Síndromes respiratórias agudas graves avançam no país, e em Itabira não é diferente
Fotos: Carlos Cruz
O impacto da desinformação, da recusa vacinal e da poluição do ar por partículas de minério no agravamento dos casos
O Brasil enfrenta um aumento preocupante nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente entre pessoas não vacinadas contra a gripe e a Covid-19.
Dados epidemiológicos indicam que a maioria dos casos graves e óbitos ocorre entre aqueles que recusaram a imunização, muitas vezes influenciados por campanhas de desinformação promovidas por grupos negacionistas.
A situação não é diferente em Itabira e, em alguns aspectos, é ainda mais grave, quando se tem também as partículas em suspensão no ar com pó preto de minério, agravando ainda mais os casos de SRAG, ao ponto de a Prefeitura decretar estado de emergência em saúde devido ao aumento expressivo do número de casos e internações.
Além disso, a cidade já enfrenta a síndrome das queimadas, que ocorrem em diversas áreas urbanas e rurais. A poluição do ar com a poeira das minas da Vale, somada às fuligens das queimadas, afeta diretamente a população, tornando o ambiente cada vez mais hostil para quem já sofre com doenças respiratórias.
As queimadas já se espalham inclusive pela zona rural, a maioria sem autorização na forma da lei. São, portanto, crimes ambientais que agravam ainda mais os problemas respiratórios da população.
A ausência de vacinação também contribui para o risco de colapso do sistema de saúde. A ocupação dos leitos de UTI já atingiu 100%, e há relatos de pacientes graves sem atendimento adequado.
A Prefeitura tem adotado medidas emergenciais para ampliar a capacidade de atendimento, mas a situação continua crítica.
Dados alarmantes

Segundo o Ministério da Saúde, a vigilância da SRAG no país tem sido realizada desde a pandemia de Influenza A (H1N1)pdm09, uma variante do vírus que surgiu e se espalhou globalmente em 2009.
Dados mais recentes mostram um crescimento expressivo dos casos, especialmente entre idosos e crianças. O sistema SIVEP-Gripe aponta que a mortalidade por SRAG tem sido significativamente maior entre os não vacinados.
Em Itabira, a situação se agravou nas últimas semanas. O número de notificações por SRAG já é expressivo e extremamente preocupante, com risco de colapso no sistema de saúde do município.
As unidades de saúde de Itabira atendem não apenas seus 117.747 habitantes, mas também uma população regional distribuída em 27 cidades, totalizando mais de 500 mil habitantes.
Recentemente, a cidade tornou-se sede de uma macrorregião complementar de saúde, passando a ser referência para três microrregiões, ampliando ainda mais a demanda sobre seus serviços hospitalares.
O Pronto-Socorro Municipal já registrou mais de 12 mil atendimentos nos últimos 45 dias. A ocupação dos leitos pediátricos está em níveis críticos, e há dificuldades na contratação de novos profissionais de saúde.
Impacto da desinformação das campanhas antivacina
A recusa vacinal não ocorre de forma isolada. Ela é impulsionada por uma campanha criminosa de desinformação, promovida por grupos negacionistas e extremistas que espalham fake news e negam a ciência.
Essas narrativas falsas têm levado muitas pessoas a acreditar que as vacinas são perigosas ou ineficazes, ignorando as evidências científicas que comprovam sua segurança e eficácia.
A disseminação de desinformação por grupos negacionistas tem causado impactos devastadores na saúde pública, resultando em internações prolongadas e mortes evitáveis.
Os dados são claros: a maioria das pessoas acometidas por SRAG são aquelas que não se vacinaram. A vacinação continua sendo a melhor estratégia para conter a propagação do vírus e proteger vidas.
Ações necessárias

Em Itabira, o decreto de emergência reforça a necessidade de ações imediatas para conter o avanço da SRAG e evitar o colapso do sistema de saúde.
Além disso, é urgente que medidas ambientais sejam tomadas para reduzir a poluição do ar causada pela poeira de minério e sílica das minas da Vale, bem como pelas queimadas que se intensificam nesta época do ano.
A sociedade precisa se mobilizar para combater a desinformação, incentivar a vacinação e exigir ações concretas para melhorar a qualidade do ar na cidade.
Que a Prefeitura de Itabira cumpra a sua obrigação, desencadeando desde já uma ampla, geral e irrestrita campanha de esclarecimentos sobre os malefícios das queimadas.
Para isso, é preciso disponibilizar um disque-denúncia para punir os piromaníacos que estão contribuindo para agravar a saúde da população com a poluição do ar.