Dívidas com o Banco do Povo devem ser explicadas por Geraldo Rubens, secretário de Planejamento, diz vereador
Como ex-presidente da Associação de Crédito Popular de Itabira (Banco do Povo) por oito anos, e atual secretário municipal de Planejamento, Geraldo Rubens Pereira, será convidado a comparecer na reunião desta quinta-feira (29) das comissões temáticas da Câmara Municipal, para explicar aos vereadores o porquê não ter cobrado as dívidas vencidas com a instituição de microcrédito – e que foram prescritas.
Geraldo Rubens foi presidente do Banco do Povo de maio de 2006 a maio de 2014. No total, 12 tomadores de empréstimos ficaram devendo R$ 215 mil em valores nominais, o que corrigido pelo salário mínimo já ultrapassa a casa de R$ 750 mil (leia mais aqui).
A decisão de formalizar o convite surgiu depois de o presidente do Banco do Povo, João Torres Moreira Júnior, expor aos vereadores a situação da agência de crédito popular. Em seus 18 anos de existência, a instituição fez 1,2 mil empréstimos a microempreendedores itabiranos.
“Eles (os inadimplentes) representam 1% dos tomadores de empréstimos. São pessoas de classe média que têm condições de pagar, que têm casas e carros próprios, inclusive moto importada”, descreveu João Tôrres aos vereadores. Já as dívidas da instituição somam cerca de R$ 80 mil (principalmente trabalhista).
Segundo ele, os presidentes anteriores à sua gestão deixaram prescrever essas dívidas, o que ocorre após cinco anos sem ter sido cobrada judicialmente. “Na minha gestão nenhum empréstimo ficou sem receber”, assegurou.
Convite
“Com todo respeito, o secretário de Planejamento teve cinco anos para cobrar e não executou (as dívidas). Isso parece jogo de compadre”, classificou o vereador Reginaldo das Mercês Santos (PTB), autor do convite para o presidente do Banco do Povo expor a situação pré-falimentar da instituição, na reunião das comissões temáticas.
“Se ele (Geraldo Rubens) foi presidente do Banco do Povo e deixou a dívida prescrever, que compareça a esta Casa para explicar essa situação e também o porquê de o governo não atender ao pedido de reestruturação da instituição. Que a associação de crédito popular não seja extinta por falta de apoio do governo”, disse o vereador Weverton “Vetão” Leandro Santos Andrade (PSB)”, ao justificar o pedido de convite ao secretário de Planejamento.
No caso de o secretário não atender ao convite, ele deve ser convocado, tornando-se obrigatório o comparecimento.
Investigações
“Eu acho que a lei vem até o trevo de Itabira e volta. Temos denúncias sobre dívidas do Fundesi (Fundo de Desenvolvimento Econômico de Itabira) e de empresário que pegou dinheiro e foi embora para o Espirito Santo”, disse o vereador André Viana (Podemos).
Ele disse que irá propor a abertura de uma comissão de estudo para levantar essa questão de dívidas vencidas de recursos emprestados pelo Banco do Povo, que teve capital integralizado pelo município, e também pelo Fundesi.
“Se surgir um problema maior, podemos até solicitar a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)”, adiantou o vereador.