Oposição diz na Câmara que prefeito faz propaganda enganosa com exonerações e base aliada fica calada
Os vereadores Weverton “Vetão” Leandro Santos Andrade (PSB) e Reginaldo das Mercês Santos (PTB), esse do mesmo partido do prefeito Ronaldo Magalhães, mas que abriu dissidência logo no início do mandato, acusam o governo municipal de fazer propaganda enganosa ao informar que exonerou 40 assessores em cargos de confiança, como medida de contenção de despesas.
A base aliada do prefeito, que sempre responde às denúncias da oposição, dessa vez boquifechou-se. Verdade que a sessão legislativa dessa terça-feira (12/12) estava desfalcada do líder do prefeito, vereador Allaim Anderson Figueiredo Gomes (PDT), ausente para tratamento de saúde.
“O diário oficial do município publicou em manchete de capa que Ronaldo Magalhães demitiu 40 funcionários comissionados e que está cortando na própria carne. É mentira. Dos exonerados, 14 foram renomeados para outras pastas”, contesta o vereador Vetão.
De acordo com ele, as exonerações significam muito pouco em termos de economia para o erário municipal. “Fecharam a secretaria de Esportes que tem o menor custo. Mas o ex-secretário e o seu adjunto foram para outras secretarias.”
Para o vereador, “mentir para a população é fato gravoso” – e que o governo não pode faltar com a verdade ao se comunicar com a população. “O anúncio dessas exonerações é só pretexto para encobrir mais cortes a serem feitos em outras áreas que afetam a população”, ele desconfia.
Mais duro ainda foi o vereador Reginaldo Santos, para quem ninguém está feliz com a situação que a cidade vive. “Se você vai ver o que ocorre na saúde, dá dó. Na educação, é fechamento de escolas. O transporte público é vergonhoso, o trabalhador não tem emprego”, disse ele, que não vê luz no fim do túnel. Ou se vê, é o farol de uma locomotiva vindo em sentido contrário.
Cassações
“Todo dia tem um comunicador pago pela Prefeitura falando de minha cassação. Se isso ocorrer, vou acatar a decisão da Justiça. E da cassação do prefeito Pinóquio, ninguém nada diz”, protesta Reginaldo Santos.
O vereador oposicionista teve o seu mandato cassado em primeira instância, acusado pelo Ministério Público de transportar eleitores no dia da eleição, o que constitui crime eleitoral. Recorreu e agora aguarda julgamento pelo Tribunal Regional de Minas Gerais (TRE-MG).
Já o prefeito Ronaldo Magalhães também teve o seu mandato cassado em primeira instância, no dia 26 de abril, acusado de cometer irregularidades na captação de recursos para a sua campanha eleitoral. Ele também recorreu e aguarda no cargo por decisão do TRE-MG.
Se for confirmada em segunda instância a sentença da juíza Fernanda Chaves Carreira Machado, o prefeito pode ainda recorrer ao Superior Tribunal Eleitoral. Mas, nesse caso, terá de se afastar do cargo juntamente com a vice-prefeita Dalma Barcelos (PDT), que também foi cassada no mesmo processo.
Se isso ocorrer, assume a prefeitura o presidente da Câmara, vereador Neidson Dias Freitas (PP), da base aliada do prefeito, até que nova eleição seja realizada no prazo de 60 dias após a perda dos respectivos mandatos para preenchimento das vagas abertas .
Outro lado
Procurado após o término da sessão legislativa para responder às críticas da oposição, o vereador Neidson Freitas (PP), que sempre assume a defesa do governo juntamente com o líder Allain Gomes, sustenta que os cortes foram feitos – e que eles representam economia significativa para a Prefeitura.
Entretanto, o vereador não soube informar de quanto será essa economia. “Ainda não fomos informados desse montante, mas com certeza é significativo.”
Segundo ele, os assessores que foram reposicionados em outros cargos comissionados são importantes para o prefeito cumprir o seu plano de governo. “São pessoas competentes e que agora estão recebendo salários menores.”
Neidson reconhece que o governo errou na forma de se comunicar com a população. “O vereador (Vetão) está certo. Dos 44 cargos extintos, 14 foram remanejados para outras funções, inclusive quatro secretários-adjuntos que tiveram os seus cargos rebaixados e receberão salários menores”, confirma.
“Isso (exonerar e renomear) é prerrogativa do prefeito. Mas a Prefeitura precisa comunicar melhor com a população, deixando claras as suas decisões”, recomenda.
Mas é tanta reclamação dentro da Câmara de Vereadores e em toda a cidade da falta de comunicação da Prefeitura Municipal de Itabira, que resta-nos perguntar:
-para que serve a assessoria de comunicação da secretaria municipal de governo?
-quantos funcionários trabalham lá?
-qual o montante de salários e encargos mensais?
-quanto essa assessoria já repassou em anúncios aos veículos de comunicação?