Pelo fim da violência policial contra a população preta, Itabira faz ato público, nesta quinta-feira, na praça Acrísio de Alvarenga
Fotos: Raissa Meireles/ Ascom/CMI
Nesta quinta-feira (24), às 18h30, na praça Acrísio de Alvarenga, o núcleo itabirano da Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência promove ato público pelo fim da violência policial, como se observa em várias partes do país, principalmente contra jovens pretos de bairros populares.
Na ocasião também será celebrado a vida e a luta do escravo liberto Luiz Gama, falecido em 24 de agosto de 1882. Advogado abolicionista, Gama nasceu de mãe escrava liberta e pai branco. Mesmo tendo nascido após a lei do ventre livre, foi escravizado aos 10 anos, permanecendo analfabeto até os 17 anos de idade.
“Luiz Gama brigou pela sua liberdade, formando-se advogado, tendo lutado nos tribunais pela libertação de homens e mulheres escravizados. Aos 29 anos já era considerado o maior abolicionista do país”, salientou o vereador Júlio “do Combem” Rodrigues (PP), que convidou as ativistas Eva Gonzaga e Camila Rocha, coordenadora local da Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência, para fazerem uso da tribuna da Câmara, na sessão dessa terça-feira (22).
“Passados todos esses anos, ainda estamos na luta por direitos. Em nossa vida preta, a todo momento temos que resistir e, mesmo quando dá vontade de chutar o balde, vem um canto sofrido de longe, lá da senzala e dos navios negreiros, lembrando-me que viemos da África escravizados”, disse Eva Gonzaga, na abertura do pronunciamento conjunto na Tribuna da Câmara.
“Rompemos laços, quebramos amarras e continuamos nessa caminhada em busca da tão sonhada liberdade, nessa luta que vem de longe e que continua para exigir acolhimento e respeito. Abaixo a segregação e a violência contra a população preta”, é o que exige a ativista.
Violência policial
De acordo com a coordenadora regional, Camila Rocha, ungida ao cargo em recente congresso realizado em Salvador, com base em levantamento realizado pela Anistia Internacional, a população jovem e preta é que mais sofre no país com a violência policial.
Segundo esse levantamento, 84% das pessoas mortas em ações policiais no Brasil são negras, 99,2% são homens e 65,2% são jovens com idade entre 18 e 29 anos, sendo que adolescentes de 12 a 17 anos são 8,7% desse total.
“Só nos últimos cinco anos mais de 100 crianças e adolescentes foram baleados no país. Desses, 30 perderam as suas vidas durante as chamadas operações policiais entre 2017 e 2019”, enfatizou a ativista, acrescentando que a violência policial respondeu por 5% dessas mortes violentas de jovens pretos no país.
“Brasil e os Estados Unidos são os países cujas polícias são as que mais matam no mundo, principalmente pessoas prestas, é o que também aponta o relatório da Anistia Internacional”, acrescentou Camila Rocha.
Pois foi nesse contexto que o fórum de Salvador aprovou uma jornada de lutas pelo fim da violência policial contra a população preta e pobre. É como parte dessa jornada que acontece o ato público na praça Acrísio de Alvarenga nesta quinta-feira, a partir de 18h30 contra a violência policial.
“Vamos exaltar também a vida e a luta de Luiz Gama, que foi responsável pela libertação de mais de 500 pessoas escravizadas. Ele lutou e viveu pela libertação dessas pessoas escravizadas, por isso o dia 24 de agosto é de luta, como devem ser todos os dias do ano.”
A ativista considera como um passo importante nessa luta em Itabira a promulgação pelo prefeito Marco Antônio Lage (PSB), em 17 de novembro do ano passado, da lei municipal que institui o Dia Municipal do Afrodescendente.
“É um dia a mais de conscientização nas escolas, nas praças públicas, para lembrar a luta de nossos antepassados e o muito que ainda temos de lutar pela igualdade e contra a violência que ainda sofrem as pessoas pretas em nosso país.”
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