Por uma Itabira com mais jardins floridos e bosques com árvores nativas por toda cidade

No destaque, praça do Areão em 1992, ainda no tempo em que era cuidada pela Vale, assim permanecendo bem jardinada por todo o governo de Li Guerra

Fotos: Taquinho
Acervo: Embaixada de Itabira

Por Carlos Cruz

Além de ampliar as áreas urbanas arborizadas, é preciso também melhorar outros aspectos paisagísticos na cidade de Itabira, com o cultivo de mais jardins com flores em parques, praças, rotatórias, enfim, onde couber e for recomendável paisagísticamente.

Canteiro anexo à Maria-Fumaça no Areão, no início da década de 1990: corações magoados

Os benefícios de jardins floridos vão muito além da beleza estética. Plantas e flores bem cuidadas fazem bem ao olhar, ainda mais em uma cidade minerada, onde se observa, tristemente, a serra do Esmeril degradada desde meados da década de 1980 – e assim permanece sabe-se lá até quando.

Uma cidade bem jardinada torna-se paisagísticamente agradável, eleva a autoestima coletiva. Reduz a depressão e a ansiedade de sua população.

Praça do Areão, no início da década de 1990: palmeiras rabo de peixe

Foi o que se fez no governo do ex-prefeito Li Guerra (1993/96), quando Itabira ganhou jardins por toda parte, não só no centro, mas nos bairros também, minimizando o impacto paisagístico causado pelo mineração em suas encostas – e que tanto mal-estar causa aos olhos dos itabiranos e de todos que aqui veem a trabalho e a passeio.

Na avenida Carlos Drummond de Andrade, na encosta do pico do Amor, a vegetação nativa era preservada e incrementada com folhagens de marantas, malvaviscos e margaridinhas amarelas. Um mimo de canteiro, que pode ser reabilitado por esta administração municipal.

Praça do Rotary, no Areão: dracenas, asparagos e clorofitum

Empresa zeladora

E não era só a Prefeitura que cuidava da jardinagem na cidade. A Vale também fazia a sua parte. Até o início do governo Li, a praça do Areão era muito bem cuidada pela mineradora, condição essa que se manteve nesse destacado espaço público (área verde) por toda administração pedetista que, nesse aspecto, soube cuidar bem da cidade.

Na praça do Areão, além da grama sempre bem-cuidada e cortada, não por este corte raso que já há algum tempo se observa nas praças da cidade, rente à terra, tirando todo o seu vigor, havia canteiros com flores diversificadas, herdados da Vale na administração do superintendente Ricardo Dequech, que se relacionava muito bem com o prefeito.

Rotatória de acesso ao complexo Cauê, da Vale, em 2002: grama e jardim bem cuidados (Foto: Vale Notícias)

No trevo do Areão e na praça do Rotary, canteiros de hortênsias e lírios amarelos atraiam os olhos admirados de quem chegava na cidade. E deixavam os itabiranos orgulhosos. Esses espaços públicos eram também de responsabilidade da Vale, depois passaram para a zeladoria da administração municipal, mantendo-se bem cuidados por pouco tempo depois da administração de Li Guerra.

Rotatória de acesso ao complexo Cauê hoje: grama raquítica cortada rente ao chão, muito mal cuidada (Foto: Carlos Cruz)

“Flores e flores se abrindo”

Jardim inerno no escritório Cauê, em 2002 (Foto: Vale Notícias)

Mesmo depois de privatizada, em 1997, a mineradora Vale continuou cuidando de seus jardins internos e nas interfaces com a cidade.

Nos trevos e nas proximidades dos escritórios e instalações da mineradora eram cultivados “jardins, com arranjos florísticos com bordaduras com pingo-de-ouro, uma flor azul e branca que floresce na primavera e verão”, propagandeou a empresa em seu house-organ Vale Notícias, em 2002.

Atualmente, matagal toma conta de várias áreas da Vale em Itabira, como se observa até mesmo no leito da ferrovia (Foto: Carlos Cruz)

Ao lado das cercas das ferrovias foram plantadas espécies ornamentais, “com o plantio de 8 mil mudas com 13 variedades, entre acalifas, alamadas arbustivas, buganvílias, manacás da serra, hibiscos, murtas, aroeiras para a formação de uma cerca viva”.

Hoje o que se vê é só matagal por toda a extensão da ferrovia no perímetro urbano, com poucos trechos limpos, bem diferente daquele tempo em que a mineradora “andava de bem com a cidade”, se é que isso de fato aconteceu algum dia.

“Nos taludes foram plantados ipês rosas, fedegosos, quaresmeiras, calistemum, flanboyanzinhos, entre outras espécies”, informou no jornal da mineradora a analista de Meio Ambiente, Sueli Silva, que era a responsável por manter sempre bem-cuidados os jardins da Vale.

Contemporaneidade

Trevo de acesso à mina Periquito: espaços para flores e folhagens de diferentes espécies (Foto: Carlos Cruz)

Nada mal se a Vale voltasse com esse mesmo cuidado estético e paisagístico, até para minimizar o impacto negativo da degradação em suas minas ao redor da cidade.

Isso enquanto a administração municipal, enfim, começa a cuidar, ainda que timidamente, das praças, jardins, rotatórias da cidade.

Mas precisa intensificar os serviços de jardinagens, juntamente com a formação de novos bosques nas áreas verdes, com plantio de espécies nativas.

E que assim seja dada uma renovação nos jardins, melhorando os aspectos paisagísticos na cidade, pondo fim ao abandono em que ainda se encontram muitas praças, principalmente nos bairros e mesmo no centro.

O matagal acima do muro da Vale, na avenida João Soares da Silva, foi capinado, mas sem que fosse feita nova pintura. Na década de 1990, o talude acima era coberto de flores

Bem-estar coletivo

Assim fazendo, a administração municipal contribui para elevar a autoestima da população itabirana. Como tem propagado o prefeito Marco Antônio Lage (PSB), é preciso cuidar da zeladoria em todos os aspectos.

Zelar bem da cidade é cuidar e querer o melhor para a sua população, que também precisa ajudar nessa reabilitação, preservando e ajudando a cuidar dos jardins e dos bosques, sem colocar fogo na mata.

É assim que se constrói uma cidade boa para se viver. E que ajuda, também, a atrair novos empreendedores com investimentos que possam diversificar a economia local.

Portanto, mãos nas plantas e na terra, pois aqui também “em se plantando tudo dá”. E floresce.

No canteiro central da rua dom Prudêncio, a Prefeitura plantou as indefectíveis dracenas, que também cercam a praça Acrísio,. A folhagem está virando a preferida da atual administração: falta de criatividade (Foto: Carlos Cruz)
Jardim florido e diversificado da professora Maria Alice de Oliveira Lage: exemplo a ser seguido (Foto: Carlos Cruz)
Praça do Areão: corte raso da grama impede o seu desenvolvimento e falta irrigação. Espaço de sobra para uma boa jardinagem (Foto: Carlos Cruz)
A mesma situação se observa no trevo do Areão, com azaleias em profusão e grama raquítica cortada rente ao solo
Funcionárias da Itaurb limpam monumento e rastelam a grama na rotatória de acesso à rodovia Luiz Menezes: zeladoria bem-vinda (Foto: Carlos Cruz)

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2 Comentários

  1. Sou moradora do bairro campestre e a varias administraçoes eu e minha família vimos recorrendo no intuito de fazerem reformas e a evitalizaçao do Belacamp, praças e jardins do memorial CDA.Por enquanto somente promessas ,promessas promessas…Já passei muita vergonha alheia ouvindo reclamaçoes de turistas decepcionados com o abandono e o descaso com as áreas públicas de nossa cidade..Mas sou teimosa,continuo insiistindo…

  2. Cara Maria Goretti, insistir denota caráter, por isso me curvo diante de você.
    Em Itabira havia um jardim belíssimo, jardim Burle Marx, era o jardim da casa de Rosa Maria, mãe do Denis Lott.
    Agora, o prefeito Marco Antonio Lage, fará cumprir uma sugestão do poeta Drummond, de se fazer um busto no jardim para Cornélio Penna. Se eu fosse o prefeito convidava as mulheres jardineiras, como a Maria Goretti, pra plantar um jardim de flores singelas com os coloridos beijos e a amarelinha maria-sem-vergonha, de modo que, quando o Genin entregar o busto do Cornélio o jardim estará florindo pra alegrar a cidade. Muito boa reportagem, caro Carlos.

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