Vendaval com chuva intensa provoca transbordamentos, alagamentos e deixa famílias desalojadas em Itabira

Fotos: Reprodução/Rede Social/
Ascom/PMI

Ventos fortes e mais de 108 mm de chuva fizeram o córrego da Penha transbordar em vários trechos até o bairro Praia, e também o rio de Peixe. Causaram quedas de árvores, deslizamentos e afetaram o abastecimento de água na cidade. No meio rural, os estragos também foram expressivos

Itabira viveu uma noite de grande tensão nesse domingo (14), ao anoitecer, quando um vendaval acompanhado de chuva extremamente intensa atingiu o município em poucos minutos.

O volume de precipitação ultrapassou 108 milímetros, um acumulado excepcional para tão curto intervalo de tempo, suficiente para provocar alagamentos, transbordamentos e diversos estragos.

Os ventos fortes, compatíveis com a classificação de vendaval pela intensidade dos danos registrados, agravaram ainda mais a situação, arrancando árvores, destelhando casas e espalhando destroços por diferentes regiões da cidade.

Entre os pontos mais críticos esteve o córrego da Penha, que transbordou em vários trechos ao longo de sua canalização até o bairro Praia.

O transbordamento provocou alagamentos rápidos. Atingiu vias e áreas residenciais, impulsionado pela força da enxurrada e pela velocidade com que a água chegou ao canal. O rio de Peixe também transbordou em vários trechos na região do bairro Gabiroba.

Pedreira é novamente o bairro mais atingido
O bairro Pedreira, segundo a Defesa Civil, foi a região mais afetada pelas chuvas acompanhadas de ventos fortes que atingiram Itabira ao anoitecer desse domingo

A Prefeitura informa, em comunicado à imprensa, que o bairro Pedreira foi novamente o mais afetado. Na sexta-feira (12), o bairro já havia enfrentado outro episódio grave, com mais de 113 milímetros de chuva e ventos fortes que destelharam mais de 15 casas.

Com o solo encharcado e a repetição de um evento extremo em tão curto intervalo, os danos se intensificaram com novas ocorrências de deslizamentos, quedas de árvores e alagamentos.

Na região do rio de Peixe, uma drenagem em pilha de estéril da mineradora Vale também se rompeu, provocando alagamento na rodovia naquele trecho.

Até o momento, não há qualquer manifestação pública da empresa sobre a ocorrência, suas causas ou a extensão dos danos.

Famílias desalojadas e atuação da Defesa Civil
O rio de Peixe também transbordou no canal da Gabiroba, provocando transtornos aos moradores da região

Segundo a Defesa Civil do município, via assessoria de imprensa da Prefeitura, ao menos cinco famílias estão desalojadas. Elas foram encaminhadas para casas de parentes ou amigos e estão sendo acompanhadas pela Assistência Social.

A Defesa Civil e outras áreas da administração municipal atuam desde os primeiros momentos, monitorando encostas, liberando vias e prestando atendimento às famílias atingidas.

O prefeito Marco Antônio Lage assegura que, embora o poder público não tenha controle sobre o volume e a intensidade das chuvas, todas as equipes estão mobilizadas para restabelecer a normalidade na cidade ao longo desta segunda-feira (15).

Defesa Civil do município registra ao menos cinco famílias desalojadas pelo forte temporal
Chuvas intensas afetam abastecimento de água e paralisam a ETA Gatos

O vendaval também comprometeu o sistema de abastecimento de água na cidade. O Saae informa que a Estação de Tratamento de Água (ETA) Gatos teve seu funcionamento temporariamente suspenso devido a dificuldades no bombeamento.

Como o sistema de abastecimento de Itabira é interligado, diversos bairros podem enfrentar interrupções ao longo desta segunda-feira (15).

A autarquia informa que equipes estão mobilizadas, realizando manobras operacionais para minimizar os impactos, mas ainda não há previsão para o retorno do funcionamento da estação.

Eventos extremos e mudanças climáticas

Embora não seja possível afirmar que um evento específico tenha sido causado diretamente pelas mudanças climáticas, a ciência aponta que vendavais acompanhados de chuvas muito intensas e concentradas, como o registrado em Itabira, estão se tornando mais frequentes e severos em um planeta mais quente.

Uma atmosfera aquecida retém maior quantidade de vapor d’água, o que favorece a formação de tempestades violentas. Esse padrão, com a combinação de calor intenso seguido de chuva extrema e ventos destrutivos, tem se repetido em várias regiões do Brasil e corresponde exatamente ao cenário previsto pelos climatologistas.

“Tempestade imperfeita”

Em Itabira, os impactos desses eventos são agravados por características urbanas e geográficas. A impermeabilização crescente do solo, com ruas e avenidas asfaltadas substituindo antigos calçamentos mais permeáveis, reduz a capacidade de infiltração da água e acelera o escoamento superficial, além de aumentar o calor.

Além disso, a canalização de cursos d’água, muitos deles com trechos assoreados e carregados de entulho descartado irregularmente por parte da população, somada a bocas de lobo obstruídas, compromete a drenagem e intensifica os alagamentos.

A combinação entre relevo acidentado, canais assoreados, drenagem insuficiente, ocupação desordenada e eventos climáticos cada vez mais extremos forma uma verdadeira “tempestade perfeita” para a ocorrência de desastres, ampliando significativamente o risco para a população e tornando os danos recorrentes e mais graves.

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *