Pouco se tem a comemorar no Dia Internacional da Mulher com tantas violências e discriminações

Foto: Mulheres na praça: a luta continua

Rafael Jasovich*

Nesta postagem, na Vila de Utopia, farei um pequeno e rápido sobrevoo do gravíssimo problema que vivem as mulheres numa sociedade perversa.

Vivemos em uma sociedade machista. Isso se manifesta em diversos problemas como a desigualdade de direitos entre homens e mulheres, altos índices de violência, assédio e estupro, objetificação da mulher, diferença salarial e muitos outros efeitos.

O patriarcado tece uma profunda estrutura que condiciona a existência das mulheres a posições enfraquecidas e marginalizadas dentro do tecido social.

Antes das coletividades humanas serem sedentárias, ou seja, nos tempos em que a humanidade vivia de caça e coleta, a sociedade patriarcal não existia.

Aqui, a fé toma um papel preponderante na formação da ideia de que a mulher é, em primeira instância, uma propriedade masculina e que, em segundo lugar, ela, em si, não manifesta desejos, mas sim os homens que as cobiçam.

E que, portanto, seriam capazes de dominá-la. Isso na forma que conhecemos, a família é patriarcal.

A monogamia é um exemplo de grupo social que institui o casamento como arma de violência contra a mulher.

Segundo o antropólogo Lewis H. Morgan, as relações extraconjugais eram somente permitidas aos homens. Mulheres que cometessem adultério sofriam graves punições.

No Brasil ainda continua assim: o homem pode tudo, as mulheres nada.

O machismo traz prejuízos individuais e sociais para a mulher (assédios, menosprezo do feminino, violências em relacionamentos afetivos e outras relações sociais).

E impacta negativamente também o homem.  Esse fato precisa ser dito e compreendido nos mais diversos espaços.

De maneira um pouco mais sutil, o machismo também se apresenta quando um homem interrompe a fala de uma mulher, apropria-se de suas ideias e as toma como se dele fossem.

Ou tenta explicar a ela questões que já são de seu conhecimento, pelo fato de achar que por ser mulher, ela não tem compreensão de alguns assuntos.

Nesse sentido, o patriarcado funda a estrutura da sociedade e recebe reforço institucional. Nesse contexto, relacionamentos interpessoais e personalidade são marcados pela dominação e violência.

O patriarcado é, por conseguinte, uma especificidade das relações de gênero, estabelecendo, a partir deles, um processo de dominação-subordinação.

Este só pode, então, se configurar em uma relação social. Pressupõe-se, assim, a presença de pelo menos dois sujeitos: dominador (es) e dominado (s)

Nos últimos 12 meses, 1,6 milhões de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio.

Dentro de casa a situação não foi necessariamente melhor. Entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico.

Além da taxa de desemprego entre as mulheres ser maior que a dos homens, poucas conseguem assumir posições de chefia dentro das companhias.

Qualquer um que não viva em Júpiter sabe da discrepância salarial entre homens e mulheres: em 2019, o rendimento médio mensal deles no Brasil foi 28,7% maior.

Essas diferenças na educação induzem a comportamentos machistas e podem trazer consequências graves à sociedade, prejudicando principalmente as mulheres, que sofrem os mais diversos tipos de violências físicas e psicológicas, representadas em casos de feminicídios, estupros ou crimes passionais.

As mulheres devem pedir proteção e denunciar todos os casos de assédio. A luta continua. Não fique mudo. Denuncie todas as formas de violência contra a mulher.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.

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