Terceira onda da Covid-19 pode chegar mais infectante e mortal no inverno entre jovens. Itabira vê aumentar a taxa de transmissão
Com as pessoas idosas já imunizadas, ou em processo de imunização, mesmo com atraso na aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac, a mais presente na Campanha Nacional de Vacinação, as principais vítimas agora no país são os jovens na faixa entre 40 e 49 anos, é o que mostra levantamento realizado nos Cartórios de Registro Civil do Brasil, consolidadas pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
O número de óbitos nessa faixa etária cresceu 57% entre março de 2020 e o mesmo mês deste ano. Isso ocorre com as novas variantes do novo coronavírus (Sars-Cov-2) mais infectantes e letais. É assim que a nova onda da pandemia já preocupa as autoridades de saúde.
Isso ocorre ao mesmo tempo em que muitas autoridades governamentais negligenciam as medidas restritivas, mesmo com esse prognóstico. A situação pode se agravar ainda mais em um país em que a campanha de imunização segue lenta, gradual e parando, quando deveria avançar em ritmo acelerado.
Segundo o mesmo registro, divulgado pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o mês de abril foi o mais letal no país desde o início da pandemia. Foram registrados 7.611 óbitos na faixa entre 40 e 49 anos em decorrência da Covid-19, o que representa um crescimento de 57% em relação à média de todos os meses anteriores, desde março do ano passado.
O segundo maior aumento do número de óbitos no país foi na faixa etária de pessoas com idade entre 30 e 39 anos, com 3.620 óbitos em abril – um crescimento de 56%.
Já o número de óbitos entre as pessoas que já foram imunizadas, já tendo recebido a segunda dose, segue decrescente: 65% na população entre 90 e 99 anos, 52% entre 80 e 89 anos e 8% entre 70 e 79 anos.
A mesma tendência já é verificada entre os idosos acima de 60 anos, mesmo que ainda não tenham recebidos a segunda dose da vacina. São dados que comprovam a eficácia da vacinação contra a Covid-19.
Taxa de transmissão volta a crescer em Itabira
Em Itabira a situação não é diferente. Embora esteja momentaneamente afastado o risco de novo colapso no sistema de saúde, a velocidade de contaminação aumentou após o município migrar para a onda verde do programa Minas Consciente.
Isso ocorreu principalmente com a abertura de novos leitos de UTIs pela Prefeitura no hospital Carlos Chagas (HMCC) e pela Vale no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD). Com isso, a taxa de ocupação de leitos nas UTIs está em 60,4%, enquanto nas enfermarias é de 31,3%.
Mas isso não significa que a pandemia tenha reduzido a sua força. Assim como vem ocorrendo no país, com as novas variantes está afetando mais pessoas, sobretudo os jovens – e com mais agravos.
Itabira já registra 315 óbitos, com 17.011 casos confirmados desde o início da pandemia. Desses casos, 220 pessoas cumprem isolamento domiciliar e 55 estão internadas.
Os homens são os mais afetados – representam 58% do total de pessoas já testadas positivas em Itabira, enquanto as mulheres ficam com 42%. Mas o número de óbitos é maior entre as mulheres (54%).
E os jovens continuam sendo maioria entre os casos positivos. Na faixa etária entre 20 e 59 anos, representam 81% entre todos que já testaram positivos para a doença no município.
E é justamente nessas faixas etárias, dos que não fazem parte dos grupos prioritários para vacinação – e que saem mais de casa, seja para o trabalho e ou mesmo para o lazer –, que as variantes do novo coronavírus estão mais infectantes.
Segundo especialistas, entre jovens sem comorbidades, os sintomas da doença custam a aparecer. Mas quando se manifestam, não raro o quadro já se agravou, demandando tratamento intensivo. É uma das explicações para o aumento do número de mortes de pessoas mais jovens no país.
Estado de alerta
Embora os hospitais de Itabira estejam com baixa ocupação, o prefeito Marco Antônio Lage mostrou-se preocupado com a alta da taxa de transmissão (Rt) na semana, após a flexibilização das medidas restritivas com a migração para a onda amarela.
A (Rt) medida pela Unifei, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), subiu para 0.81. Isso depois de despencar, com o “lockdown” parcial, de 1.27 para 0.76. Com a Rt atual, para cada grupo de 100 pessoas contaminadas, outras 81 podem contrair o vírus em uma semana.
“Precisamos ter mais cuidados, é um sinal de alerta”, advertiu o prefeito nessa quinta (13), em seu encontro semanal com os seus seguidores pelas redes sociais.
“Não podemos achar que voltamos à normalidade, pois isso está longe de acontecer. Só vamos ficar mais tranquilos quando pelo menos 50% da população itabirana estiver imunizada, já tendo recebido a segunda dose da vacina”, projetou.
Segundo ele explicou, o ritmo de vacinação segue lento no município, de acordo com a disponibilidade de imunizantes pelo governo federal.
Pelos números apresentados, apenas 20.729 pessoas em Itabira receberam a primeira dose, representando menos de 17% da população. E somente 11.214 pessoas, pouco mais de 9% de todos itabiranos, receberam a segunda dose.
Novidade
De acordo com o prefeito, pioneiramente no país Itabira está medindo as taxas de transmissão por região. Com isso, é possível desenvolver estratégias específicas de enfrentamento, de acordo com cada situação encontrada.
Alguns resultados positivos já foram obtidos com esse monitoramento da Covid-19 por região. É o caso do bairro Campestre, citou o prefeito, com base no monitoramento realizado pela consultoria do hospital Albert Einstein, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira.
“O bairro estava no vermelho na semana passada. Aumentamos a fiscalização, intensificamos a comunicação com som volante, com testes rápidos nos PSFs. Com os moradores seguindo os protocolos, Campestre saltou do vermelho direto para o verde em uma semana.”
Mas o mesmo caso de sucesso não se repetiu em outras regiões da cidade. “Major Lage continua no vermelho, Clóvis Alvim regrediu do amarelo para o vermelho, está oscilando muito. Gabiroba continua no vermelho, assim como o bairro Pedreira. O Centro estava no amarelo, foi para o vermelho”, lamentou o prefeito.
Segundo ele, essas informações não são para alarmar, mas para melhor orientar as pessoas para que adotem as medidas protetivas/preventivas, individuais e coletivas.