“Um Homem às Direitas” no diáfano sentir Mujica

 Veladimir Romano*

Sonhar com uma sociedade onde a dignidade e o civismo das pessoas sejam pormenorizar cada atitude política, juntar princípios, combater fraudes que subjugando valores tão essenciais foram conspurcando como jamais se viu no presente deixando muita da qualidade humana enterrada no lixo e, de nada servindo experiências ou como diria o histórico e mestre jesuíta António Vieira…

«Acostumados a comer peçonha, ao cabo da ânsia, acabam por sustentar-se e viver dela»: sobre ganância materialista referindo questões dos fazendeiros dominando escravos.

No entanto, com quantos enganos, todavia ainda é possível contentar ideias, arriscando combater apurados fundamentos do atraso quando fontes positivas se sustentam e nunca quebram, ações resistem, alguma história mantida na memória vibra, e gente boa trabalha corajosamente emendando aquilo que alguns praticantes da mentira resolvem estragar.

É assim que nossa atenção e admiração se solta rasgando forças atrasadas que monopolizam nossos dias e se alimentam da ignorância. Então, felizes serão aqueles apostando duro, mas concreto, e asseguram a essência dessa brava luta contra todos os caminhos negativos.

Estabelecendo metáfora com o velho e célebre filme realizado em 1923 pelo realizador inglês, David Smith (1872-1930), intitulado: Um Homem às Direitas [The Man from Brodney´s com várias reproduções], romance e suspeita, conta a história de dois homens totalmente diferentes.

Um, sendo bom, trabalhador, honesto; e um outro somente adaptado nas circunstâncias desonestas, gastador, desordenado, covarde, explícito gerador de problemas.

Verdadeiro drama social recheado de preconceitos, em formato simples. A certo modo, ilustra como alguém pode construir uma vida decente mas um outro, numa existência infeliz, enganadora, enfim, o confesso inconveniente da vida mas que acontece ao ponto de deixar o mundo do jeito que ele vai.

Não surpreende, partindo da igualitária situação do homem e do poder, analisar certos personagens, testemunhar como é bom acreditar ainda na capacidade humana de fazer coisa positiva. É o que marca esses escolhidos na vida de nós todos, trazendo inclusivamente credibilidade, admiração e nobreza aos países que representam.

É o caso do ex-presidente José Alberto Mujica Cordano [1935], governando o seu país por cinco anos e senador entre 2015-18, elevando a qualidade democrática da nação uruguaia.

Descrever o diáfano sentir do personagem não precisa muita semântica. Isso porque a memória é testemunha desde o seu passado revolucionário, ao lutar contra a repressão, ignorância, miséria, injustiça, corrupção e domínio militarista…

Descobrimos por meio das palavras outra forma merecidamente poética para homenagear um homem de virtudes e a sua personalidade humanista: aquela lição.

Descobrir no meio da multidão alguém capaz de transmitir esperança no Poder, é viver claramente o entusiasmo mítico, onde o código é a vontade de servir, mas servindo como Mujica.

Não podemos ficar indiferentes ao homem quando a sua maior ambição é ensinar à Humanidade como deve ela subir ao mais formoso pináculo [hermosa cumbre]… só nos resta dizer: “muchas gracias, Don Pepe, jamás te olvidaremos”…

Uma hermosa cumbre

Reconozco con todo mi asombro

Despierte día en cuento pasado,

Volver yo mañana

Para descobrir por una vez

Cuantos mundos habrán por ahí

Mientras escuchamos el viento

Volar sobre prados…

Outro invierno vendrá.

 

Oscuro pueblo que no tenga hombres capaces,

Brillantes estrellas

Esculpidas en almas ganadas

Con cariño del saber más humano

En continua revelación

Hasta convertirse en profeta

Después de muchos años.

 

Conocer el tiempo que pasó,

Hablan revelaciones

Por el trasfondo cuando comenzó,

Esencia notable y hecho para cambiar humanos

A emociones notables.

 

De amor hecho y gloria cierta: nuestra tribu de pueblos

Ya ganando siguió

Soberano, cuán capaz

De llamar al fuego

Lograda adoración.

 

Sonrío Don Pepe com ironia,

Gentil peregrino de la vida

Ganando su hermosa cumbre

Y golpeando lleno de coraje

Los ejércitos ignorantes,

Componentes ascéticos de limosna en limosna

Haber poseído cielo sin labor.   

 Lisboa, outubro, 2020

V.R.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.

 No destaque, o ex-presidente do Uruguai José Mujica (Foto: Internet)

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