Um clássico polêmico que devia ter sido adiado em solidariedade a Brumadinho

Luiz Linhares*

Aconteceu nesse domingo (27) o primeiro duelo das forças do futebol de Minas. O Clássico mineiro entre Cruzeiro e Atlético bem que poderia não ter acontecido. Tem coisas que acontecem e não consigo entender o porquê de certas insistências.

A tragédia de Brumadinho teve um impacto praticamente devastador em todos, fisicamente e emocionalmente. Não havia e não se tem clima para comemorar algo lá que seja.

Mas a força do comercial falou mais alto. E torcedores, atletas e outros tantos tiveram que engolir o clássico em um domingo de manhã – e ainda mais em período de preparação das equipes.

Se não bastasse tudo isto, os dirigentes protagonizaram, mais uma vez, ao longo da semana, tudo ao contrário do que é pregado no dia a dia. Foram pra a imprensa para digladiarem pelo preço abusivo de ingressos, pela falta de entendimento em ter torcida dividida e por acusações mil, atreladas a uma Federação Mineira de Futebol que faz e acontece.

E quando é necessário, não tem pulso e força para socar a mesa e impor sua autoridade. Vira uma lavação de roupa suja que o coitado do torcedor fica se perguntando onde ele mesmo se situa e qual o seu real valor nesse atual futebol.

Sobre a partida

No fim do jogo o presidente do Atlético foi à coletiva para chamar o arbitro de tendencioso. Um termo pode demais pesado, que proferido em bases sérias, daria razão para uma penalização sem exemplo. Talvez alegue que estivesse de cabeça quente, falou o que não devia e fica por isso mesmo.

Mas falando propriamente do jogo, por parte dos atletas o empate deixa tudo mais tranquilo. Foram cometidos dois pênaltis, uma expulsão para cada lado e vida que segue rumo à próxima rodada.

O Cruzeiro foi melhor no tempo primeiro. Demonstrou melhor assentamento em campo e produzindo jogadas com mais criação, Já no tempo complementar o Galo cresceu, principalmente após levar o gol, quando acreditou mais em seus próprios méritos.

Clássico é sempre assim, improvável. A rivalidade restringe o futebol e colabora com o respeito mútuo. Ninguém se abre, ninguém dá espaço ao adversário. Mas é na derrota que mais se sofre, em qualquer das circunstâncias. Assim, muito das vezes, o medo de perder inibe a possibilidade de vitória.

Esse foi um clássico amparado por essa rivalidade. Já citei certa situação incômoda em relação a ele. No caso da polêmica arbitragem, juntando-se a fato raro de se ter um arbitro contundido e substituído, foi um clássico polêmico, com pênaltis marcados e não marcados, além de expulsões.

Considero acertos nesses lances capitais. Deixar de marcar esse ou aquele lance é natural do ser humano. E acontece com frequência. Expulsões são interpretativas e valem no momento. Crucificar o arbitro entre razão e paixão é até covardia.

Por fim, foi um clássico que será diferente de tudo que vem pela frente. O empate foi o melhor que poderia acontecer. Não atrapalha planos de nenhuma das equipes que estão na preparação pelo que vem pela frente.

O torcedor sabe que o seu time de ontem vai ser bem diferente daquele que trará fortes emoções daqui pra frente. Novos contratados vão se posicionar, mais forte um ou outro ficará. E o amanhã será o céu.

*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-Am

 

 

Posts Similares

1 Comentário

  1. De nada adiantava não ter o clássico se o ser humano não amar uns aos outros. Todos estamos abalados, mas ninguém ama aos próximo como deveria. Então vamos ajudar as vítimas como fez o cruzeiro com 50.000 em doação e mais 20.000 da renda do jogo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *