Para o PT, sucessão de Bolsonaro já começou e vai botar o bloco na rua

Rafael Jasovich*

Já de olho nas eleições de 2022, o Partido dos Trabalhadores (PT) vai começar a trabalhar o nome de Fernando Haddad como possível candidato a presidente da República a partir de agora.

A ideia, que partiu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é que Haddad comece a viajar pelo país e já passe a compor alianças para contrapor a reeleição de Jair Bolsonaro.

“Lula me chamou para conversar no sábado. Passamos a tarde juntos e ele falou: ‘Haddad, não há mais tempo, você tem que colocar o bloco na rua’”, admitiu o ex-prefeito de São Paulo ao site Brasil 247.

Como ainda vai rolar muita água embaixo da ponte, as alianças ou mudanças de candidato são bem possíveis.

O petista foi candidato à Presidência em 2018 e foi para o segundo turno com Jair Bolsonaro, mas acabou sendo derrotado ao receber pouco mais de 47 milhões de votos (44,7%).

O PT avaliou que estava perdendo espaço no debate para outros pré-candidatos que já se colocam como contraponto ao presidente Bolsonaro.

Entre eles, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que já admitiu ter pretensões políticas para 2022 e faturou politicamente com a vacina contra a covid-19.

E é justamente para não deixar que outros nomes avancem que Haddad foi lançado como pré-candidato, pois os petistas ainda sonham com a possibilidade de ter Lula na disputa presidencial.

Nesse caso, a decisão está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve julgar neste primeiro semestre se o processo contra o ex-presidente petista no caso do tríplex foi conduzido de forma parcial pelo ex-juiz Sergio Moro – e, portanto deve ser anulado.

No entanto, o ex-presidente já admite internamente que talvez não consiga reaver seus direitos políticos a tempo da disputa presidencial.

Mesmo assim, irá participar das viagens ao lado de Fernando Haddad. Nesta semana os dois tiveram encontros com deputados, senadores e com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.​

Esquerda segue dividida

Apesar de ter tirado dúvidas sobre quem Lula iria apoiar nas eleições de 2022, o lançamento do nome de Fernando Haddad não foi bem recebido por outros líderes da esquerda.

A primeira reação contrária veio de Guilherme Boulos (PSol), nome que ascendeu politicamente na disputa municipal do ano passado quando foi para o segundo turno pela prefeitura de São Paulo.

“Defendo que a esquerda busque unidade pra enfrentar Bolsonaro. Para isso, antes de lançar nomes, devemos discutir projeto”, afirmou Boulos. No entanto, a unidade defendida por Boulos está longe de ser consenso entre as siglas de oposição.

Além de Haddad, outros líderes da esquerda já trabalham pelas suas candidaturas em 2022, entre eles Ciro Gomes (PDT), esse mais à direita que à esquerda, e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

No caso de Ciro Gomes, que concorreu em 2018 e acabou rompendo com os petistas naquela eleição, até uma aproximação com o centro vem sendo analisada. O pedetista se aproximou do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) para tentar viabilizar uma aliança.

No caso de Flávio Dino, é ventilada a possibilidade de mudança de partido para a disputa presidencial. Nos bastidores, o governador do Maranhão estuda deixar o PCdoB para concorrer pelo PSB, que teria mais estrutura e fundos para financiar a candidatura. Ele já declarou que se Lula estiver na disputa não concorrerá, mas nada impede dele ser o vice do Lula.

Os dados estão na mesa.

Alea jacta est

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional

 

 

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *