O maior pico de mortes por Covid-19 no mundo
Por José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] A pandemia da Covid-19 continua sua marcha ascendente no mundo. Em novembro já superou em muito o pico da primeira onda ocorrido em abril de 2020. Na semana de 10 a 16 de abril houve, na média diária, 80 mil casos e 6.824 mortes.
No período de 10 a 16 de novembro houve, na média diária, mais de 575 mil casos e 8.866 óbitos, conforme mostra o gráfico abaixo para os dados da mortalidade. O pico da segunda onda já é muito maior do que o pico da primeira onda. Nos meses de março e abril foram os países da União Europeia e os EUA que responderam pela grande maioria das mortes.
Mas no mês de julho a América Latina e Caribe (ALC) responderam por cerca de 50% das mortes. Nos meses de agosto e setembro a Índia passou a ganhar destaque. Mas em outubro e novembro a Europa (Ocidental e Oriental) e os EUA voltaram a ser epicentros da pandemia, conforme mostra o gráfico abaixo do jornal Financial Times.
O gráfico abaixo, da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra o número de casos por semana epidemiológica ao longo do ano de 2020, com destaque para as grandes regiões. O que mais chama a atenção no gráfico é o crescimento continuado e sustentado do número de casos semanais ao longo de 2020. Na semana de 3 a 9 de fevereiro ocorrem 23 mil casos no mundo.
Na semana de 13 a 19 de abril foram 540,9 mil casos. Na semana retrasada, de 9 a 15 de novembro foram pouco menos de 4 milhões de casos. E na semana passada (de 16 a 22/11) o número de casos semanais ultrapassou, pela primeira vez, 4 milhões de casos em 7 dias.
E ainda não há sinais de interrupção. Dos mais de 4 milhões de casos da semana de 16 a 22/11, um montante de 1,8 milhão ocorreu na Europa e 1,6 milhão nas Américas.
O gráfico seguinte, também da OMS, mostra o número de óbitos por semana epidemiológica ao longo do ano de 2020. Na semana de 3 a 9 de fevereiro ocorrem 508 mortes no mundo e o pico foi atingido na semana de 13 a 19 de abril com 51 mil óbitos na semana.
Nas semanas seguintes houve oscilação, mas sempre com montantes menores do que o pico de abril. Contudo, na semana de 2 a 8 de novembro houve 53,9 mil mortes superando o pico de abril. E o pior, a subida não parou por ai e aumentou nas duas semanas seguintes.
Já naa semana de 16 a 22 de novembro houve o recorde de 67,2 mil óbitos em 7 dias, representando uma média de quase 10 mil mortes por dia. Dos 67,2 mil óbitos da semana, um montante de 33 mil, ocorreu na Europa e 22 mil nas Américas.
No Brasil, o número de casos e de mortes subiu nas últimas duas semanas, conforme mostram os gráficos abaixo da OMS. Tudo indica que o Brasil já está singrando na segunda onda da covid-19.
O relaxamento que ocorreu no país pode gerar um aumento da pandemia no final do ano, complicando as festas de natal e réveillon.
Os esforços para conter a pandemia fizeram parte da pauta da reunião do G-20, dos dias 21 e 22 de novembro de 2020, além dos caminhos para a recuperação econômica e a administração do endividamento dos países emergentes.
Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, os países mais vulneráveis são os mais pobres e altamente endividados do mundo em desenvolvimento, que estão “à beira da ruína financeira e da crescente pobreza, fome e sofrimento incalculável”.
Porém, apesar de todos os discursos politicamente corretos, pouca coisa efetiva foi decidida na reunião do G-20. Por exemplo, faltou um plano efetivo para garantir uma vacinação em massa a partir do ano que vem. Enquanto isto, o SARS-CoV-2 continua se propagando pelos territórios do globo, deixando um número de vítimas cada vez maior.
José Eustáquio Diniz Alves é colunista do EcoDebate, doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382