Turismo de aventura, histórico e cultural é a grande aposta de Ipoema
Carlos Cruz*
Para se tornar efetivamente a capital mineira do Tropeirismo, distrito de Itabira não pode ficar só com título oficial publicado no Minas Gerais. É preciso fazer muito mais
Situado na porção sul da Serra do Espinhaço, a 90 quilômetros da capital mineira e a 42 quilômetros de Itabira, o distrito de Ipoema aguarda com grande expectativa a duplicação da BR-381 – e também pelas ações governamentais de incremento ao turismo na Estrada Real. Com isso, espera-se tornar efetivamente a Capital Mineira do Tropeirismo, título que lhe foi concedido pelo governo mineiro por meio da lei 20.709, de 10 de junho de 2013.
Importante entreposto comercial na rota da Estrada Real, Ipoema começou a despertar sua vocação para o turismo com a implantação do Museu do Tropeiro, em abril de 2003. Desde então, o distrito que até então vivia da pecuária extensiva, passou a vislumbrar no turismo um forte fator de desenvolvimento e diversificação de sua economia.
Por meio de boas iniciativas, hoje atrai turistas vindos de todo o país, principalmente da capital mineira e região. Além do Museu do Tropeiro, que dispõe de cerca de 500 objetos da cultura tropeira, Ipoema conta também com o turismo religioso no Morro Redondo, assim como dezenas de outros atrativos de sua beleza natural.
Destaque também para o crescente turismo de aventura, principalmente no entorno da Cachoeira Alta (Macuco). Outro forte atrativo é o Parque Estadual Mata do Limoeiro.
No calendário cultural de Ipoema, o museu promove a tradicional Roda de Viola, evento cultural mensal que acontece nos sábados de lua cheia. Além do ponteio da viola caipira, outras atrações que se apresentam são os Estaladores de Chicote e o coral das Lavadeiras, entre várias outras atrações da cultura e do folclore.
Com tudo isso, o presidente da Comissão Municipal de Política Cultural (CMPC), de Itabira, Marcelino de Castro, aposta no potencial na zona rural de Itabira, indo muito além do que já existe.
Ele acredita ser possível potencializar o que já vem sendo feito, mas também incrementando novos arranjos produtivos e culturais para que gerem mais renda e oportunidade de empregos para os moradores. E, ainda, oferecer mais conforto para o turista que para lá se dirige cada dia em maior número.
Trilhas do Mato Dentro
Outra vertente que Marcelino considera importante, e que já vem sendo desenvolvida tanto no distrito de Ipoema como também em Senhora do Carmo, é o turismo de aventura. “A exemplo do que já fizeram as cidades de Catas Altas e Caeté que criaram roteiro entre as serras do Caraça e da Piedade, podemos firmar convênios com cidades da Estrada Real para promover em conjunto outros circuitos”, propõe.
Para incrementar parcerias e desenvolver ações de incremento ao turismo na região, o presidente da comissão de cultura de Itabira pretende promover debates por meio de reuniões e seminários nos dois distritos de Itabira. “Podemos, em conjunto, definir rotas para o turismo de aventura e um calendário cultural”, sinaliza.
Na prática, o turismo de aventura já vem ocorrendo naturalmente, com diversas trilhas sendo desbravadas na região, como as do Morro Redondo, passando pelo Campo das Garças até o povoado de Serra dos Alves, no distrito de Senhora do Carmo.
Outra trilha é a que liga a Serra dos Alves ao povoado de Santana do Rio Preto, mais conhecido como Cabeça de Boi, no município de Itambé, passando pelo entorno da Mata Grande.
Incremento real
“Estivemos recentemente em Belo Horizonte conversando sobre o incremento de Ipoema como capital do tropeirismo com o governador Fernando Pimentel”, conta Marcelino. Segundo ele, o governador de Minas Gerais se mostrou interessado, comprometendo-se com o desenvolvimento de ações no distrito para incrementar ainda mais os seus atrativos, assim como preparar melhor os empreendedores e a mão de obra local para que tirem melhor proveito da cadeia produtiva que já vem sendo desenvolvida.
“Temos um sistema municipal de cultura que possibilita firmar uma série de convênios de cooperação. Queremos ter uma maior participação dos órgãos estaduais em Ipoema, e também em Senhora do Carmo, para que promovam ações com os moradores e empreendedores de fomento do turismo cultural, histórico e de aventura”, enfatiza o presidente do CMPC.
Entre esses órgãos ele inclui o Sebrae-MG, a Epamig e o IEF, assim como a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Inovação e Turismo. São parcerias que podem ser firmadas em prol de ações e programas, inclusivos e participativos, para o incremento de um turismo sustentável na zona rural de Itabira.
“O Sebrae já sinalizou que será definida uma nova política para o desenvolvimento do turismo no circuito da Estrada Real”, conta Marcelino de Castro, para quem Ipoema e Senhora do Carmo não podem ficar de fora desse debate e das ações que serão implementadas.
“Não devemos ficar só nas ações pontuais, mas devemos também firmar termos de cooperação técnica com órgãos governamentais e assim obter recursos e assistência técnica para uma política de longo prazo. Dessa forma, desenvolveremos o turismo sustentável na zona rural de Itabira”, propõe.
Infraestrutura
Como se observa, são muitos e diversificados os atrativos existentes na zona rural de Itabira, o que facilita o desenvolvimento dessa porção matodentrense da Estrada Real. A paisagem natural é deslumbrante – e nesse quesito em nada perde para o circuito da Serra do Cipó.
Só é menos conhecida. E não dispõe ainda da mesma infraestrutura, o que, na prática, é uma vantagem, por apresentar inúmeras oportunidades para empreendedores – e também para quem curte um turismo mais rústico.
Ainda com a “indústria” do turismo incipiente, abrem-se variadas oportunidades de investimentos na região. É o que se observa com a instalação de novas pousadas e restaurantes, mesmo com a crise que persiste no país.
Só Ipoema conta com pousadas que juntas disponibilizam cerca de 600 leitos. Mas pode ofertar muito além do que já existe, já que mais gente de todo o país descobre as belezas naturais dessa porção da também chamada Cordilheira do Espinhaço, nesse bonito trecho do Mato Dentro.
Falta maior cuidado da secretaria municipal de turismo em não declarar o empadão de macarrão como prato típico da Capital do Tropeirismo.
Para não fugir desse tema, apresentamos várias opções mais condignas, a saber:
-o próprio feijão de tropeiro;
-o fubá suado; e, como não pode faltar,
-o saboroso TUTU.
Ipoema tem o céu azul, uma coroa e um diadema…..
Ipoema – ema que canta?