Prefeito de Itabira insiste para as pessoas ficarem em casa: “a próxima vítima pode ser você ou alguém de sua família”
Com o sistema de saúde municipal há mais de uma semana em colapso, com pacientes com sintomas graves de Covid-19 na fila de espera interminável aguardando atendimento intensivo, é preciso que as pessoas evitem ao máximo sair de casa.
E que as pessoas que continuam saindo às ruas sem necessidade, que se aglomeram, promovem festas particulares, não usam máscaras ou quando usam não o fazem adequadamente, entendam que elas podem ser as próximas vítimas.
Ou ainda, o que é também muito grave e beira a irresponsabilidade: elas podem levar o vírus para casa mesmo sem saber, uma vez que muitos estão com a doença ainda que assintomáticos. Itabira já registra 11.251 casos de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) desde março do ano passado, fora as subnotificações.
E ainda há o registro de 7.806 casos suspeitos, segundo informa o portal Itabira no monitoramento da Covid-19. Na última semana, Itabira registrou uma taxa de crescimento de 90,88% de novos casos, com mais 578 pessoas infectadas pelo vírus.
Trata-se de um recorde – e que pode ser sucessivamente batido caso não caia a taxa de transmissão (RT), que tem oscilado com viés de alta mesmo na onda roxa do programa Minas Consciente.
A RT em Itabira, entre 8 e 14 deste mês, oscilou perigosamente para cima, tendo alcançado o patamar de 1.59. Isso indica que cada pessoa infectada está transmitindo o vírus para quase seis pessoas, bem distante do ideal que é abaixo de 1,0. Com as medidas restritivas caiu um pouco, mas a RT ainda está acima de 1.2.
Números crescentes
Já são 109 itabiranos mortos por essa doença extremamente contagiosa, que tem provocado sequelas graves, muitas ainda desconhecidas. Sete pessoas morreram em Itabira nas últimas 24 horas.
“A contaminação disparou no país e não é diferente em Itabira e em Minas Gerais. Quando assumi a Prefeitura, o registro era de 60 óbitos e de dois novos casos por dia. Hoje já estamos tendo mais de 40 casos por dia, um aumento de 128% de fevereiro a março”, acentuou o prefeito Marco Antônio Lage (PSB), em sua live semanal nessa quinta-feira (18).
Esse aumento é resultado da negligência das pessoas com os cuidados preventivos, individuais e coletivos. Mas é também pelo surgimento de novas variantes do vírus, que têm-se revelado mais contagiosas e letais, conforme alertam as autoridades em saúde que não desprezam a ciência.
Politização sim, partidarização não
O prefeito pede para não politizar o tema, que é grave, pois implica em perdas de vidas humanas. Mas na verdade, o que não se deve é partidarizar o enfrentamento à pandemia.
O tema é político e tem implicações nacionais. O que deve ser condenada é a partidarização, com a divisão entre os negacionistas, liderados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que receitam o coquetel de medicamentos sem eficácia comprovada e que pode agravar as sequelas.
Do outro lado estão os que pregam a necessidade de aumentar o isolamento e as demais medidas restritivas, inclusive com lockdown nacional, fechando aeroportos e toque de recolher em todo o país, como defende, dentre outros, o neurocientista Miguel Nicolelis.
Todas as decisões para o enfrentamento, inclusive dos que defendem a contaminação de rebanho, são politizadas. Afetam toda a população brasileira até pelo mau exemplo do presidente que, com a sua incúria, confronta diariamente as recomendações científicas.
É ele que vem sistematicamente se confrontando com as políticas dos governadores e prefeitos que sentem o drama do sistema de saúde colapsado – e com tendência de agravar ainda nos próximos dias com mais mortes que poderiam ser evitadas. É o que tem levado o país à triste liderança mundial em número de óbitos.
Insistência pelo óbvio
Portanto, enquanto não houver vacina para imunizar a população brasileira com mais de 18 anos, não há outra saída para conter o avanço vertiginoso do vírus, com as suas mais letais e contagiosas variantes, que não seja por meio das medidas restritivas e preventivas, individuais e coletivas.
“Fiquem em casa, essa é a única maneira de não contrair o vírus enquanto as vacinas não chegam em número suficiente para imunizar todo mundo”, suplica o prefeito aos ouvidos moucos dos que acham que essa pandemia é só uma gripezinha. Não é o que a realidade tem tragicamente mostrado.
“Quem pegar o vírus hoje e tiver o seu quadro agravado nos próximos dias, não encontrará leitos nos hospitais. Que todos tenham a consciência para se protegerem e também às suas famílias”, insiste o prefeito, para quem o país vive o momento mais grave da pandemia que não discrimina as pessoas, atinge pobres e ricos, jovens e idosos.
Só aumentar o número de leitos não salva vidas se as pessoas não se cuidarem
Com a gravidade da situação, o prefeito avalia a viabilidade de abrir o adiado hospital de campanha, além de instalar mais leitos nas UTIs e nas enfermarias dos hospitais Nossa Senhora das Dores (HNSD) e no Carlos Chagas (HMCC).
Mas para isso acontecer há ainda uma dificuldade adicional, que é a falta de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas). E os que estão na linha de frente estão estressados, trabalhando no limite de suas forças físicas e emocionais.
Já começam também a faltar insumos em todo o país, inclusive de oxigênio, o que pode agravar ainda mais a situação, causando mais mortes de pacientes em estado grave. “Isso não é terrorismo”, assegura o prefeito.
“É a nossa triste realidade, aqui não temos negacionismo”, insistiu o prefeito em sua live, depois de apresentar o vídeo com profissionais de saúde relatando o drama que eles têm enfrentando na luta, muitas vezes inglória, para salvar vidas contra a covid-19.
E o prefeito já acertou com o vice?
É bom ir conversando, dado que o dr. Cloroquiner, faz a contra mensagem, numa clara constatação de que são opostos, de que o vice é contra a Vida Acima de Tudo.