Por ter sido travesti, vereador diz sofrer com baixarias e mesmo sendo oposição pode votar favorável ao projeto do Conselho LGBTQIA+ 

Na tribuna da Câmara de Itabira, na quinta-feira (3), o vereador Sidney “do Salão” Marques Vitalino Guimarães (PTB) desabafou e contou que sofreu muitos ataques e baixarias pelo fato de já ter sido travesti.

“O sentimento que toma conta do meu coração é que não devo nada a ninguém. Isso me faz estar aqui de cabeça erguida e tranquilo, diante dos ataques e baixarias que fizeram à minha pessoa nos últimos dias, pelo fato de que eu já fui travesti”, revelou, de cabeça erguida e com muita personalidade.

“Estou tranquilo em dizer que o movimento LGBTQIA+ se faz necessário e é importante”, disse ele, acentuando que o homossexualismo não é crime no Brasil, diferentemente do que ocorre em mais de 70 países, sendo que em 13 ainda punem a orientação sexual com a pena de morte.

O vereador, que é evangélico, foi também vítima de ataques homofóbicos pela rede social nos últimos dias. Embora ele não tenha citado nominalmente, o ataque à sua pessoa ocorreu em um áudio que vazou com o deputado bolsonarista Léo Portela (PL) criticando correligionários evangélicos por terem elegidos “dois vereadores gays” para a Câmara de Itabira.

Trata-se de mais uma baixaria que, a exemplo do que postou o publicitário Dalton Albuquerque em vídeo carregado de preconceitos homofóbicos, com ofensas a futura secretária de Educação, Laura Souza, recebeu o repúdio geral em Itabira e mesmo fora da cidade.

“No Brasil, a Constituição já nos assegura o direito de ser o que quiser”, disse o vereador, depois de fazer críticas ao modo atabalhoado com que o projeto de criação do Conselho Municipal LGBTQIA+ foi encaminhado para apreciação e votação na Câmara Municipal.

“(O governo) foi tão incompetente que mandou um projeto para esta Casa sem sequer descrever o significado da sigla LGBTQIA+”, criticou. A sigla faz referências às lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e mais o que as pessoas quiserem ser.

De acordo com o vereador, assim que o projeto começar a tramitar na Comissão Temporária, na próxima semana, ele irá pedir a supressão de alguns artigos do projeto de lei do prefeito Marco Antônio Lage (PSB).

“Depois de conversar com várias pessoas sérias que são LGBTQIA+, porém sem estarem em movimentos politiqueiros, vou apresentar a supressão de alguns artigos do PL 10/2022. Vou protocolar a minha emenda oportunamente”, adiantou.

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4 Comentários

  1. Sou a favor do movimento, entendo que todos os cidadãos tem o direito de se manifestar. Porém não sou favorável ao projeto de lei 10/22 nos termos que chegou nessa Casa da Lei. Como disse, há legislação que ampara todos os cidadãos indiferente de raça, cor, religião ou orientação sexual. Estarei protocolando minha emenda, assim que o projeto entrar em discussão.

  2. O vereador Sidney Marques fez um pronunciamento oportuno e necessário. Que ele faça as emendas que julgar necessárias para aprimorar o projeto do prefeito, Afinal, em uma sociedade machista, preconceituosa, onde se pratica todas formas de violências contra a comunidade LGBTQIA+ é importante a organização social, com apoio do poder público municipal, para que se faça valer os seus direitos, promova a equidade e a livre manifestação do orgulho gay, assim como a diversidade. Que o corajoso vereador ajude a aprimorar o projeto do prefeito. Espero que os vereadores não cedam às pressões de igrejas que estão virando partidos (não são todas), como temos visto em todo o país e em Itabira não é diferente.

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