Pitacos da rodada esportiva
Luiz Linhares*
O campeonato Mineiro 2018 foi azul e assim terminou
Foi um dos melhores clássicos dos últimos anos. É certo que quando vale, todos, ao seu modo, buscam o melhor. Outra coisa que vale muito é a casa cheia. Sou favorável que todos os clássicos aqui em Minas Gerais, entre Cruzeiro e Atlético, ocorram no Mineirão, com previsão de grande público. Uma decisão no grande estádio dos mineiros faz toda a diferença. Considero um grande equívoco direcionar este patrimônio mineiro a um clube ou outro.
Decisões em cento e oitenta minutos são mesmo o que se viu. Como tudo que é disputa, competição, estratégia e bom planejamento faz a diferença. O Atlético não perdeu o título no Mineirão. Perdeu no Independência, no primeiro jogo onde mandou e desmandou. Naquela partida, poderia golear, mas preferiu cadenciar, mantendo o que já tinha conquistado. Frouxou e deu oxigênio ao rival. Daí, tudo foi diferente na hora de bater o martelo final.
É disputa, é cada um na busca do seu melhor. O jogo final deste Mineiro mostrou mais malandragem do que qualidade. A experiência venceu o novo. Tudo começou a se definir com menos de meia hora de disputa, com um gol saindo ainda no período de concentração e arrumação. Três minutos depois veio a expulsão de Otero, por imaturidade, revidando com agressão uma falta dura passível de cartão. A sua expulsão mudou tudo. Independentemente dos julgamentos, considero a expulsão correta. O prejuízo para o Atlético foi grande, pois a permanência de Otero no clássico tinha condição muito grande de manter a estabilidade. E jogou tudo por terra.
A história do campeonato foi azul e assim terminou. Regulamento se discute antes. O depois é trabalhá-lo com tantas e quais armas se dispõe. Tem um ditado antigo que diz: “a melhor defesa é o ataque”. Esse aforismo serve bem para o que foi mostrado em campo. Nitidamente o Atlético foi a campo para trabalhar o que já havia conquistado. Não foi a melhor estratégia. Por ela, perdeu o seu estilo próprio. Tentou mudar durante a partida, mas faltou-lhe melhores condições. De quem muito se esperava nada aconteceu – e a outros nem tanto.
Volto a fechar o assunto reiterando que foi um dos melhores clássicos dos últimos anos. Acredito que quem me lê concorda. É verdade que teve muita polemica, rivalidade a flor da pele, lances pesados com boa dose de violência. Mas houve também lances de muita técnica. E, como não podia deixar de ser, assistimos a uma festa fantástica do torcedor, reeditando os velhos tempos daquele palco do futebol que recebia muito bem o torcedor de ambos os clubes.
O Atlético tem que esquecer já a perda do título para focar no San Lorenzo, em Buenos Aires, Argentina, já neste meio de semana. É Copa Sul-Americana – e é lá e cá. Pensar em mudanças ou efetivação de treinador agora é para a frente. Passar pelo time do Papa Francisco é a meta maior. E não vai ser jogos fáceis.
Outras decisões pelo país
No Brasil, e em especial em São Paulo e no Rio, as decisões foram para as penalidades máximas. Pelo lado do Palmeiras, foi o primeiro revés do técnico Roger Machado, que teve uma campanha disparada na fase primeira e equilíbrio nos dois jogos com o Corinthians. No tiro livre, a Fiel fez a festa.
Fiquei feliz pelo Botafogo. Fez gol no final, deu o troco – e foi para as penalidades ganhando o título. Acho muito inteligente e capacitado o técnico Alberto Valentim, que tem feito muito no Botafogo, mesmo com imensas limitações. Ganhou na raça. O mais bacana é ver o Maracanã com mais de sessenta e quatro mil torcedores.
Segundona mineira
Terminou a fase primeira da segundona mineira, conhecida como Modulo II do Campeonato Mineiro. Guarani, de Divinópolis, América, de Teófilo Otoni, Tupinambas, de Juiz de Fora, e Uberaba vão agora se enfrentar em mata a mata até que se conheçam os dois que, em 2019, estarão na primeira divisão do Mineiro.
Vantagem para Guarani e América. Nossa região está em baixa. O Social, de Coronel Fabriciano, foi rebaixado para a Segundona Mineira. Na prática a terceira, o mesmo módulo que o nosso Valério se encontra. E o Ipatinga, que era a sensação da disputa, decepcionou a todos. Acabou brigando também para não cair.
Vamos Valério
O torcedor Valeriano volta a se animar com a possibilidade de voltar este ano ao cenário do futebol profissional. Para isso, já foi anunciada a chegada dos ex-cruzeirenses Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos, como técnico e auxiliar-técnico.
Muita coisa ainda está sem clareza. Como treinador, Gaúcho passou aqui no estado pelo Mamoré, de Patos de Minas, e pelo Araxá sem grande brilho. Sabe-se também que atuou como comentarista de tv em Santa Catarina e dirigiu um outro tanto de times pequenos por lá.
Gostaria de saber quem está por trás, qual o empresário do futebol está por trás dessas contratações: Marco Antônio Lage, Cruzeiro com Itair Machado, Supermercado BH? Quem vai investir no Valério? Que venham mais e mais patrocinadores. Só assim o Dragão itabirano volta a fazer bonito nos gramados mineiros.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM