O Diário de Pernambuco conta como foi a festa de Itabira para Drummond: poeta maior do país
Drummond aos 80 (Foto: Reprodução/Acervo: Cristina Silveira)
Itabira – Ausência. Propositadamente ou não, este foi um dos poemas de Carlos Drummond de Andrade lançado ontem (31/10/1982), de um teco-teco, sobre esta cidade mineira, em homenagem aos 80 anos do poeta, nascido em Itabira e ausente há 28 anos.
A chuva de poemas, sob um céu-de-brigadeiro, com muito sol, foi promovida pelo tabloide O Cometa Itabirano e trazia ainda outros poemas de Drummond: Cortesia, Canção Amiga, Primeiro Canto e Quadrilha.
Ao todo, segundo os organizadores da homenagem, foram despejadas cerca de 20 mil cópias dos cinco poemas, cada um em papel de cor diferente – amarelo, azul, verde, laranja e rosa.
As homenagens ao poeta, que duraram todo o mês de outubro, tiveram dois pontos altos: o primeiro, a maratona sobre a vida e obra do poeta Carlos Drummond de Andrade, realizada como há vários anos e vencida por Mabel Araújo Andrade, 19 anos, sobrinha-neta de Drummond; o segundo, a abertura, no sábado, do I Salão Nacional de Humor de Itabira, realização do jornal O Cometa.
Salão de Humor
O Salão de Humor recebeu mais de 500 trabalhos vindos de todas as partes do Brasil. No sábado foram escolhidos os três premiados, entre 100 classificados, que ficaram em exposição no Centro Cultural de Itabira até o final desta quinzena. O tema foi “O Brasil e as eleições”.
O primeiro colocado foi o cartunista Mariano, do Rio de Janeiro, com o cartaz “Para deputado, Hermenegildo, Ladrão”.
O segundo, da Vinci, de Florianópolis (eleitor saindo da cabina com a cédula na mão e perguntando à mesa: “Posso votar para presidente? Escrevo aqui no cantinho”.
O terceiro, Hélio Bueno, do Rio de Janeiro, mostrando um oficial do Exército, fardado, com dificuldade de preencher a cédula. Os três dividirão Cr$ 600 mil.
Pedido
Ontem, os organizadores das homenagens começaram a discutir a forma de atender ao pedido do poeta, de que Itabira preste preito de gratidão a seu pai, Carlos de Paula Andrade, que foi vereador e presidente da Câmara Municipal pelo Partido Republicano.
Em recente entrevista ao Cometa Itabirano, Drummond sugeriu que a avenida que tem seu nome, inaugurada em 1977, passasse a ser chamada Avenida Carlos de Paula Andrade. Além de uma homenagem ao pai, o poeta estaria se livrando de uma situação da qual sempre discordou: dar nome de pessoas vivas a logradouros ou instituições.
Brincadeira
A mudança do nome Carlos Drummond de Andrade para Carlos de Paula Andrade, na prática, é uma simples troca da segunda palavra: de Drummond para de Paula – comentou, em tom de brincadeira, a assessora de comunicação da Prefeitura de Itabira, Miriam Brandão, ao tentar demonstrar que, mais cedo ou mais tarde, o poeta será atendido. “Mas, ele (Carlos Drummond) não deixará de ser nome de logradouro ou de uma instituição em Itabira”, observou.
Essa disposição amigável dos habitantes de Itabira, para com seu poeta maior, ficou clara, ontem, durante a chuva de poemas que disputados alegremente, principalmente pelos jovens.
“Chuva de poemas do primeiro prédio da América Latina. São Paulo – A cidade paulista também homenageou o poeta Carlos Drummond de Andrade com uma chuva de poemas do Grupo Poetasia, jovens que fizeram versos enaltecendo-lhe a figura e os lançaram do alto do Edifício Martinelli, o primeiro arranha-céu da América Latina, construído no final dos anos 30, com 26 andares”.
[Diário de Pernambuco (Recife), 1/11/1982. Hemeroteca BN-Rio]
Parabéns, Cristina, sempre na garimpagem de informações sem as quais jamais teríamos acesso. Parabéns ainda à Vila de Utopia por publicar suas pesquisas.
Olá Graçaminhaamiga, um elogio teu redime minha carga pesada de analfabetismo. Pois é bão encontrar o passado e trazê-lo pro presente.
Hoje fui ao cemitério São João Batista, levar uma florzinha que colhi num jardim publico, uma maria-sem-vergonha para o poeta e sua família… está tudo arrumadinho na campa só falta o nome de Dolores Dutra, afinal são duas mulheres, duas namoradas intimas…. e por todos os lados de fora do cemitério tem uma floresta urbana, porque aqui é lugar do poeta e sua família, porque aqui tem Sol.
Obrigada por ler a Vila e comentar, é o máximo pra nós aqui da Vila receber a mais importante namorada do poeta na Itabira