Censura à obra de arte de Carlos Barroso pela ALMG gera protesto e abaixo-assinado em defesa da liberdade artística e de expressão
Foto: Ascom/ALMG
A exposição “Deslocamento”, do jornalista Carlos Barroso, poeta e artista plástico mineiro, aberta no dia 5 no saguão da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi censurada pela diretoria da Casa Legislativa por pressão de grupos conservadores, liderados pelo deputado Carlos Henrique (Republicanos). A exposição era para ficar aberta ao público até sexta-feira (23)
Pastor e integrante da mesa diretora da ALMG, antes de determinar a desmontagem da exposição, postou no Instagram a justificativa para a censura à obra de arte. Disse que a obra fere o artigo 208 do Código Penal por vilipendiar objetos de culto da religião, esquecendo-se que o Estado é laico e a Constituição Federal assegura a liberdade de expressão e artística.
Segundo o pastor, o autor é anti-Cristo. Citou como exemplo, em sua obscuridade, que a mostra apresenta “papéis higiênicos invertidos, de cabeça para baixo, com o símbolo da cruz”.
“Temos aqui a mente humana dominada com um cabresto, como se as pessoas não fossem livres para pensar. Temos aqui também uma cruz com fita métrica, um ataque ao dízimo e um ataque à Santa Ceia”.
A reação popular contra a censura à obra de arte de Carlos Barroso vem crescendo. Um abaixo assinado, já com 1.135 assinaturas, denuncia a censura e cobra da ALMG que restaure o direito de o artista expor a sua obra, cumprindo o que está previsto no edital público que a acolheu. O objetivo é chegar a 1.500 assinaturas.
*Com informações do jornal O Tempo.
Leia e assine o abaixo-assinado:
Manifesto pela liberdade de expressão e em defesa da arte e da cultura
Luciana Tonelli fez este abaixo-assinado
Hoje, dia 19 de setembro de 2022, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais interditou a mostra “Deslocamento”, do poeta e jornalista Carlos Barroso, que ficaria exposta no saguão da instituição até o próximo dia 23, sexta-feira. Este ato se deu após o questionamento, por parte de um grupo fundamentalista católico chamado Mova – Movimento de Valores pelo Brasil, de referências religiosas contidas em algumas das obras exibidas.
Um integrante deste grupo acessou o deputado Carlos Henrique, que faz parte da Mesa-Diretora da Assembleia. Este, desenvolvendo um argumento falacioso, cita o artigo 208 do Código Penal, que dispõe sobre o ato de “vilipendiar objetos de culto”, confundindo o objeto artístico, transgressor por excelência, com situações de violência – como aquela em que um pastor esmurrou, na TV, uma imagem de Nossa Senhora.
É muito estranho que apenas um parlamentar, em detrimento dos demais, tenha poder de veto sobre uma mostra que foi selecionada em edital público para ser exibida naquele espaço. Trata-se de uma atitude antidemocrática na Casa que deveria zelar pela democracia; trata-se de ato de censura à liberdade de expressão e à cultura, e mais uma manifestação da intolerância que se instalou no ambiente público em nosso país.
É preciso denunciar esses atos que corroem a convivência democrática.
Exigimos que a Assembleia Legislativa restaure o direito do artista à realização da sua mostra como prevista no edital público que o escolheu.
Pela Liberdade de expressão!
Pelo Estado laico!
Em defesa da arte e da cultura!
Ana Caetano,
Belo Horizonte, 19 de setembro de 2022
Acesse o abaixo-assinado aqui: