Por um acordo salarial unificado com a Vale, Metabase de Itabira convoca sindicatos da categoria para se unirem nacionalmente
Em campanha por reposição salarial, ganhos reais e indiretos para os trabalhadores da empresa Vale S.A, o sindicato Metabase de Itabira convoca as entidades sindicais que representam a categoria em todo o país para unificarem o movimento pelo Acordo Coletivo 2019/2020..
Em carta-aberta, a convocação é dirigida aos sindicatos Metabase de Brumadinho/MG, Carajás/PA, Belo Horizonte/MG, Mariana/MG, Congonhas/MG, Catalão/GO, Sindimina/RJ, Sindimina/SE, Stefbh/MG, Sindfer/ES, Stefem/MA, Sintec/MG e Sindecol/MS.
“Queremos ser uma só voz, para unificar e fortalecer as nossas lutas”, explica o presidente do Metabase de Itabira, André Viana Madeira. Ele acredita na possibilidade de desencadear um movimento nacional que marcará a história do movimento sindical dos trabalhadores da Vale, com repercussão em todo o país.
“Como já ocorreu no passado, estamos dispostos a realizar mobilizações e atos unitários. Vamos pressionar a Vale para que ofereça um reajuste digno, retirando as cláusulas que prejudicam os trabalhadores”, conclama o sindicalista itabirano na carta aberta dirigida aos sindicatos da categoria.
“Sabemos que a empresa Vale tentará usar a sua irresponsabilidade na segurança das barragens como justificativa para não conceder reajustes e ganhos reais aos trabalhadores, que são os responsáveis pela sua lucratividade”, adverte na missiva o sindicalista itabirano.
De acordo com o sindicalista, esse argumento, se vier a ser usado, é estapafúrdio – e não tem o menor fundamento. Daí que para a campanha deste ano a palavra-de-ordem é: “Barragens, essa conta não é nossa”.
Na defesa da reivindicação salarial e por outros ganhos diretos e indiretos Viana lembra que a empresa tem obtido sucessivos lucros, mesmo após as tragédias humanas, trabalhistas e ambientais de Mariana e Brumadinho.
“O preço do minério de ferro já está no patamar acima de US$ 90. Queremos uma PLR compatível com esse lucro”, cobra o sindicalista, lembrando que Itabira e Carajás foram os complexos que seguraram a produção da Vale após o fechamento de vários outras unidades produtivas em Minas Gerais.
“A Vale pode vir com o discurso de que teve USS 10 milhões bloqueados que não cola. Não foi o trabalhador que atestou a estabilidade das barragens que romperam. Não jogue essa culpa em nossa conta, que não aceitaremos”, adianta o sindicalista.
Para André Viana não adianta também a Vale vir com discursos terroristas, como o de que o preço do minério caiu, ou que a China está em briga com os Estados Unidos. “São notícias plantadas para esvaziar a nossa campanha e impedir que a categoria e a empresa façam um bom acordo coletivo. Estamos atentos e não aceitaremos esse tipo de desculpa esfarrapada para deixar de atender as nossas reivindicações, que são de direito.”
Outros acordos coletivos
O sindicato Metabase de Itabira negocia acordo coletivo também com a Anglo American, em Conceição do Mato Dentro. A mineradora também vem de um grave acidente ambiental, mas retornou a produção em janeiro deste ano. E, segundo André Viana, vem batendo recordes, com aumento de 2% da produção anual.
Para a categoria a palavra-de-ordem é: “Se o lucro cresceu, eu quero o que é meu”, com reivindicações ganho real e participação nos lucros, além de outros ganhos indiretos. “Com a mobilização e participação da categoria nas assembleias podemos fechar um bom acordo”, acredita.
Com a mineradora Belmont a palavra-de-ordem segue na mesma linha da provocação para mobilizar a categoria: “Com a joia no peito, o maior valor é o trabalho”.
De acordo com André Viana, a Belmont emprega cerca de 300 empregados. “É uma empresa familiar riquíssima, mas que tem um dos menores cartões de alimentação e um piso salarial baixíssimo.”
Segundo ele, o grande desafio é mobilizar a categoria. “Os empregados têm uma relação muito próxima com os patrões e isso dificulta, pois muitos não participam das assembleias”, lamenta o presidente do Metabase.
Com a mineradora Bemisa, de Antônio Dias, as negociações já estão bem adiantadas. A expectativa é também de fechar um bom acordo coletivo neste ano, valendo para o exercício de 2020.