Tragédia em Itabira foi anunciada e negligenciada pela falta de isolamento social e também de leitos com o agravamento da pandemia
É sabido que só aumentar o número de leitos em enfermarias e nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) não é o bastante e o mais importante para salvar vidas – e sim o isolamento social, o uso permanente de máscara, a higienização das mãos, que são meios adequados e cientificamente comprovados para reduzir a velocidade da transmissão do vírus.
Como essas medidas têm sido negligenciadas pela população, como também por algumas lideranças políticas, entre elas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o resultado é a tragédia anunciada e negligenciada, inclusive, e sobretudo, pelo Ministério da Saúde.
Mas essa triste realidade é o que também se observa em Itabira que, até o ano passado, antes das eleições, parecia viver em uma bolha. Na verdade essa aparente tranquilidade não passava disso: uma ilusão.
Entretanto, mesmo com os indicadores apontando para o agravamento da crise, em 11 de dezembro do ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde rescindiu um termo aditivo com a Fundação São Francisco Xavier, que administra o hospital municipal Carlos Chagas – e fechou 48 leitos exclusivos para pacientes com Covid-19. Desses, 10 foram de UTI e 38 de enfermagem.
Na ocasião, segundo informou a ex-secretária Rosana Linhares, a desmobilização desses leitos específicos para Covid-19 foi baseada na estratégia de imunização prevista para o primeiro semestre deste ano. “Isso (a imunização) vai reduzir as internações”, disse ela, que por isso considerou ser desnecessária a manutenção desses leitos exclusivos.
A desmobilização incluiu a dispensa e ou relocação de profissionais de saúde. E aconteceu mesmo com a Prefeitura tendo sido advertida para o agravamento da crise, com base nos indicadores do inquérito epidemiológico da Covid-19, realizado por equipe da Unifei, numa amostra com 9.887 pessoas.
É que a taxa de transmissão (RT), já naquela ocasião, após a campanha eleitoral, agravando-se ainda mais com o feriado de fim de ano, oscilava entre 0.71 e 1.49. Nesse patamar elevado, a RT indicava que uma pessoa infectada, e sem isolamento domiciliar, no prazo de uma semana, poderia infectar outras quase cinco pessoas.
Antes disso, em 26 de setembro, antes portanto da desativação desses leitos, o boletim epidemiológico registrava 2.372 pessoas já contaminadas em Itabira, além de 2,3 mil casos suspeitos. E o número de óbitos era de 15. Era o que parecia indicar que a cidade vivia em um bolha.
Porém, nessa mesma ocasião, em entrevista a este site, a médica infectologista Andréa Cabral projetou que o número de infectados em Itabira, até o fim do ano, ultrapassaria o patamar de 10 mil pessoas, o que de fato aconteceu. Leia aqui.
Nesta terça-feira (23), o portal Itabira no monitoramento da Covid-19 registra 11.661 pessoas infectadas, além de 7.810 casos suspeitos. A taxa de transmissão continua elevada, já tendo batido no teto de 1.59, enquanto a taxa de isolamento permanece em 38%, mesmo com a onda roxa pelo programa Minas Consciente.
Ou seja, o quadro epidemiológico no município tende a agravar ainda mais. E o aumento do número de mortos será inevitável, acentuando ainda mais a tragédia anunciada.
De tudo isso, acrescente-se o baixo número de idosos vacinados. O resultado inevitável é o aumento crescente do número de óbitos. E o mais grave, com grande parte sem ter tido a chance, mínima que fosse, de sobrevivência com tratamento intensivo nas UTIs dos hospitais, que estão, desde 7 de março, com 100% de leitos ocupados.
Sem vagas para o atendimento intensivo, essa tragédia anunciada se traduz em números que colocam Itabira no mesmo patamar dos municípios mais afetados pelo colapso no atendimento do sistema de saúde.
De acordo com o boletim epidemiológico dessa segunda-feira (23), já são 135 óbitos em Itabira, enquanto 26 pacientes seguem hospitalizados em UTIs nos dois hospitais, 55 em enfermarias e outros dez itabiranos estão hospitalizados em outras cidades.
Entre sexta-feira (19) e segunda-feira (22), ocorreram 12 óbitos em Itabira, sendo que dez dessas vítimas fatais pela Covid-19 estavam internadas no Pronto-Socorro Municipal, enquanto aguardavam vagas para tratamento intensivo. Ou seja, com o colapso do atendimento nos hospitais, não tiveram chance de sobrevivência com ajuda de aparelhos e tratamento intensivo.
As vagas nas UTIs só estão surgindo na medida em que as pessoas vão morrendo, uma trágica realidade que muitos acharam, por ingenuidade ou negligência, que não aconteceria em Itabira.
Estatísticas
É fato que o atendimento intensivo nem sempre salva vidas de quem teve a saúde agravada pela Covid-19. Mas por menor que seja esse percentual, a falta de leitos tem agravado a situação em todo o país, não só em Itabira.
Pelas frias estatísticas traduzidas em percentuais, 14% das pessoas infectadas vão precisar de internações em enfermaria e 5% necessitarão de tratamento intensivo.
E 95 % das pessoas acometidas pelo vírus vão recuperar mesmo sem precisar fazer uso de medicamentos inócuos, sem eficácia comprovada e que causam inúmeros efeitos colaterais. Leia mais aqui.
A grande maioria, 81% das pessoas infectadas não apresentam sintomas da doença, são assintomáticas e jovens.
Entretanto, elas transmitem o vírus em contato com outras pessoas, que podem ter agravos com a doença, necessitar de internação, com grande risco de morte. É o que tem registrado os boletins epidemiológicos na cidade, no estado e no país.
Prevenção
Como se sabe, o que mais salva vida é a pessoa não se infectar com o vírus. Para isso é preciso que todos adotem as medidas preventivas e protetivas, individuais e coletivas, como é recomendado pelos protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Diminuir a velocidade de contágio, monitoramento dos contaminados e efetividades nas ações de vacinação são essenciais para mitigar os efeitos da pandemia”, não se cansa de repetir a médica infectologista Andréa Cabral.
Se isso não ocorrer, no ritmo da evolução da pandemia, com a velocidade e alta taxa de transmissão de vírus, mesmo se forem abertos mais de mil leitos nos hospitais da cidade, exclusivos para pacientes com Covid-19, serão insuficientes.
Atualmente, segundo informações da assessoria de imprensa da Prefeitura, o hospital Nossa Senhora das Dores dispõe de 17 leitos SUS e quatro de convênios para atendimento exclusivo de pacientes com Covid-19 nas enfermarias. E dispõe de seis leitos SUS e quatro de convênios nas UTIs.
Já no hospital municipal Carlos Chagas a disponibilidade é de 20 leitos nas UTIs, incluídos os dez que foram fechados pela administração passada e reabertos pela atual. E mais 38 leitos em enfermaria, todos exclusivos para atendimento a pacientes SUS.
Mesmo com essa disponibilidade, continua grande a fila de espera no Pronto-Socorro municipal. São pacientes graves aguardando atendimento intensivo. Infelizmente o drama continua acelerado, enquanto a imunização segue em ritmo lento do ainda acéfalo Ministério da Saúde.
enquanto issoo vice prefeito, doutos cloroquiner, como foi chamado por uma leitora do site, continua receitando cloroquina, conta ciência e o mundo todo.
O prefeito parece perdido
As pessoas na rua sem máscaras, inclusive profissionais da área de saúde e aglomeradas. Abrir CTIs não resolverá o problema. Medidas preventivas sempre. Tratamento precoce nunca.
❤🙌😢😔Infelizmente os Itabiranos brincaram mto(não levando a sério a gravidade deste Vírus mortal…Covid)e agora estamos pgd um alto preço por isso.Brincaram nas eleições…festas de fim de ano…Carnaval em sítios…férias e aglomerações por tdo lado,e ai vai.Deus tem Misericórdia de tdos nós,e dê sabedoria p os médicos e tda Equipe q está a frente dessa triste Pandemia q tá ceifando vidas😔❤😢
as autoridades de governo que não dão atenção ao cientista brasileiro, Miguel Nicolelis, vai perder o bonde do reaquecimento da economia, simples assim.