7 de setembro e as manifestações do lado errado da história pró-Bolsonaro

Revista ihu on-line

Não mais um governo em crise, mas crise sem governo

“Dentro do país, cresce a percepção de que a gestão Bolsonaro já não é apenas um governo em crise. Transformou-se numa crise sem governo. No exterior, de onde os melhores investidores estrangeiros traçam rotas alternativas para fugir do Brasil, o país passou a ser dividido em duas fases: AC e DC. Antes do capitão, o Brasil era tratado como o país do jeito para tudo. Depois do capitão, passou a ser visto como um país que não tem jeito. Sumiu a ideia de que o Brasil está à beira do abismo. O país experimenta a vivência do abismo” – Josias de Souza, jornalista – portal Uol, 22-08-2021.

Estratégia de Bolsonaro dará certo se o Brasil der muito errado

“No momento, Bolsonaro tem apenas três prioridades: não cair, passar a impressão de que preside e rezar pela fidelidade de Augusto Aras, o procurador-geral que não procura, e de Arthur Lira, o presidente da Câmara que engaveta. Para que a estratégia do presidente dê certo, o Brasil precisa dar muito errado” – Josias de Souza, jornalista – portal Uol, 22-08-2021.

Erva daninha

“Junto com a radicalização, o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a resistência vigorosa do Supremo às ameaças ao nosso 7 de Setembro, um mal se alastra pelo Brasil como erva daninha, ou como a variante Delta: o negacionismo, ou terraplanismo, que mistura ideologia, ignorância, crença cega e má fé, arrastando milhões de ovelhas fiéis e incautas para o lado errado da história. Depois de um ministro da Educação que falava mal o português, um segundo que não sabia escrever e queria prender os ministros do Supremo e um terceiro que não tomou posse por fraudar o currículo, chegamos ao pastor Milton Ribeiro. Discreto (omisso?), ele sumiu durante a pandemia e lembra o personagem de TV que “só abre a boca para falar besteiras” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

7 de Setembro – adoração ao mito

“Bolsonaro sabe que o impeachment de Moraes não vai dar em nada, mas o objetivo é outro: incendiar os Sergios Reis e os Ottonis de Paula para o 7 de Setembro deixar de ser saudação à Pátria e virar adoração ao mito. Jair acima de tudo, Bolsonaro acima de todos!” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

Armas argumentativas de Bolsonaro para a derrota eleitoral

“A valência (sentimento positivo versus negativo) nas redes sociais em relação ao STF tem pesado contra a Corte, principalmente após a prisão de Roberto Jefferson, no dia 13 deste mês, quando houve um pico de menções desfavoráveis, mostra levantamento da Quaest Pesquisa e Consultoria feito para a Coluna. “Jair Bolsonaro já escolheu as armas argumentativas para justificar uma possível derrota eleitoral. Vai colocar a culpa no STF, desacreditar as urnas e o sistema de apuração e se colocar como vítima”, afirma o cientista político Felipe Nunes. Segundo Nunes, mestre em estatística pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e sócio-fundador da Quaest, Bolsonaro caminha para uma derrota eleitoral em 2022, mas vai construindo narrativa na linha de que não fez o que prometeu porque o sistema não deixou” – Coluna do EstadãoO Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

Caos

“Na medida em que Bolsonaro aposta em um cenário irreconciliável de ódio, ele consegue ter sucesso”, diz o cientista político Marco Konopacki, da Syracuse University (EUA). “Bolsonaristas não têm necessariamente o compromisso de construir uma narrativa positiva. Para eles, fechar o diálogo e aumentar o tom de ódio e violência são um ponto positivo”, afirma Konopacki” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

7 de Setembro. Veteranos da PM de SP convocados a participar de evento na Paulista

“Veteranos da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Nós temos que no dia 7 de setembro ajudar o nosso presidente Bolsonaro. A PM de SP participou dos principais movimentos do nosso país (…). Não podemos nesse momento em que o país passa por essa crise, com o comunismo querendo entrar (…). (…) Eu vejo que nós da PM de SP, a força pública, nós devemos nos unir. E no dia sete de setembro, todos os veteranos de SP, estar presente na Avenida Paulista” – Ricardo Nascimento de Mello Araújo, ex-comandante da Rota, bolsonarista, convocando em vídeo nas redes sociais policiais militares “veteranos” para os protestos do dia 7 de setembro na Av. Paulista, dizendo é preciso ir às ruas para “ajudar” o presidente Jair Bolsonaro – Folha de S. Paulo, 23-08-2021.

Montoro e Doria

“Em 1984, Franco Montoro liberou ônibus e metrô para o povo se manifestar pelas Diretas Já. Em 2021, Doria vai liberar a Paulista para manifestação de ataque à democracia?” – Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares – Folha de S. Paulo, 22-08-2021.

TNT

“Não é bom o clima que vai se formando em torno do Sete de Setembro. Autoridades de São Paulo e de Brasília estão preocupadas com a tensão crescente nas redes sociais entre apoiadores do presidente e grupos contrários a ele” – Coluna do EstadãoO Estado de S. Paulo, 23-08-2021.

7 de setembro – mensagens rigorosamente criminosas

“As mensagens convocando para atos a favor de Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro – mensagens quase sempre apócrifas, mas nunca desmentidas ou rejeitadas pelo presidente da República – são rigorosamente criminosas, incitando a violência contra instituições e autoridades. O que ali se vê não é exercício da liberdade de pensamento e de expressão, e sim prática ostensiva de crimes contra a liberdade e contra o regime democrático” – editorial ‘Um arruaceiro na Presidência” – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

Bolsonaro nunca esteve tão fraco e isolado

“Fiel a seu histórico, Jair Bolsonaro cumpriu as piores expectativas. Incapaz de escutar quem quer que seja, protocolou na sexta-feira passada um pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Com o ato drástico, o presidente da República tentou simular fortaleza. No entanto, a realidade é a oposta. Em razão de suas próprias ações e omissões – o pedido de sexta-feira foi mais um entre muitos atos de irresponsabilidade –, Jair Bolsonaro nunca esteve tão fraco e tão isolado” – editorial ‘Um arruaceiro na Presidência” – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

Isolamento em grau inédito

“Talvez Jair Bolsonaro veja o inviável e frágil pedido de impeachment de Alexandre de Moraes como um gesto de esperteza. Ainda que de maneira torpe, teria agitado as hordas bolsonaristas. Trata-se de um não pequeno engano. A irresponsabilidade de sexta-feira não ficará impune. Ao protocolar a acusação, Jair Bolsonaro conseguiu isolar-se politicamente em grau inédito. Além disso, reiterou uma faceta especialmente nefasta de seu comportamento. Quando se trata de livrar os seus familiares e amigos do alcance da Justiça – afinal, essa é a causa de sua desavença com Alexandre de Moraes –, não tem limites” – editorial ‘Um arruaceiro na Presidência” – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

Um Estado capturado por grupos de interesse

“O Brasil tem o Estado capturado por grupos de interesse e o que preocupa é uma série de medidas que vão na direção de agravar essas distorções, podendo prejudicar, em particular, as contas públicas para os próximos anos. A incerteza sobre a trajetória fiscal para os anos à frente vira essa volatilidade dos preços” – Marcos Lisboa, economista e presidente do Insper – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

40 anos crescendo pouco

“A agenda legislativa em discussão hoje, é do Brasil velho. A promessa pode ser de uma agenda modernizadora, mas sempre carregada de jabutis e mais distorções na economia, que prejudicam o crescimento. É um País que cresce pouco há 40 anos e, em vez de ter uma agenda para ajustar essas distorções, estamos tendo uma agenda que preocupa e vem agravando os problemas estruturais do País” – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

‘Não quero pagar imposto de renda como pagam os trabalhadores no Brasil’

“Algumas propostas podem ser sedutoras pelo que prometem, mas os problemas estão nos detalhes, que é onde ocorre a captura dos Estado por parte dos grupos de interesse. Vou dar um exemplo: a questão do Imposto de Renda. Uma série de grupos simplesmente fala ‘olha, eu não quero pagar imposto de renda como pagam os trabalhadores no Brasil’. Esse é o caso de muitos profissionais liberais com empresas no lucro presumido (um regime simplificado muito usado por médicos, advogados, economistas e contadores, por exemplo). Têm renda de alguns milhões por ano e pagam uma alíquota de imposto muito menor do que quem tem carteira assinada” – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

0,1% mais ricos pagando menos IR que os demais

“Acho que (o Congresso) está bem preocupado com os grupos de interesse que se mobilizam. E muitos deputados repercutiram e apoiaram as demandas de profissionais liberais para preservar seus privilégios tributários no lucro presumido. Vale lembrar que muitos desses grupos estão no 0,1% mais rico do País, mas pagando bem menos IR que os demais” – O Estado de S. Paulo, 22-08-2021.

Pobres mais pobres

”Nos últimos 12 meses, a inflação dos pobres foi de 10%, quase três pontos percentuais maior que a da alta renda, resultado do aumento dos alimentos e do gás de cozinha, entre outros. Enquanto a renda média do trabalho caiu 11% entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021, a queda na metade mais pobre foi de 21%” – Marcelo Neri, diretor do FGV Social – Folha de S. Paulo, 22-08-2021.

32 milhões de brasileiros deixaram a classe C

“Assim, não só a pobreza extrema aumentou. Quase 32 milhões de pessoas deixaram a classe C (renda domiciliar de R$ 1.926 a R$ 8.303) desde agosto de 2020. A classe E (até R$ 1.205) foi a que mais inchou, com 24,4 milhões de pessoas. Já a D (R$ 1.205 a R$ 1.926) ganhou 8,9 milhões” – Fernando Canzian, jornalista – Folha de S. Paulo, 22-08-2021.

Governo não sabe o que fazer com a economia

“Para Silvio Campos Neto, economista-sênior da consultoria Tendências, muitos agentes econômicos aceitariam, sem solavancos, um aumento de cerca de 50% nos benefícios hoje pagos pelo Bolsa Família, que poderiam chegar a R$ 300, em média. “Haveria algum espaço no teto de gastos para isso. O problema é que parece não existir no governo um consenso mínimo do que fazer com a economia”, diz. Em sua opinião, o fato de o Brasil estar com as contas externas equilibradas justificaria um dólar abaixo de R$ 4,50. Somando-se a isso, a ociosidade no mercado de trabalho (com 14,8 milhões de desempregados) e nas empresas suportaria uma eventual recuperação mais robusta sem grandes pressões inflacionárias. “Seria toda uma outra história se tivéssemos outro tipo de liderança e postura. Isso cai na conta do presidente, símbolo desse desarranjo e principal causador de ruídos”, afirma o economista” – Fernando Canzian, jornalista – Folha de S. Paulo, 22-08-2021.

Ditadura do algoritmo mais cruel que a ditadura política

“A ditadura do “soberano algoritmo” (por sinal, nunca o termo “escravo do sistema” fez tanto sentido) chega a ser até mais cruel que a ditadura política, pois é camuflada por imagens agradáveis, frases de incentivo e áudios que tornam o pensamento dos que consomem tudo isso alinhados aos anseios daqueles que criam armadilhas que levam a uma interpretação equivocada do mundo, conduzindo a decisões irracionais que atendam às expectativas do “algoz algoritmo” – Edson S. Moraes, Coach executivo, consultor de estratégia e conselheiro empresarial – Folha de S. Paulo, 22-08-2021.

Metamorfose ambulante? O algoritmo não permite

“Que triste estar num mundo em que tudo é feito para que se leia, ouça ou veja somente aquilo que queremos ler, ouvir e ver. A ausência do contraditório, da discrepância e do discordante infantiliza qualquer relação e impede que se mantenha a visão sobre o mundo e sobre a vida em evolução contínua. Caso vivesse hoje e estivesse pendurado numa rede social, Raul Seixas não conseguiria ser uma metamorfose ambulante. O algoritmo não permitiria” – Edson S. Moraes, Coach executivo, consultor de estratégia e conselheiro empresarial – Folha de S. Paulo, 22-08-2021.

Vivandeiras alvoroçadas

“Nunca é demais lembrar as palavras do presidente Castello Branco em agosto de 1964: “Eu os identifico a todos. E são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do Poder Militar.” (Um ano depois dessa fala, diante do resultado da eleição de 1965, insuflados pelas vivandeiras, oficiais da Divisão Blindada queriam ir ao Maracanã, onde estavam sendo apurados os votos de papel da eleição, para sequestrar as urnas. Quem estava lá lembra.)” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 22-08-2021.

 

 

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