O Café e a sua epopeia para chegar ao Brasil
Fotos:Mauro Moura
Por Mauro Moura
“Quedê o sertão daqui?
Lavrador derrubou.
Quedê o lavrador?
Está plantando café.
Quedê o café?
Moça bebeu.
Mas a moça onde está?
Está em Paris.
Moça feliz!”
Boca de Bode – Conforme nos conta Basílio de Magalhães em seu livro O CAFÉ, 1939 – Cia. Editora Nacional, também o poema acima nele inserido, a trajetória desta abissínia planta a chegar ao Brasil foi uma verdadeira epopeia.
Francisco de Melo Palheta, natural do Pará, assentou praça na tropa regular da guarnição portuguesa do Estado do Maranhão e entre 1722-23 realizou a Bandeira ao Rio Madeira para encontrar o seu curso d´água e cabeceira.
Ainda em 1727, perto dos trezentos anos, foi quando ocorreu a introdução de sementes de café no Brasil, efetivamente no estado do Pará e esta introdução com o total empenho do Francisco Palheta.
O café já era plantado em Caiena, atual Guiana Francesa e por ali hoje muito bem plantado na Venezuela e na Colômbia, sendo deste país os grãos mais afamados de que temos notícia pela qualidade de seu sabor e grandioso aroma.
Após pedido de Francisco Palheta ao rei Dom João V, foi autorizado o plantio do café e também a isenção de impostos na sua comercialização.
Após, entre 1760-62, por iniciativa do desembargador João Alberto Castelo-Branco, vieram do Maranhão para o Rio de Janeiro as sementes da rubiacea e dali espalhou por todo aquele estado e, em seguida, por Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia.
Temos notícias que por volta de 1840 o café foi introduzido na região de Itabira pelo Comendador Francisco de Paula Andrade e a partir daí o mesmo foi seguido por seu irmão Comendador Cassemiro Carlos da Cunha Andrade, seus sobrinhos, primos e parentes diretos.
Havia uma certa produção de relevância do café na região, embora o terreno tinha pouca capacidade de nutrientes e os adubos químicos surgiram depois de mais de um século, bem como os aditivos para correção do solo que é tão necessário à manutenção do terreno que estiver com plantio de pés de café.
A fazenda de café do Comendador Francisco de Paula era no atual município de Ferros, provavelmente na localidade de Braúnas onde o mesmo possuía terras.
A partir daí e na sequência, foram sendo abertas diversas fazendas de café no sentido de Ferros até Guanhães, neste intermeio temos as antigas fazendas de café em Areias, nas quais, com a queda da bolsa em 1929, praticamente todas erradicaram o plantio do café e passaram a criar o gado vacum.
Daquela época, restou-nos pequenas plantações remanescentes do tipo arábica Bourbon vermelho.
Já com as melhorias e criação de novos tipos de mudas de café pela EMATER CAFÉ, a partir de 1990 foi introduzido na região de Itabira o tipo catuaí amarelo, que também é um arábica, embora seja de sabor mais ácido.
Deliciosa a história do café. Na Serra/Chapada, estrada não real -, Itabira/Ipoema, as noivas bordavam ramalhetes de café no enxoval. Sou herdeira de uma toalha pra mesa pequena.
Sem o café a vida é besta!