Passam a boiada, a madeira, o produto do garimpo, passam todos os desmandos, menos a pandemia e a omissão de Bolsonaro
Rafael Jasovich*
A política implementada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e seu sequaz ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente (na realidade ministro da destruição) continua firme e forte.
As queimadas, a derrubada de árvores centenárias, o garimpo ilegal e a persecução aos povos originários, o assassinato de líderes que defendem o meio ambiente, tornaram-se cotidianos na floresta amazônica, assim como a grilagem de terras que servem a propósitos muito claros – e que avançam diuturnamente.
Chegamos ao cúmulo com o inacreditável desfecho de uma apreensão de madeira ilegal, com a denúncia do ex-delegado da Polícia Federal, no Amazonas, que entrou com notícia-crime contra Salles, por desmatamento “sem precedentes” – e é demitido.
A notícia-crime foi apresentada na quarta-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Além de Salles, foram também denunciados o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, e o senador de Roraima, Telmário Mota (PROS-RR).
Na quinta (15), Alexandre Saraiva perdeu o cargo e foi substituído pelo delegado Leandro Almada. O motivo não precisa ser desenhado, está explícito, só não entende quem não quer.
O ministro chegou a viajar ao local da apreensão para pressionar pela liberação da madeira. Se o governo de Bolsonaro fosse sério, o ministro, o presidente do Ibama já teriam sido demitidos. E o senador responderia a uma ação por falta de decoro parlamentar.
O ministro tem dois pedidos de afastamento em trâmite pelas barbaridades de seu mandato. Mas nada disso vai acontecer, enquanto passam a boiada, a madeira, o curiango surrupiado do garimpo em terras indígenas.
Só não passam a pandemia e o capitão cloroquina com os seus séquitos, áulicos e milicianos.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional