O mundo vasto mundo de CDA – XVI

Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

Acervo e Pesquisa:

 Cristina Silveira

1959 – Música. Serestas, de Villa-Lobos. É apaixonante o estudo da música para canto de Villa-Lobos, pelo que revela, em uma centena de composições, da diversidade extraordinária de inspiração e pesquisa própria de rumos, de permeio ao combate de influências ou de algumas sujeições voluntárias e estilos alheios…….

O piano, de fato, nas Serestas, e em outras canções de Villa-Lobos, tem um desenvolvimento que o faz correr paralelo, mas ao mesmo tempo, independente de voz. Assim novamente, e ainda com maior evidência, na sétima Seresta, que é Cantiga de Viúvo, onde ocorre um motivo descendente, que cada vez pega uma nota mais alta no teclado. O poema de CDA é o seguinte:

A noite caiu na minh’alma

fiquei triste sem querer.

Uma sombra veio vindo,

veio vindo, me abraçou.

Era a sombra de meu bem

que morreu há tanto tempo.

Me abraçou com tanto amor

me apertou com tanto fogo

me beijou, me consolou.

Depois riu devagarinho,

me disse adeus com a cabeça e saiu.

Fechou a porta.

Ouvi seus passos na escada,

depois mais nada…

Acabou.

Eurico Nogueira França. Correio da Manhã (RJ), 8/12/59.

Drummond na praia de Copacabana, na avenida Atlântica, Rio (Foto: Rogério Reis/Reprodução)

1960 – A Melhor História sobre a sua Cidade, concurso patrocinado pela coluna Escritores e Livros, assinada por José Condé. Três grandes escritores brasileiros formarão a comissão julgadora: CDA, além de grande poeta é também grande prosador, autor de um excelente volume de histórias curtas, Contos de Aprendiz, Aníbal Machado e Marques Rebêlo, julgarão os originais. Correio da Manhã, 24/4/60.

1960 – A Melhor História sobre a sua Cidade. Quinze originais chegaram a esta redação destinados ao concurso A Melhor História sobre sua Cidade. Prova de que o certame está despertando interesse fora do comum como promoção de âmbito nacional: um dos contos em nosso poder foi escrito na cidade de Macapá. Dentro de poucos dias, a comissão julgadora do concurso (CDA, Aníbal Machado e Marques Rebelo) começará a examinar os trabalhos já recebidos. Escritores e Livros, José Condé. Correio da Manhã, 10/5/60.

1960 – A melhor história sobre a sua cidade. A Comissão Julgadora é composta por Aníbal Machado, CDA e Marques Rebelo, que irão almoçar no restaurante do Correio, ocasião em que será feita a entrega das centenas de originais que concorrem ao certame. Escritores e Livros, José Condé. Correio da Manhã, 7/8/60.

 

1960 – A Melhor História sobre sua Cidade. Apareceu afinal “misterioso” vencedor dos contos cariocas. O concorrente classificado em primeiro lugar na série carioca do concurso A Melhor História sobre sua Cidade, foi o último a apresentar-se: é ele o “misterioso” repórter de O Cruzeiro Joaquim Oliveira Álvares da Silva – que com seu conto O Império do Futebol no Rio conquistou o prêmio principal instituído pela Biblioteca Estadual da Guanabara, no valor de 20 mil cruzeiros, quantia esta doada pelo SESI. Correio da Manhã (RJ), 3/12/60.

 

1960 – Hoje na Academia Brasileira de Letras foram entregues os prêmios do concurso de contos História sobre sua cidade. Hoje, as 17:30 no salão nobre  da Academia Brasileira de Letras  – ocasião em que a Casa de Machado de Assis comemora com uma conferencia de Alceu Amoroso Lima o centenário de Eduardo Prado –, será feita a entrega dos prêmios do concurso de contos A Melhor História sobre sua Cidade, patrocinado pelo Correio da Manhã através da coluna Escritores e Livros, assinada por José Condé. Os setecentos e tantos originais enviados ao concurso foram julgados pela seguinte comissão: CDA, Aníbal Machado e Marques Rebêlo, três grandes nomes de nossas letras. Correio da Manhã (RJ), 15/12/60.

Alceu Amoroso Lima (de terno) e sua filha, madre Maria Teresa, a mulher, Maria Theresa, e o neto, Carlos Eduardo Foto Álbum de família

 

1959 – Apelo. Trazendo as assinaturas de Augusto Meyer (presidente), Astrogildo Pereira, Carlos Ribeiro, Plínio Doyle e Manoel Esteves (diretores) a Sociedade dos Amigos de Machado de Assis acaba de distribuir a seguinte nota: A SAMA, considerando que a consagração pública a seu ilustre patrono não deve implicar violação de suas ultimas vontades, quanto ao local, forma e condições de sepultura, vontades essas homologadas por sentença passada em julgado, dirige cordial apelo à Academia Brasileira de Letras, no sentido de que essa douta instituição renuncie a incorporar ao jazigo perpetuo n. 1539, do Cemitério São João Batista, ao projetado Mausoléu Acadêmico, onde aquele túmulo já tradicional, traçado ao gosto de Machado de Assis, ficaria prejudicado em suas características e sua significação de lugar de repouso individual do escritor e de sua esposa, que todos os machadianos visitam com carinho e veneração.  Esse apelo da SAMA surge no momento em que a ABL reafirma sua decisão de construir um Mausoléu Acadêmico, provocando novos protestos dos que se opõem à medida, como foi o caso, ontem, de CDA, em crônica publicada neste jornal sob o título: Cemitério. Coluna Escritores e Livros, José Condé. Correio da Manhã (RJ), 16/9/1959.

[Resultado da derrota: O túmulo de Machado de Assis, considerado o mais importante escritor brasileiro, foi vendido no Rio por R$ 120 mil. O jazigo fica no cemitério São João Batista, na zona sul do Rio. A família decidiu vender o túmulo porque os restos mortais do escritor foram transferidos para o mausoléu da Academia Brasileira de Letras. 29 de mar. de 2001]

Augusto Meyer (1902-1970), retrato por Cândido Portinari (1937)

1959 – Rio-Doce. Livro bom e agradabilíssimo que José Olympio acaba de editar – O Desbravamento das Matas do Rio Doce – de autoria do velho engenheiro Ceciliano Abel de Almeida. Hoje, a gente passa pelo porto de Vitória e vê uma organização modelar destinada ao recebimento e embarque do ferro bruto da terra do nosso mestre CDA.  Correio da Manhã (RJ), 24/9/59.

Rio Doce antes e depois do crime hediondo da mineradora Vale

1959 – Negrito & Claro. Até o fim do ano, a Livraria José Olympio Editora lançará uma nova edição das Poesias de CDA. Coluna do José Condé. Correio da Manhã (RJ), 4/11/59.

1959 – Leitura, novo número. Circulando a edição de novembro da revista Leitura, que apresenta colaboração de CDA e outros. Coluna do José Condé. Correio da Manhã (RJ), 2/12/59.

1960 – Drummond best-seller. Um dos livros de maior saída do momento é Poesias, de CDA, aparecido na ultima semana do ano passado, em edição da José Olympio. Somente na Livraria São José foram vendidos em poucos dias cerca de quarenta exemplares.

Além de reunir toda a obra do maior de nossos poetas, aparece acrescido de uma parte inédita: A Vida Passada a Limpo – vinte e três poemas. O volume apresenta ainda uma particularidade interessante: acrescentou-lhe Drummond um poema-orelha, que começa assim: Esta é a orelha do livro /por onde o poeta escuta /se dele falam mal ou se o amam. Correio da Manhã (RJ), 14/1/60.

1960 – O grupo de Teatro Os Desconhecidos, apresentam no Teatro, Sociedade, de CDA. Jornal do Brasil (RJ), 31/1/60.

1960 – Alfredo Souto de Almeida começou a filmar o primeiro programa de uma serie (que será apresentada em todas as estações de televisão do país) em que focaliza a vida e a obra de conhecidos escritores brasileiros. Alguns personagens desse programa: CDA, Afrânio Coutinho, Manuel Bandeira, Aníbal Machado. Escritores e Livros, José Condé. Correio da Manhã (RJ), 10/2/60.

 1960 – Livros na mesa. Três lançamentos do Conselho Estadual de Cultura de São Paulo, na Coleção Ensaios, entre eles: Homens e Intenções, de José Aderaldo Castello. Titulo de alguns capítulos: Impressões de CDA. Escritores e Livros, José Condé. Correio da Manhã (RJ), 23/2/60.

1960 – Notícias. Já está circulando o novo número de Leitura, que apresenta boa colaboração assinada por CDA. Escritores e Livros, José Condé. Correio da Manhã (RJ), 4/3/60.

Afrânio Coutinho (1911-2000)

1960 – O Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é das repartições publicas que melhor funcionam no Brasil. Rodrigo Mello Franco de Andrade, Lúcio Costa, CDA, Edson Mota, Silvio Vasconcelos e muitos outros colaboradores abnegados especializaram-se em fazer milagre da multiplicação dos tostões.

A verba da repartição é ridícula e, gigantesco o trabalho que faz. Seus funcionários são os guardiões implacáveis do nosso passado e é graças a eles que se salvou a maior parte do que nos legou em artes a Colônia e o Império. Correio da Manhã, 7/5/60.

1960 – No último número da Revista do Livro, o escritor José Nava publica o estudo, Brasileiros no Caminho de Proust, que representa um apreciável trabalho de pesquisa. Já CDA, sob o pseudônimo de Hugo de Figueiredo, havia abordado o assunto, numa crônica a proposito do livro de André Germain, Les Clés de Proust. Correio da Manhã, 14/5/60.

Marcel Proust (1871-1922)

1960 – Dalal Aschcar, a jovem e apaixonada bailarina que vem realizando há muitos anos um grande movimento de renovação e criação de ballet no país, lançou-se agora numa bela e perigosa empresa: lançar o ballet do Rio de Janeiro no Theatro Municipal.

Cia de Ballet Dalal Achcar

Para a realização dessa ambiciosa realização Dalal cercou-se de pessoas do maior relevo no mundo cultural brasileiro. Coreografias de Vinicius de Morais, CDA, Augusto Frederico Schmidt, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, com musica de Villa-Lobos, Dante Santoro e Heckel Tavares. Itinerário das Artes Plásticas, de Jayme Maurício. Correio da Manhã, 15/5/60.

 

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *