Zé Cruz, marceneiro e luthier itabirano, canta e “arranha” a viola no Prosa Musical
O professor e músico Júlio “Mengueles” Batista Mattos entrevistou, para o seu programa Prosa Musical, o marceneiro e luthier (fabricante de violões e violas) itabirano, José Martins Cruz, o Zé Cruz, 94 anos.
No programa as violas que fabrica, com destaque para uma confeccionada em bambu, um trabalho artesanal de muito esmero e valor artístico. “Foi o Picó, de Santa Maria, quem me deu essa madeira. É bambu”, revela.
“Olha que viola bonita, feita de bambu, toda emendada. De serviço, é a melhor coisa que tem na vida é fabricar viola”, diz o luthier, que fez fama também confeccionado móveis coloniais em madeira de lei, muito antes de aparecerem os pré-fabricados.
“Aqui em casa tudo é reaproveitado”, disse o luthier, ao mostrar a caixa de leite vazia que ele utiliza para separar os instrumentos musicais dispostos em uma prateleira, enquanto aguardam compradores e ou que o dono venha buscar a viola que foi por ele consertada.
“Ninguém me ensinou, eu aprendi sozinho”, contou quando perguntado como aprendeu a fabricar e “arranhar” a viola. “E quem já sabe tocar violão, quando quer aprender, eu ensino. E ele já sai tocando viola”, diz o mestre violeiro.
“Eu descobri o segredo da viola, que são os traços da escala”, conta Zé Cruz, que canta os versos de Tristeza do Jeca, clássico caipira de Angelino de Oliveira:
“Nesses versos tão singelos, minha bela meu amor. Pra você quero contar. O Meu sofrer e a minha dor. Sou igual a um sabiá, que quando canta é só tristeza, desde o galho onde ele esta. Nessa viola eu canto e gemo de verdade”
A seguir ele emenda com outro verso do compositor santa-mariense José Duduca de Moraes, o De Moraes, autor de Oh, Minas Gerais, gravada em 1942. “Adeus porteira velha, porteira do canto triste”, relembra o artesão itabirano.
Até aos 90 anos, Zé Cruz fabricava os seus instrumentos musicais, acompanhado no ofício pelo filho e também luthier Luiz Cássio Martins. “Hoje eu parei. Só canto e conto histórias”, diz o marceneiro, que é também um grande memorialista itabirano.
Assista ao vídeo-entrevista no Prosa Musical aqui. E leia mais aqui.
O Ze Cruz, é um bom exemplo de cidadão. Tenho o privilégio de ser amiga do coroa vigoroso, em Itabira tem Ze Cruz e o médico Colombo a nos dar o bom exemplo de caminhar pro encantamento com vida, com prazer pela vida. Viva o coroa, meu amigo querido!
Zé Cruz é um excelente pessoa , dono de um conhecimento extraordinário, contribui com um depoimento pra compor um documento ” Itabira, cidade Mineradora ” alando que estará no YouTube em breve, falo das fábricas têxteis de Itabira, das plantações de algodão, mostrou um cobertor feito com lam de Carneiro. Fino!
Que matéria linda de ler , cantar, viver! 🌻
Muito bom ver o Sr. Zé Cruz falando de Violão , música e ainda cantando… Que beleza !