O mundo vasto mundo de CDA – IV –

No destaque, a bela Maria Julieta (1928-1987)

Pesquisa e acervo:
Cristina Silveira

 1945 – Para deleite de CDA o jornal Correio da Manhã publica pela primeira vez trechos da novela, A Busca, de Maria Julieta, ainda no prelo. Na mesma página o poeta CDA publica Papai Noel às avessas. Correio da Manhã (RJ), 23/12/45.

1945 – Dez poemas em manuscrito, livro organizado por João Condé Filho, prefácio de Álvaro Lins, ilustrações de Santa Rosa e Cândido Portinari. A clicheria foi executada por Latt & Cia Ltda. e a impressão esteve a cargo do mestre João Luís dos Santos, nas oficinas gráficas dos Irmãos Pongetti.

Desta edição foram tirados 15 exemplares F.C., numerados de I a XV e destinados ao prefaciador, aos poetas e aos ilustradores e 150 exemplares numerados de 1 a 150, compostos em papel Goatskin Parchment e com a rubrica do organizador. Correio da Manhã (RJ), 11/11/45.

1946 – De Gregório de Matos a CDA. Anúncio: O êxito do dia. Um precioso florilégio que recolhe as terras e fervilha inspirações amorosas de nossos melhores poetas. As mais belas poesias brasileiras, edição da Casa Editora Vecchi. Jornal do Brasil (RJ), 3/2/46.

1946 – Na crítica, Um poeta Revolucionário, Álvaro Lins, escreve: O principal acontecimento poético de 1945 foi sem dúvida a publicação de A Rosa do Povo, de CDA. Jornal do Brasil (RJ), 8/2/46.

Álvaro Lins (1912-1970)

1946 – A Rosa do Povo, de CDA agraciado pela Sociedade Felippe d’Oliveira, como o melhor livro de 1945 o prêmio no valor de 5 mil cruzeiros. Correio da Manhã (RJ), 10/2/46.

Felippe D’Oliveira (1891-1933), óleo sobre tela de Portinari, 1934.

1946 – É Oto Lara Resende quem diz: O último e notável livro do poeta CDA despertou, é certo, grande interesse. Mas foram relativamente poucos os estudos sobre A Rosa do Povo, que é, sem favor, um dos pontos mais elevados que já atingiu a poesia brasileira. Correio da Manhã (RJ), 31/3/46.

Otto Lara Resende (1922-1992) Acervo IMS.

1946 – CDA assina manifesto dirigido ao ministro do MEC a favor de que o consagrado pianista Arnaldo Estrela, vencedor do Concurso de Piano da Escola Nacional de Música, seja integrado à cátedra. Imediata nomeação de Estrela para a cadeira de piano da Escola Nacional de Música. Correio da Manhã (RJ), 4/8/46.

1946 – CDA: “Não considero perfeita minha poesia. Vejo-lhe muitas falhas graves, algumas imperdoáveis; e à medida que meus poemas, se afastam de mim no tempo, eu os julgo com ânimo cada vez menos benigno. Mas, curioso, esses defeitos não são os que me apontam os adversários”. Correio da Manhã (RJ), 1/9/46.

Pianista Arnaldo Estrela, Recital Villa-Lobos na Sala Cecília Meireles, 1968. [ouça no youtube] (Foto: Reprodução/Youtube)
1946 – CDA responde a enquete: Se tivesse que habitar uma ilha deserta, quais os dez livros que levaria? – Não há ilhas desertas. Todas andam desagradavelmente povoadas, e é de crer que seus habitantes sonhem com a imigração para outros planetas onde se escondem um dos outros.

Se ainda houvesse tais ilhas, os norte-americanos se incumbiriam de colonizá-las, enchendo-as de máquinas de fazer frio, calor, sono, terror, filhos, sentimentos patrióticos, emoções enlatadas ou simplesmente de matar o tempo entre elas, os romances lacrimogêneos, de um milhão de exemplares.

Levar dez livros para qualquer ilha onde fossemos condenado a viver seria supor que dez livros remediariam a situação, que até nem as bibliotecas nem, a bomba atômica lograram resolver.

Pessoalmente, passei alguns dias numa ilha de negros impaludados, antigo entreposto de escravos, que o esforço de um homem bom (inexplicavelmente ainda os há) buscava salvar para a vida em comum. O pequeno grupo que constituíamos deliberou não ouvir o rádio fanhoso que havia no barraco principal; o barco que nos abastecia também não trazia jornais.

Tomávamos banho de mar, procurávamos bichos no mato, dormíamos e tínhamos uma fonte monstruosa. Nenhum de nós reclamou livro ou deu pela falta deles. O que desejávamos como milhares de pessoas que saem do Rio aos sábados era fugir à chateação urbana, e não, transformá-la em chateação rural. O homem chegou a um ponto em que tem horror de si mesmo; e parece que os livros não tem suficiente poder para curá-los deste mal.

Em todo caso, se com um revolver ao peito me intimidassem a escolher um livro que me acompanhasse no exílio, eu responderia: Qualquer um, desde que tenha belas gravuras e fale de fantasmas. Gosto muito de fantasmas. Correio da Manhã (RJ), 29/9/46.

1947 – Álvaro Lins sobre a novela A Busca de Maria Julieta: A Busca não é uma obra-prima; apresenta ainda incertezas e defeitos; mas é um livro extraordinário para uma menina de 17 anos. É uma novela admirável, rica de conteúdo humano e marcada pela originalidade. Sinto-me um pouco conturbado em trata-la, assim, solenemente, com o grave titulo de senhora. A primeira visão que tive dela foi através de um poema de Odorico Torres, intitulado “Ante o retrato de uma filha de CDA”. Correio da Manhã (RJ), 3/1/47.

1947 – Associação Brasileira de Educação promove o Curso de Férias, formado por pequenas palestras radiofônicas transmitidas pela Rádio MEC. CDA responsável pela parte de poesia. A Noite (RJ), 9/1/47.

1947 – CDA colaborador da revista Província de São Pedro, editada em Porto Alegre. Correio da Manhã (RJ), 2/2/47.

1947 – No dia 16 de março o jornal Correio da Manhã, publica a crônica, Itabira, sempre Itabira. Correio da Manhã (RJ), 16/3/47.

1947 – Em, 1944 a Editora Grey Wall Press lançou a antologia New Road – 1944 – New Directions in European Art and Letters, na qual foram também apresentados, em versão inglesa, vários poetas brasileiros, escolhidos por Paschoal Carlos Magno. CDA figura entre os escolhidos. Correio da Manhã (RJ), 16/3/47.

José Condé (1917-1971)

1947 – Quando CDA publicou aquele poema No Meio do Caminho, estava longe de imaginar que com isso provocaria um dos mais discutidos “escândalos” da vida literária. O poema foi comentado nos jornais, em casa e na rua. Alguns o consideraram notável. Outros, porém, aproveitaram a oportunidade e disseram o diabo do poeta. E até hoje quando alguém não gosta da poesia do Sr. CDA logo enche a boca com aquela celebre “pedra no caminho”…, José Condé. Correio da Manhã (RJ), 31/8/47.

Oswald de Andrade, 1940-1947. Rio de Janeiro, RJ /Foto: Jorge de Castro/Biblioteca Nacional Digital/ Acervo FBN)

1947 – Oswald de Andrade sobre a indicação de seu nome na chapa destinada a pleitear, com mais intelectuais, a eleição para a equipe que representará em Belo Horizonte a Associação de Escritores da Capital da Republica. “Agradeço aos que se lembraram de tanto me honrar e particularmente ao poeta decisivo de nossa geração, esse insubstituível CDA, que indicou o meu nome”. Correio da Manhã (RJ), 26/9/47.

1947 – Alunas de colégio de freiras em Copacabana fundaram um Clube com a finalidade de organizar debates semanais sobre literatura, artes plásticas e filosofia. Destas tertúlias entre jovens de 17 e 18 anos já surgiram palestras sobre CDA e outros. Correio da Manhã (RJ), 23/11/47.

José Geraldo Vieira (1897-1977), foto de Márcio Scavane1947 – Treze escritores respondem a enquete: Quais os quatro melhores livros do ano? CDA elegeu Eurídice, romance de Graciliano Ramos e Contos Novos, de Mário de Andrade. Maria Julieta escolheu A Túnica e os Dados, romance de José Geraldo Vieira e O Ex-marido, conto de Murilo Rubião. Correio da Manhã (RJ), 28/12/47.

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