Um Qatar de euros e dólares

Canteiro de obras de estádio em Lusail, Qatar

Foto:KaiPfaffenbach/Reuters

Veladimir Romano*

Fechou o grande palco do Mundial onde argentinos foram mais felizes com torcidas festejando cada uma ao seu jeito. Contudo, sem preocupações morais, nenhuma homenagem foi feita aos quantos operários, vítimas mortais, qual memória respeitável sobre tantos acidentes infortunados contrariando a verdade e realismo da obrigação de quem organizou tanta festa e se esqueceu da imprevista desgraça.

Qatar, lugar de sonho para alguns, também localidade procurando conquistar fama, já criou a sua torcida de fantasistas seguindo unicamente pisadas e aromas onde dólares e euros confundem até as qualidades maiores do ser humano.

A droga é aparentemente leve, serena, mas depois vira fera e agressiva. Certamente o peso do dinheiro falará sempre mais alto ou será quando a consciência se perde no meio de tanta facilidade e quantidade.

É o caso recente mas repetido em outras alturas, do crime sem paralelo mas que cada vez mais está sendo moda e, naturalmente, ciclo obsessivo fazendo das forças, fraquezas e do lugar que se ocupa, a boa oportunidade de sair carregando malas repletas de dinheiro mesmo no instante da alma virar lixo-humano trocando sua essência.

O vespertino “Le Soir” [A Tarde], de origem franco-belga, denunciou novos casos de corrupção saídos do Parlamento Europeu. Nada mais nem menos do que a vice-presidente, a grega Eva Kaili (1978-), depois de uma breve passagem pelo jornalismo, se bancou como jovem deputada do PASOK [Partido Socialista Operário Grego], ganhando seu lugar em Bruxelas, logo conquistou simpatia, subindo no palanque, ganhou outro lugar destacado na Comissão.

Não são poucos os deputados parlamentares europeus denunciados pela imprensa, caçados pela Europol, barril de pólvora ainda e nem será desta vez que ficará vazio quando mais escândalos estão sendo anunciados com gigantesca onda de corrupção furando o teto de ambos parlamentos quer em Bruxelas ou Estrasburgo.

Para todos esses, haverá um Qatar de euros e dólares descontrolando a imagem, transparência. Mas pior está sendo quais níveis de moralidade poderão vozes mais conscientes da política e liderança da União Europeia, venham exigir dos outros…?

Fica revelado a cada instante uma absoluta desconfiança, desprazer aos contribuintes, de todo, eleitores que nas próximas eleições farão as malas também ao Qatar e ali possivelmente irão encher suas malas ou fabricar uma abstenção absurda.

Francesco Giorgi (1987-), marido da deputada grega, ele conselheiro e fundador da ONG Fight Impunity [Combater Impunidade], fã da boa vida, enquanto pôde, aproveitou ao máximo fazendo vida de alto luxo, viajando, acumulando fortuna sem grande trabalho, mas aplicando a inteligência do malandro-sábio.

O problema entretanto já ultrapassou a esfera política, comendo igualmente por tabela sindicalistas da ITUC [Confederação Sindical Internacional].

É para que ninguém fique lamentando, mais descobertas como denúncias, que vão chegando, pois, muita nota preta ainda está escondida, e espera ser revelada nos próximos episódios desta Europa batendo no fundo do poço.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.     

 

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