Ronaldo “Capoeira” destaca o Festival Fala Quilombo na Câmara de Itabira; Jordana Madeira critica preconceitos
Fotos: Reprodução
Festival reuniu milhares de pessoas e reforçou o protagonismo das comunidades quilombolas, indígenas e periféricas

“Foi um grande encontro da diversidade, da cultura ancestral e da interação”, salientou o vereador Ronaldo “Capoeira” Meireles de Sena (PRD), durante reunião da Câmara Municipal de Itabira, nessa terça-feira (30), ao registrar a importância do festival Fala Quilombo, realizado entre os dias 26 e 28 de setembro na rua Irmãos de Caux, em frente à Eemza, na Praça do Expedicionário.
“Quero parabenizar todos os organizadores. O evento movimentou o comércio, valorizou a cultura local, teve bandas da cidade, artesanato, indígenas e comunidades quilombolas vendendo alimentos típicos. Isso agrega valor, gera renda e fortalece as famílias e as comunidades”, afirmou o vereador, destacando o papel do festival como espaço de inclusão e fortalecimento comunitário.
Festival Fala Quilombo: ocupação, cultura e resistência
Realizado pelo Instituto Fala Quilombo, o festival reuniu cerca de 6 mil pessoas em sua quarta edição em Itabira, consolidando-se como o maior encontro cultural quilombola, indígena e periférico de Minas Gerais.
A programação gratuita incluiu oficinas de graffiti, pintura afroindígena, capoeira, gincana indígena, rodas de conversa, feira gastronômica e apresentações musicais.
A produtora executiva Lydiane Souza, mestranda em Antropologia pela UFMG, destacou o impacto simbólico do evento, ao comentar a importância do evento na rede social do Instituto Fala Quilombo. “Foi a primeira vez que vi tanta gente preta e periférica ocupando o centro da cidade. Isso é político, é resistência. O Fala Quilombo pertence às comunidades e também à população de Itabira”.
Já a coordenadora da Comissão das Comunidades Quilombolas do Rio Doce, Marlene Matheus, contou, também na página oficial do Instituto Fala Quilombo, que o festival é aguardado durante todo o ano pelas comunidades. “Esse encontro fortalece nossas lideranças, que voltam para seus territórios com mais energia para continuar seus trabalhos”, afirmou.

Racismo estrutural ainda persiste, denúncia vereadora
Na mesma sessão legislativa, a vereadora Jordana Madeira Dias (PDT) trouxe à tona um episódio de racismo ocorrido na comunidade quilombola de Capoeirão, na zona rural de Itabira, durante uma visita que fez para acompanhar demandas de abastecimento de água na comunidade.
Conforme ela contou, um prestador de serviço teria dito, jocosamente e preconceituosamente, dirigindo-se a um morador negro. “Vocês têm que dançar a dança do índio e bater o tambor para trazerm a chuva”, ela relatou.

“Fico indignada ao ver que ainda há pessoas que não respeitam o outro. Vivemos uma crise hídrica e, em vez de solidariedade, vemos racismo. Isso precisa ser combatido”, declarou Jordana.
A vereadora também parabenizou o lançamento regional do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 18 – Igualdade Étnico-Racial, iniciativa brasileira que amplia a Agenda 2030 da ONU do ODS 18, em evento na sexta-feira (26), em Itabira, no Centro Cultural.
Ela destacou a sua importância para enfrentar o racismo estrutural e promover justiça climática e social.
O ODS 18 visa, além de enfrentar o racismo estrutural, busca também promover políticas públicas voltadas à população negra, quilombola e indígena.
Mais de 30 municípios mineiros participaram do lançamento, que contou com apoio da Prefeitura de Itabira e da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA).
A cidade foi escolhida por seu histórico de ações afirmativas, como a Lei Júlio Rodrigues (Lei 5.288/2021), que reserva 20% das vagas em concursos públicos na Prefeitura e Câmara para pessoas negras. Outro destaque foi a criação do Fundo Municipal de Promoção da Igualdade Racial.
Por uma Itabira antirracista
O Festival Fala Quilombo e o lançamento do ODS 18 em Itabira não apenas celebraram a cultura afro-brasileira e indígena, mas também destacam a urgência de políticas públicas que enfrentem o preconceito e promovam equidade.
É assim que Itabira reafirma seu propósito antirracista e o seu papel como território de resistência, luta e transformação.