma liberdade. Tudo isso sem que a sociedade se acautele, já que essa liberdade e valores da sua Democracia colocam populações reféns da reação abusiva dos defensores nazistas, movendo esses novos terrenos do velho Fascismo.

Com propagadores de Direita, portas se foram abrindo para hoje, em pleno século do avanço tecnológico, verificar pecados, desastres e ódios arcaicos. Ora, quando a grandeza cósmica nem se aproxima ou afina no consciente de certas camadas sociais, a engorda maléfica logo, logo absorve aniquilando o bom, entregando sintomas perversos.

Indo ao longínquo passado, uma vez a Inquisição aos judeus escravos dos faraós do Egito, desesperadamente a tendência será para cair no erro humano resumindo tudo ao negativismo da lei. Cada notícia chega explodindo e manifesta o satânico existencial num pacto de confissões desconexas enterrando regras da racionalidade.

Na Espanha o novo partido Vox [Voz], procura capitalizar descontentamento e frustrações da população em transe político, prometendo dividir a Direita. Antes já aconteceu na Áustria, Alemanha, Holanda, Suécia…

A Polônia está sendo um desafio perante vergonha democrática, a Bélgica não se entende pelo quanto o Vlaams Blok [Bloco Flamengo de extrema-direita] ganha lugares importantes, uma Itália entregue na Liga Norte em fusão com 5 Estrelas e a Força Itália dando energias negativas; fica completa a coletiva ultradireitista.

Sobra Inglaterra com seu UKIP [Partido Independente do Reino Unido] racista, nacionalista, fundador do enorme caos instalado na vida dos britânicos e muita incerteza como angústia nos estrangeiros trabalhadores desconhecendo qual futuro está reservado.

Pelo meio, pela primeira vez em tantos séculos de história, atitudes e ações contra campas com destruição gratuita de cemitérios judeus, ameaças a sinagogas, marcam momento da civilização europeia iniciada há dois mil anos justamente pela diáspora judaica.

Ilusão insipida não é, mas o estádio humanista se perdeu. No horizonte, junta reacionária em rotação antisemita… sinais da falhada fraternidade universal, ausência de doutrinas, pensamento com marca civilizacional ou recantos do processo democrático pedindo reformas sérias para defesa da própria Democracia neste momento habitando refúgios.

Desmorona-se o mundo velho ao mundo novo, transmutação civilizada favorecendo destinos mais do que comuns pelos níveis da inteligência adquirida, conhecimento acumulado, sabedoria que não deveria faltar nem falhar na hora do Eleitor votar, para evitar desconforto e desafios que colocam em perigo a paz e a legítima liberdade dos povos.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano

 

 

 

 

 

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