Um brinde à amizade e à arte de Genin

Por Graça Lima*

Danja,

Receber de presente, por seu intermédio, com dedicatória do autor e tudo, o Solo – Álbum das glórias Musicais foi como lançar um facho de luz em tempo de névoas e sombras.

Insisto, qual “mariposa quando chega o frio, dando volta em volta da lâmpida pra se esquentar” (metáfora de Adoniran Barbosa na deliciosa música As mariposas) em fruir esse objeto multicultural sem encontrar o momento de me convencer: pronto, acabei de ler.  Fecho o livro.

“Nas Glórias de Genin, todos os códigos são unos e ao mesmo tempo diversos.” (Graça Lima)

Essa obra não se presta à leitura linear, à mera decodificação, à simples tradução dos significantes.  Haja teorias literárias, linguísticas, discursivas e outras quaisquer que tomam a Arte como tema   para tocar ao menos as franjas de tantas Glórias. Todos os sentidos se mostram frágeis, finitos e insuficientes no exercício de interação com mais essa criatura de Genin.

Genin já carrega no nome, etimologicamente, a ideia do ‘belo’, do ‘bom’, ‘do grande’ enfim, do ‘gênio’ (o afetivo ‘in’ aí instalado, não diz respeito, claro, ao sufixo gramatical ‘inho’, ao qual, geralmente, é atribuído o valor semântico de ‘menor’, pequeno, reduzido’). Genin é grande porque é um gênio.

Esse (Eu)gênio de Itabira, ao lado do poeta também itabirano, considerado Maior, tem a trajetória de artista agora marcada por uma síntese sublime de criação (com licença parnasiana), uma obra em que o entrelugar das linguagens se manifesta em toda a extensão. E derruba de vez as velhas crenças que limitam os processos de criação a territórios específicos fechados em si mesmos.

Nas Glórias de Genin, todos os códigos são unos e ao mesmo tempo diversos. Nelas, permeia uma diversidade de linguagens em que desenho, cerâmica, fotografia, música e palavra se encontram e se dissolvem num todo de difícil tradução.

Nesse circuito, há de se reconhecer a substantiva contribuição dos “co-autores”, lúcidos e afinados com o projeto criativo de Genin. Esses ultrapassaram o “solo” pantanoso e pouco sedutor das biografias e construíram novas abordagens da vida e obra da Glória que lhes coube. Pura e fina consagração.

Sou grata a todos os que ajudaram a ressignificar “o silêncio mineiro da alma desenhista de Genin”, metáfora tomada de empréstimo a Cau Gomez, nas páginas iniciais das Glórias.

Obrigada, Danja, por mais um brinde à nossa amizade. Obrigadíssima, Genin, por mais essa.

*Graça Lima é professora de Português e Literatura, diretamente do Mato Dentro.

No destaque, o autor Genin no lançamento do livro Solo – Álbum das glórias Musicais, por meio de uma live em 30 de outubro de 2020, com apresentação da jornalista Malluh Praxedes. (Fotos: Carolina Machado)

Para saber mais, acesse:

https://www.facebook.com/geninguerra2021/?ref=settings

https://youtu.be/GEg8jkHuyDU

 

 

 

 

 

 

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1 Comentário

  1. Que maravilha! Eu me considero uma privilegiada. Ganhei nesta vida a oportunidade de conviver bem de perto com essa família cheia de talentos . Escrever sobre Jackson do Pandeiro , eternizando minha paixão por ele e este instrumento gigante , foi também uma experiência incrível!
    Desde que conheci a obra de Genin me encantei e logo imaginei fazer um show , escolher alguns dos compositores e com o Pandeiro Mineiro fizemos então essa parceria . E viva os encontros !! Eu só agradeço! 🙌🏼
    Danuza Menezes

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