Historiadora itabirana lança livro sobre comunidades afrodescendentes na indústria do ferro no século XIX
Fotos: Divulgação
A historiadora Maura Silveira Gonçalves de Britto acaba de publicar sua tese de doutorado em forma de livro: Forjas e Espaços de Liberdade nas Minas do Ferro: Comunidade e Sociabilidade entre Trabalhadores Afrodescendentes e Africanos, Itabira, 1808-1888.
Doutora em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a autora teve seu estudo indicado ao Prêmio Capes 2024 pelo Programa de Pós-Graduação em História da instituição. A obra foi publicada com recursos do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP/UFOP).
A pesquisa investiga as dinâmicas sociais e econômicas entre afrodescendentes e africanos que atuaram na produção e transformação do ferro nas Minas Gerais oitocentistas, com foco na Vila de Itabira do Mato Dentro entre 1808 e 1888.
Em um período marcado pela escravidão e pelos processos de reordenamento econômico da província, o trabalho dos ferreiros emergiu como um espaço de resistência e autonomia.
O estudo analisa os diferentes arranjos laborais firmados entre escravizados, libertos e trabalhadores livres, evidenciando como a habilidade no manejo do ferro possibilitou a construção de redes de sociabilidade, laços familiares e participação em espaços comunitários, como a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.
A transmissão do conhecimento artesanal e a vivência urbana revelam um cenário onde o trabalho ultrapassava sua função produtiva e se tornava um instrumento de transformação social.

Acervo documental
Com um amplo acervo documental, incluindo listas nominais de habitantes, registros de terras públicas e inventários post mortem, a pesquisa lança luz sobre a protoindustrialização da região de Itabira à luz das perspectivas de Mendels e trabalhos revisionistas posteriores.
A obra destaca como os fabricantes e manufatores de ferro estruturaram suas atividades dentro dos limites da escravidão e da liberdade, mostrando o papel da comunidade na trajetória de emancipação desses trabalhadores.
Ao analisar trajetórias individuais, Forjas e Espaços de Liberdade revela como o conhecimento da metalurgia não apenas impulsionou a economia local, mas também viabilizou que afrodescendentes e africanos reinventassem suas formas de existência em um ambiente desafiador.
Infelizmente, essa economia diversificada em Itabira foi gradualmente desmantelada com a implantação da mineração em larga escala a partir de 1942, sem que houvesse um esforço significativo para agregar valor ao minério de ferro, exportado quase integralmente como matéria-prima bruta.
Onde adquirir
O livro já está disponível para compra no site da Literíssima Editora (acesse aqui). Aqueles que desejam adquiri-lo diretamente com a autora podem entrar em contato pelos canais oficiais.
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