Ode à alopatia
Marina Procópio de Oliveira*
Para bronquite, Seretide.
Pro seu nariz, Avamys.
Se é insônia, Rivotril.
Tá ansioso, tome Olcadil.
Enjôo vai bem com Plasil.
Dói a cabeça? Melhoral.
São só gases? Luftal.
Pressão infiel? Tome Aprovel.
Precisou de cirurgia? Inventaram a anestesia.
E quem diria, tem remédio até para esquizofrenia: acetato de zuclopentixol.
Mas, se desse aparente estrago resultar dor de estômago: tome esomeprazol.
No combate à inflamação: nimesulida;
só não resolve dor nas costas, pro que não inventaram saída.
Pelo menos tem Lexapro, pra você não ficar deprimida.
E para a morte, essa mofina, a escolha é sempre morfina.
*Marina Procópio de Oliveira é itabirana, mora em Belo Horizonte
- Ilustração: Darhit Rurowala
como dizia o professor e farmacólogo Elias Murad, crítico do uso indiscriminado de medicamentos e sem o devido estudo científico de seus efeitos colaterais:
– “Tomei Doril. Meu rim sumiu
Rsrsrsrs. Deve sumir mesmo!! Mas o hipocondríaco até gosta!!
Belo poema Marina poeta. A procopada é genuinamente nossa e este poema é uma procopada maravilhosa.
Marina vc é surpreendente.
Poema maravilhoso, este país é de hipocondríacos, cada esquina tem 2 farmácias. E o povo fica mais doente da cabeça.
Pois é Aguilay. Uma loucura né.Gastamos mais em farmácias do que em supermercados. Bjs.