Epamig deve retornar a Itabira para participar de conselho consultivo da fazenda experimental do Posto Agropecuário
O retorno da Empresa de Pesquisas Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que, até recentemente e por cerca de dez anos, administrou a fazenda experimental do Posto Agropecuário de Itabira, foi discutido na audiência pública realizada pela comissão de Agropecuária e Agroindústria, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nessa quinta-feira (6). A saída da Epamig da fazenda experimental foi definida em acordo com a Prefeitura, mas o contrato de rescisão ainda não foi publicado, o que torna mais fácil para a estatal assumir parte de suas funções em Itabira (leia mais aqui).
A informação é do presidente do Sindicato Rural de Itabira, Evando Lage Avelar, que participou da audiência pública, em Belo Horizonte. Para isso, adianta o empresário rural, serão criados dois conselhos, um superior, com 19 entidades, e o outro gestor, com cinco entidades.
Esses dois conselhos comporão o Centro de Referência do Agronegócio Sustentável de Itabira e Região. Por esses conselhos serão definidas e implementadas as políticas públicas para o desenvolvimento rural do município, como parte da estratégia de diversificar a economia local.
O conselho gestor será formado pelo Sindicato Rural, Prefeitura, Emater, Associação dos Produtores e Agricultores Familiar (Apaf) e representante do ensino superior. Para viabilizar a proposta, a Prefeitura irá encaminhar projeto de lei à Câmara Municipal, criando o Centro de Referência com os respectivos conselhos.
A proposta é dar continuidade às unidades demonstrativas na fazenda experimental. Essas unidades serão voltadas não só para as melhorias genéticas de gado girolando, mas também para o desenvolvimento de pesquisas na área de hortifruticultura, com ênfase principalmente na produção em pequenas propriedades rurais. “A ideia é desenvolver técnicas de cultivo adaptadas à nossa região, com ênfase também na preservação ambiental”, adianta Avelar.
Meio ambiente
No passado recente, segundo o técnico agrícola Gilmar Bretas, por meio do projeto Mãe d’Água o Saae recuperou 13 nascentes existentes no posto agropecuário. “A fazenda é uma área de preservação permanente e o seu manejo precisa observar essa condição”, ressalta.
Segundo Bretas, com a saída abrupta da Epamig voltou o risco da fazenda, que pertence à União, ser novamente invadida por gados de fazendeiros vizinhos. “Chegou a ter mais de 300 cabeças de gado pisoteando e destruindo as nascentes”, recorda.
A fazenda do Posto Agropecuário dispõe de 265 hectares de terra, sendo mais de 100 hectares ocupados por mata nativa, também de preservação permanente. Para o manejo correto dessas nascentes, a expectativa é que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) participe do consórcio que irá administrar a fazenda.
“Entre as unidades demonstrativas haverá a de produção de adubo por meio da compostagem, além de cuidados especiais para a proteção de nascentes”, adianta o presidente do sindicato Rural de Itabira, que espera contar também com a participação no consórcio da Empresa de Desenvolvimento Urbano de Itabira (Itaurb) .
“Vamos dar continuidade aos cursos do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), capacitando nossos produtores para aumentar a produtividade, com os cuidados ambientais necessários.”
Outra proposta ambiental para a fazenda é ter uma unidade demonstrativa de recuperação de pastagens com plantio de espécies nativas, que é para incentivar a reabilitação de topos de morros, conforme preconiza o Código Florestal.
“A proposta é desenvolver no município uma agropecuária sustentável como alternativa de renda e fixação do homem no campo, sempre protegendo as nascentes”, defende o presidente do Sindicato Rural.
Novo acordo
A assessoria de imprensa da Epamig confirma as negociações para o seu retorno à Itabira, mas não mais como gestora da fazenda experimental. “A proposta é firmar um novo acordo para gerir o campo experimental em Itabira, dentro de uma nova proposta de atuação”, enfatizou a estatal em nota encaminhada a este site.
“Uma das possibilidades é instalar unidades demonstrativas, como outras já criadas em parceria com universidades, poder público e entidades do setor agropecuário que recebem apoio técnico da Epamig”, enfatiza a nota da empresa.
A proposta da Epamig é desenvolver tecnologias demandadas pela região, com destaque para a produção de café, forragicultura, cana para alimentação animal, entre outras culturas.
Conforme explica a nota da assessoria de imprensa, as unidades demonstrativas trabalham com atendimento às demandas por meio de Dias de Campo, encontros técnicos, cursos e prestação de assistência técnica e extensão rural.
A nota enfatiza ainda que a Epamig irá oferecer apoio técnico, mas sem participar da administração da unidade, que ficará por conta do conselho gestor do Centro de Referência do Agronegócio Sustentável de Itabira e Região, conforme proposta apresentada pela Prefeitura de Itabira.
É o melhor dos mundos pra EPAMIG, não tem mais a responsabilidade de gerir a Fazenda ou de realizar projetos de pesquisa e extensão, mas ainda está no Conselho gestor criado para substitui-la nesta função. Vamos ver se nessa posição ela terá melhores condições de contribuir com este projeto que tem se mostrado cada dia mais importante frente à exaustão do minério da Vale daqui a 9 anos.
Essa fazenda ficou abandonada por muitos anos e depois parte dela repassada à administração da EPAMIG.
No princípio foi um bom trabalho, porém foram diminuindo as atividades quase a ponto de ficar abandonada novamente.
Ainda bem que o Sindicato Rural tomou a administração desta fazenda pública e esperamos que a mesma proporcione bons frutos aos itabiranos.
Em relação às nascentes, são várias dentro de toda a fazenda e muitas delas encontravam-se pisoteadas e/ou assoreadas, considerando que elas vertem para o córrego que abastece o ribeirão Pureza e este por sua vez a represa que abastasse de água potável boa parte da população itabirana.