O despertar dos chilenos e a existência que há de porvir
Veladimir Romano*
O segundo turno das eleições presidenciais do Chile, disputado entre dois candidatos, , identificou correntes de pensamentos antagônicos. E o povo analisou as diferenças e escolheu o mais lógico, o candidato humanista, social e equilibrado, capaz de colocar o país no caminho desejado por essa maioria expressiva.
Conquistar aos 35 anos de idade uma eleição presidencial [Gabriel Boric com 56%], não é para todos, muito menos em território tão massacrado como tem sido toda América Latina, bombo de festa de golpes militares sanguinários, governantes corruptos, influências estrangeiras dominando economias locais, além de tantos outros enganos traumatizando e castigando sem respeito a soberania territorial de cada uma das nações.
Tal como vem acontecendo, a mudança se faz necessária. E o povo, intuitivo, muda o timoneiro para evitar desastres maiores. Exemplos do falhanço daquilo que se deseja, tantas vezes tem caído, pelo jogo sujo das instituições.
Isso ocorre até com a criação duma imprensa falsamente inflacionando notícias, sempre ilusionista, ajudando de forma traiçoeira aos próprios processos da informação naquilo que tem de mais sagrado: o esclarecimento, a pedagogia, transparência, rigor e uma total independência do assunto dominante quando o povo tem de ser inteligente e não manipulado.
Nos últimos 30 anos, o Chile tem vivido debaixo de agonias, ainda que a primeira impressão se faça ganhando fantasias de uma reforma exemplar na crescente financeira, coisa que nunca foi tão realista, antes esquema ilusório, coisas que o Capitalismo atual vive manietando como crescimentos irrealizáveis.
O próprio instante mundial de pandemia tem demonstrado isso mesmo como todos ou pelo menos uma boa porção, vai descobrindo de como nunca se investiu verdadeiramente nas questões mais sensíveis como a Ciência Médica, Educação/Ensino, Saúde/Pesquisa.
A realidade trapalhona do sistema manifesta saturações e limites daquilo que deveria ser esse debate essencial dos valores de cada sociedade baseado no seu todo, não apenas na fachada do [indesejável quanto] tratamento desses quantos se gostam de enganar.
Os chilenos, há três décadas lutam para que a sua Constituição seja reformada, para que a sombra sangrenta do general Augusto Pinochet e seus terroristas seja, finalmente enterrada. Ainda, para que as forças nazistas, infelizmente, apanágio real das nações do novo mundo sejam controladas.
Que novos governantes venham fortalecidos conseguindo futuro risonho e justo como todo o tempo que ficou adiado a esse futuro certo, seguro, verdadeiro, de progresso a todos vingue.
Que consiga a nação do grande Pablo Neruda vencer, tomando em conta ao caminho com seus entraves, coisas capazes de provocar muito dano porque tais forças negacionistas nunca vão dormir, sonhando sempre com o Poder. São provocadores, vendilhões dos bens das nações em proveito duma elite egoísta, preconceituosa e desumana.
Olhem exemplos do que aconteceu na Bolívia, quando golpistas procuraram traiçoeiramente retirar a Democracia. É o que agora mesmo está acontecendo no Peru onde a direita ultra conservadora tem feito a vida difícil de quem quer governar, reformar, conduzir a Educação ao povo ainda analfabeto vivendo em condições remotas e desfavorecido, dominando a pobreza.
E segue aturando golpes baixos da oposição [sem projeto político], exigindo destituição do Presidente Pedro Carrillo a cada semana, ora na outra, investindo contra o governo com apenas seis meses de vida, rodeado de heranças negativas.
O bom do momento é saber que, finalmente, o povo das “tierras del fuego”, despertou. Isso porque se tem povo mais politizado em todo o novo mundo. Os Chilenos são um desses povos onde o pensamento, ainda que aturdido por militares traiçoeiros e assassinos que no passado fizeram guerra contra seu próprio povo, é forte a favor da democracia que brilha.
E que poderá fornecer energia positiva a outros que precisem abrir os olhos, colocando o cérebro no lugar para que mais nações possam descobrir esse tal trilho exigente, sim, mas altamente necessário para que a vida se faça existência.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.