Peças se movem no tabuleiro da sucessão presidencial, mas não tanto
Rafael Jasovich*
Noticias de movimentação nas candidaturas começam a tomar forma para saber quem na realidade será candidato à presidência.
A Globo já abandonou o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) e começa uma virada apostando numa outra terceira via – e na melhora da economia. Mas é realidade é bem outra.
A Vênus Platinada fez longa reportagem, de mais de três minutos, exaltando o aumento de emprego no país. O exemplo usado no Jornal Nacional mostra uma empresa de pequeno porte com onze trabalhadores, com o dono declarando que pretende empregar mais quatro. Foi risível se não fosse patético.
Isso enquanto o Moro patina e o próprio Podemos já começa a debandar com o pré-candidato não chegando aos dois dígitos nas pesquisas eleitorais. Pelo visto, ele será no máximo candidato ao senado ou a deputado federal, já que precisa de foro especial.
Ciro Gomes, o queridinho dos intelectuais pequeno-burgueses, é uma piada pronta. Ataca com metralhadora giratória o PT e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Busca ser o candidato da direita Nutella, mas não tem sido palatável como o próprio doce. As pesquisas indicam que ele não passará de dez por cento na melhor situação. Uma nova viagem à Paris no segundo turno, se houver, não está descartada.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) não emplaca nem em seu estado. É outro candidato com intenções de ser a terceira via, mas está difícil arrumar parceiros. O apoio de FHC ao seu nome não passa de cenografia, sua candidatura está cheia de ar, como bem salientou o colunista Josias de Souza.
Já o capitão cloroquina continua com o seu discurso negacionista e perverso para agradar o “cercadinho”, a turma que ainda anda mugindo o seu nome. Deve ter uma votação próxima de 25%.
Por seu lado, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta problema para formar uma federação com o PSB tendo o ex-governador Geraldo Alkmin como seu vice. Problemas que me parecem insolúveis.
Na ultima semana começaram conversas interessantes do PT com o PSD de Gilberto Kassab. O seu pré-candidato, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do PSD mineiro, não tem sequer um traço nas pesquisas para presidente.
Mas as conversas do PT com o PSD perpassam outras vias mais montanhosas, que vem sendo trabalhadas em silêncio. O acordo seria com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil.
Pode até ocorrer uma reviravolta, com Kalil saindo de vice de Lula, enquanto o PT desistiria de ter candidato ao governo de Minas, onde não tem um nome forte.
E apoiaria um candidato do PSD ao Palácio da Liberdade, podendo ser até mesmo Rodrigo Pacheco. Nesse caso, Alkmin seria rifado.
As últimas pesquisas indicam uma grande possibilidade de Lula se eleger no primeiro turno, mesmo com o candidato Nutella querendo atrapalhar com os seus áulicos pequeno-burgueses.
Resta esperar a inscrição das federações que tem prazo final no dia 1 de março. A partir daí, as pesquisas serão mais realistas.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional.