Varíola dos macacos ainda não chegou a Itabira, mas profissionais de saúde já estão sendo treinados para atender pacientes

Foto: Reprodução/OMS

Doença endêmica no continente Africano, a Monkeypox, também conhecida como varíola dos macacos, por ter sido identificada, em 1958, primeiro em primatas que viviam em cativeiro na Dinamarca, pertence ao gênero Orthopoxivirus, o mesmo da Varíola humana, que foi considerada erradicada desde a década de 1980 – e era mais letal que essa nova variante que se espalha pelo mundo.

Com a sua rápida disseminação, a Monkeypox foi declarada como uma Emergência Global pela Organização Mundial de Saúde, classificada como sendo de preocupação mundial.

Embora já se tenha uma vítima fatal no Brasil, com morte em Belo Horizonte, em 28 de junho, de um homem de 41 anos, com baixa imunidade e comorbidades, incluindo um câncer (linfoma), e com mais de 1,2 mil casos da doença já tendo sido registrados no país, a disseminação do vírus exige cuidados, mas não chega a ser preocupante como foi a pandemia com a Covid-19.

Isso por já existir vacinas e remédios para o tratamento e por ser menos transmissível, diferentemente do que ocorreu com a proliferação do vírus Sars-CoV2 no início da pandemia, que ainda não acabou, mas que passou a ser controlada com as vacinas. Em Itabira não há caso confirmado de pacientes com a varíola dos macacos.

Profissionais de saúde participam de palestra sobre a varíola dos macacos para o tratamento e cuidados necessários (Foto: Ascom/PMI)

Contágio

Diferentemente do que foi inicialmente divulgado, o Monkeypox não é uma doença sexualmente transmissível, embora estudo publicado na New England Journal of Medicine informe que 95% dos casos estudados da varíola dos macacos foram transmitidos durante relações sexuais.

Mas o vírus pode ser transmissível pelo simples contato direto com lesões ou saliva de pessoas infectadas, e não apenas pela relação sexual, que pelo contato da pele e saliva dos beijos, acaba sendo um meio propício à transmissão.

Andréa Cabral, infectologista: transmissibilidade da doença é moderada, mas é preciso ter cuidados (Foto: Ascom/PMI)

“A Monkeypox pode atingir qualquer pessoa e os sintomas são similares ao da varíola. Incluem lesões na pele e febre, que em casos mais severos podem durar entre duas e quatro semanas”, explicou a médica infectologista Andréa Maria de Assis Cabral, do hospital municipal Carlos Chagas, em palestra realizada nessa quinta-feira (11) para profissionais de saúde de Itabira, no teatro do Centro Cultural.

Segundo ela, a doença tem transmissibilidade moderada, mas é preciso ter cuidados, com medidas protetivas. Além da transmissão pelo contato com a pele, o contágio pode ocorrer pelas roupas e lençois contaminados, como ainda por partículas da respiração. “O período de incubação do vírus é geralmente de 6 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias”, acentuou a médica infectologista.

A preocupação moderada com a doença é justificável por já existir vacinas e formas cientificamente comprovadas de tratamento. “A vacina contra a varíola, existente desde a década de 1970, é também eficaz para a Monkeypox”, tranquilizou.

No entanto, a médica infectologista ressaltou que pessoas com 50 anos ou menos podem ser mais suscetíveis à doença, uma vez que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas em todo o mundo quando a varíola, em sua forma até então conhecida, foi considerada erradicada em 1980.

“Novas vacinas e testes estão sendo desenvolvidos em todo o mundo, dentre as quais uma delas já foi aprovada para Monkeypox pela OMS (Organização Mundial de Saúde0”, disse ela, lembrando que esse imunizante ainda não chegou ao Brasil.

Cuidados

A enfermeira Vanessa Maia explicou as medidas preventivas para não contrair a doença (Foto: Ascom/PMI)

Portanto, para quem se encontra na faixa etária abaixo de 40 anos, os cuidados protetivos contra a varíola dos macacos devem ser redobrados.

Entre esses cuidados, no caso de haver alguém com suspeita da doença, incluem o uso de máscaras, não só pelo paciente, mas também pelas pessoas de seu convívio, além da assepsia das mãos com álcool.

Para os profissionais da saúde em contato com paciente com a doença, ou mesmo com suspeita, a recomendação inclui também o uso de luvas e avental para se fazer o correto manuseio do material descartável de coleta dos exames que são encaminhados ao laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), para análise e diagnóstico.

Ao surgirem os sintomas da doença (febre alta, mialgia, fadiga, dor de cabeça, cansaço, dor nas costas e aumento dos glânglios linfáticos) é preciso que se procure atendimento no PSFs mais próximo da residência.

“É necessário que se faça também o isolametno da pessoa com sintomas suspeitos, bem como a coleta dos exames necessários à verificação de positividade ou não dos casos”, recomendou a enfermeira Vanessa Cristina Maimone  Maia, servidora  da saúde municipal com atuação na área de Vigilância Epidemiológica.

 

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