Uma Europa alimentando seus pântanos 

Tropas russas próximas à fronteira com a Ucrânia (Foto: Reuters)

Veladimir Romano*

A desumana crise instalada nas fronteiras da Bielorrússia com diferentes nações-membros da União Europeia, a mais exigente situação e melindrosa entre a Polônia onde ameaças de sério conflito estão evidentes.

A causa, aquela mais flagrante, fixou a nua questão para se ver como deveria ser a maior resolução de todas. Isso caso tanta discussão entre ameaças e arrogâncias, tomasse lugar algum bom senso, já que de humanismo e responsabilidade política têm havido muito pouco.

Faz tempo que o Parlamento Europeu ameaça, para depois se fazer de vítima, parecendo um desafio do puxa-puxa a ver por onde, um dia, a estreita corda rebentará e alguma razão cínica ocupe lugar abrindo portas a uma verdadeira perturbação de origem bélica.

Ao que parece, predominam as forças dessa habitual trama do eu quero mesmo é guerra… São vontades pouco disfarçadas onde a Europa gosta de criar seus pântanos, tudo pela causa teimosa de alguns quantos julgarem que a vida é feita de ordens únicas pendentes apenas a um lado. Com isso, caprichos e jogadas de bastidores vão seguindo enchendo as valas comuns com destruições e criação de ódios continuados.

Num instante que deveria ser de preocupações mútuas, consciência política, reserva e emergência humanitária, de se colocar fasquias de entendimento moral acima de tudo, vê-se qual lamentável acolhimento aos migrantes fugindo a quantos horrores vendo familiares mortos, suas localidades destruídas.

É assim que chegam para morrer nas fronteiras, congelados pelo frio de um outono virando rápido inverno. Mas ainda é pior é a frieza do péssimo sentido desumano de covardes com suas lutas conflituosas do empurra para lá, ora empurra para cá. Maré de erros capitalizando inimizade, mais ódios e falho senso.

Armando políticas reacionárias e absolutistas contra nações personificadas pela enorme resistência, experiência e cultura psicológica quer preparação ideológica de base, senhores arrogantes da dita Europa “livre”, rica, abastada.

Mas que precisa e muito do gás, petróleo, diamantes, ouro e das exportações na ordem de bilhões de euros para países do Leste europeu fora do Mercado. Mais tarde o forte arrependimento se fará dívida e não crédito.

Sobrevivem tentações de um certo capitalismo de olho gordo nas riquezas deste Leste europeu pouco submisso aos caprichos da molde empresarial gulosa, selvaticamente manipuladora, privilegiada.

Tubarões insaciáveis dominadores querem a qualquer custo as finanças alheias.

Programadores de várias tipologias do acolhimento favorável aos atos da fervorosa corrupção vem mantendo na sombra grupos do crime organizado.

É assim que se vê a comunidade dirigente entalada na secura das suas gargantas quando não podem deitar no joelho quebrando a coluna dorsal de países como a Rússia, Bielorrússia e a todos quantos se seguem mais a dentro, pelo tanto igualmente caminho das chantagens organizadas pela OTAN/NATO.

Consomem bilhões de euros ou dólares, quando esse dinheiro ficaria muito melhor empregado – e como se vai testemunhando – nos sistemas de saúde, especialmente na condição sanitária.

O palpitante sentido belicista como caminho alguma vez escolhido pelas forças políticas e militares da União Europeia, não valida novos heróis. Apenas deixando cair a velha e consumida máscara do Humanismo, Liberdade, Democracia, Valores, Direitos Humanos ou antes uma quebrada moralidade dissolvendo gostos muito cinzentos em queda livre.

O que assistimos é uma Europa se equivocando na sua própria condição musculada, sem enganar ninguém. Por isso, mediante ameaças concretas, a Rússia mandou colocar quase cem mil soldados na fronteira com a Ucrânia. E agora José? É o que perguntaria o poeta itabirano diante de tudo isso.

Com seres humanos, crianças, mulheres inclusive grávidas, pessoas dentro da meia-idade, entre muitas outras limitações, forçados a migrar e em fuga de vários países atingidos por guerras, colocam fasquias de ordem moral acima do normal.

É assim que sustentam desafios políticos aos quais os responsáveis desde Bruxelas, Estrasburgo e capitais restantes de cada membro não têm leviana culpa pela destruição do que se vê no Iraque, Líbia, Afeganistão…

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.

 

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