André Viana, presidente do Metabase Itabira, é eleito para o conselho administrativo da Vale

Resultado saiu nessa sexta-feira (12) e os 3.485 votos obtidos em todo o país, principalmente em Minas Gerais, foram suficientes para dar a vitória aos sindicalistas André Viana Madeira, presidente do sindicato Metabase de Itabira e Lúcio Azevedo, presidente do sindicato dos Ferroviários do Maranhão, Pará e Tocantins.

O êxito da chapa 8 foi comemorado com foguetório na sede do sindicato, no bairro Pará, após o sindicalista itabirano conceder coletiva de imprensa. Para André Viana foi uma longa batalha, que os candidatos a percorrerem várias cidades do país onde a empresa mantém as suas unidades operacionais.

“Tivemos que enfrentar candidaturas de última hora, lançadas para nos tirar votos”, lamentou Viana, sem citar nomes. Entre esses candidatos, disputaram a vaga de conselheiro os seus ex-colegas de vereança Heraldo Noronha e Carlos Henrique Filho, o Carlinhos “Sacolão”.

Mesmo em tempos de pandemia, com milhares de trabalhadores em home-office, ressaltou Viana, o comparecimento às urnas foi dos maiores nos últimos anos, mesmo não sendo o voto obrigatório.

O conselho é instância consultiva e deliberativa da multinacional brasileira de mineração – e é composto, majoritariamente, por representantes dos acionistas. Do conselho participa outro itabirano, o engenheiro de minas José Luciano Penido, ex-diretor presidente da Samarco Mineração, da qual a Vale detém a metade de seu capital social.

“Nossos compromissos são com a defesa do emprego, por uma Participação nos Lucros e Resultados inovadora, pelo reembolso educacional, investimentos nas instalações e nas cidades mineradoras”, reafirmou André Viana após a vitória.

Acirramento

Foi uma disputa acirrada entre os três primeiros colocados, conta o sindicalista itabirano. A chapa 8 venceu em todas as 25 urnas instaladas nas áreas da mineradora em Minas Gerais.

E teve votos também em todas as uras dos estados do Norte, base de seu companheiro de chapa, o maquinista Lúcio Azevedo, com quem fará uma governança compartilhada, com alternância mensal e também por temas pautados, de acordo com a região. O mandato é de dois anos.

A proposta da chapa vitoriosa é atuar em três eixos, que é a defesa dos interesses dos trabalhadores e de seus familiares, além de procurar assegurar investimentos nas comunidades onde a mineradora se faz presente em todo o país.

Responsabilidade

Segundo explica André Viana, o conselho detém enormes responsabilidades e as suas atribuições impactam a vida não só dos trabalhadores da Vale, mas também dos municípios minerados em suas áreas de influência.

“É o conselho que decide os investimentos nos empregados, nas áreas operacionais e nas comunidades”, afirma. É também a instância que define as políticas e as diretrizes gerais da empresa, além de analisar os planos e projetos propostos pela Diretoria Executiva, tendo ainda a prerrogativa de avaliar os resultados.

“Queremos saber, por exemplo, quais são os planos da Vale para a continuidade de suas operações em Itabira, assim como sobre os estudos de mineração subterrânea (leia mais aqui, aqui e aqui), além de discutir a taxação tarifária sobre a água que consome”, enumera o sindicalista, que teve como lema de campanha Mineração responsável é progresso.

“Depois de Brumadinho, os investimentos nas comunidades caíram bastante, sob a justificativa de investir nas indenizações dos familiares e atingidos pelo rompimento da barragem, além da recuperação ambiental. Precisamos voltar com esses investimentos nas outras comunidades. Recursos financeiros para isso a empresa tem de sobra”, sustenta André Viana

Conquista na privatização

A representação dos trabalhadores da Vale no conselho é uma conquista da categoria no processo de privatização, ocorrido em 6 de maio de 1997, pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Vendida pela bagatela de R$ 3,3 bilhões, em outubro de 2019, o seu valor de mercado já supera a casa de R$ 319 bilhões.

A aquisição, na ocasião da privatização, foi feita pelo consórcio Brasil, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional, de Benjamin Steinbruch. A partir daí, passou a ser controlada por fundos de pensão, como Previ, bancos públicos e privados, tendo à frente o Bradesco e investidores estrangeiros.

Mas desde novembro do ano passado a Vale passou a ser uma “empresa sem dono”, após a extinção do bloco controlador – e com a pulverização das ações do governo, via BNDES, também vendidas por uma bagatela no mercado acionário no ano passado.

No entendimento do mercado, a transformação da mineradora em uma “empresa sem dono” representa uma evolução da governança, uma vez que se torna mais independente e sem tantos assentos “carimbados”.

Na prática, isso significa menos “ingerência” do governo nas decisões da mineradora. Porém, se isso a torna mais ágil aos olhos do mercado, por outro lado, o trabalhador perde poder e deixa de ter a “proteção” do Estado no embate entre capital e trabalho.

Daí que a representação dos trabalhadores no conselho de Administração da empresa ganha maior relevância, como acentua André Viana.

 

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