Série: um poeta & um teórico na caixa de fósforos
Foto: Emília Mendes
reginà guerra
Capítulo 4
Safo entra na HAICAIXA
(ou A Grécia Antiga encontra o Japão)
Marcelo era assim: suas influências atravessavam os séculos e os continentes, reunindo-se em um átimo e, depois, aparecendo em um micropoema ou em versos dos poemas de maior extensão como os sonetos e baladas.
Como todo bom estudante do curso de letras da UFMG, conheceu ali a poeta grega Safo, que viveu há mais de 2600 anos.
Em contato com os fragmentos da sua obra, que chegaram até nós com suas diversas traduções e interpretações, ficou encantado! Aprendeu com ela muito sobre a linguagem do amor e do desejo. E a poesia lírica. Safo compunha poesia para ser cantada ao som da lira.
Marcelo transplantou milênios, séculos e continentes. Safo, que viveu na Ilha de Lesbos, na Grécia, nos anos 600 a.C., encontra o poeta Bashô, que viveu no Japão no século 17 d.C.. Em 1992, em Belo Horizonte, Brasil, eles entram em uma caixa de fósforos, objeto industrial do século 20, pelas mãos de um poeta mineiro da cidade de Lajinha.
*
Safo # 17
espera respira
a voz de safira
da atmosfera
*
Safo # 18
a luz traz o perfume
das plêiades o ciúme
se apaga na saudade
*
Safo # 21
se te incomoda
a quente areia da praia
usa minha pele como sandália