Rompimento da barragem de Brumadinho, da Vale, continua a deteriorar a qualidade de vida das populações atingidas, enquanto reparações se arrastam
Fotos: Divulgação/ Corpo de Bombeiros
Fundação Getúlio Vargas informa em juízo a necessidade de R$ 702 milhões para manutenção do PTR, enquanto Brumadinho ainda sofre com os impactos ambientais e sociais continuados
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) comunicou ao Juízo da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de Belo Horizonte que são necessários R$ 702.355.294,56 para garantir a continuidade dos pagamentos do Programa de Transferência de Renda (PTR) até janeiro de 2026.
O valor informado inclui o complemento retroativo das parcelas reduzidas em março e abril de 2025, mas não contempla novos beneficiários que possam ser aprovados a partir de abril, o que pode comprometer a duração do programa.
O PTR foi criado como parte das medidas de reparação aos danos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrido em janeiro de 2019. Considerada um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil, a tragédia deixou 270 mortos e gerou impactos irreparáveis ao meio ambiente e à sociedade.
A lama tóxica liberada pela barragem contaminou o Rio Paraopeba, destruiu áreas de preservação ambiental e prejudicou gravemente a agricultura local, comprometendo a subsistência de comunidades ribeirinhas e indígenas. Os danos contínuos fazem com que o caso seja reconhecido como um crime ambiental em evolução.
Além dos prejuízos ambientais, o desastre provocou uma crise social e econômica na região, desabrigando milhares de pessoas e tornando-as dependentes de programas de assistência como o PTR.
Desafios do PTR e pendências judiciais
O programa busca minimizar os impactos financeiros sofridos pelas famílias atingidas, mas enfrenta dificuldades relacionadas à inclusão de novos beneficiários e à viabilidade econômica.
De acordo com a FGV, há atualmente 5.840 requerimentos em análise, além de 3.288 casos cuja inclusão depende de decisão das Instituições de Justiça. Outros 2.374 requerimentos apresentam documentos suspeitos, e 39 pessoas acionaram a Justiça para assegurar sua inclusão no programa.
A duração do PTR também pode ser afetada pela taxa de juros que remunera o fundo e pela correção do salário mínimo prevista para janeiro de 2026.
A Fundação reafirmou seu compromisso de cumprir as determinações judiciais e está à disposição para atender novas decisões que possam ser emitidas no processo.
Impactos continuados e reparações ainda insuficientes

Embora o PTR busque oferecer assistência financeira às vítimas, os efeitos do rompimento da barragem de Brumadinho continuam a ser profundamente sentidos na região.
A recuperação ambiental e social avança de forma lenta, enquanto as comunidades afetadas enfrentam dificuldades para reconstruir suas vidas.
O caso evidencia a urgência de medidas mais eficazes, que garantam reparações proporcionais ao impacto da tragédia, além de evitar que novos desastres semelhantes ocorram.