No sábado (12), Flitabira abre a exposição Portinari para Crianças, na praça Acrísio de Alvarenga

No destaque, Meninos Brincando, obra de1955, retrata a brincadeira de dois meninos plantando bananeira perto de um burrinho

Fotos: Divulgação

A primeira atividade em espaço aberto da quarta edição do Festival Literário Internacional de Itabira (4º Flitabira) será inaurugrada neste sábado (12), com a exposição Portinari para Crianças, com 42 reproduções de obras do pintor Candido Portinari – e que ficarão expostas na renovada praça Acrísio de Alvarenga até 30 de novembro.

A mostra retrata crianças se divertindo e realizando atividades lúdicas com seus brinquedos, além de expor as várias facetas que a infância pode ter, com suas questões sociais e culturais.

Não por acaso, a exposição será inaugurada no Dia das Crianças, que, neste ano, coincide com o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

A curadoria exposição é de João Candido Portinari, fundador e diretor-geral do Projeto Portinari e de Guilherme de Almeida, coordenador do Núcleo de Arte e Educação do Projeto Portinari.

A 4.ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira (4º Flitabira) acontece entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro de 2024, de quarta-feira a domingo, na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro).

Com o tema “Literatura, Amor e Ancestralidade”, o 4.º Flitabira tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira.

Marinha, tela pintada em 1942, retrata cena praiana com garoto empinando pipa, cuja cor vermelha contrasta com o cinza e o ocre reinantes

Exposição “Portinari para Crianças”

Conforme explica Guilherme Almeida, o desafio para montar a exposição foi traduzir não apenas a técnica magistral de Portinari, mas a essência pura da infância que o artista tão habilmente capturava. “Foi uma imersão no universo mágico e atemporal que ele pintou com tanto amor”, salienta o curador.

“Foi um diálogo com a criança que existe em todos nós. Cada obra escolhida era como uma página do diário de Portinari, repleta de lembranças vívidas e cores que ressoam com a alma infantil.”

Nos quadros expostos, Candido Portinari também retrata a densidade psicológica das crianças, observadoras do mundo no qual estão inseridas.

“Portinari tinha a capacidade única de capturar a essência pura e autêntica da experiência infantil. Cada pincelada parece contar uma história, transmitindo a inocência, a alegria e, muitas vezes, os desafios enfrentados pelas crianças”, descreve Guilherme Almeida.

Segundo ele, o olhar atento de Portinari conseguia transcender as telas, convidando a todos para um mergulho nas complexidades e pluralidade das infâncias.

“Em suas obras, as crianças são protagonistas de suas próprias narrativas, refletindo a diversidade, a vivacidade e a crueldade a que muitas vezes os pequenos são submetidos nesse período tão precioso da vida”, acrescenta o curador da exposição.

Meninos Brincando (1958), em campo de terra situado diante-de casas modestas

A infância do pintor

João Candido Portinari, filho, fundador e diretor-geral do Projeto Portinari, acrescenta que o pai, já em seus últimos tempos de vida, escreveu o diário “Retalhos de Minha Vida de Infância”.

Nesse mergulho em sua infância pobre, em um humilde povoado com três ruas, perdido nos imensos cafezais do interior paulista, o artista-menino foi feliz na companhia de muitos coleguinhas, com muitas brincadeiras e confidências trocadas.

É esse universo retratado em sua arte, como poderá observar na exposição na praça Acrísio de Alvarenga.  “O céu estrelado, os pastos, o córrego, os cavalos, o gado, os passarinhos, muita liberdade de ir e vir”, descreve João Cândido, que retorna a Itabira para participar mais uma vez do festival literário na terra de Carlos Drummond de Andrade.

“A família, reunida depois do jantar, onde todos – desde o recém-nascido à bisavó — se reuniam em conversas intermináveis, muitas vezes em meio ao jogo do Bingo, com feijões marcando os cartões, comandado por D. Dominga, a grande matriarca que punha ordem naquela bagunça bendita”, descreve o filho.

“Foi uma infância que ele guardou em seu coração, e retratou – em sua alegria e também em sua dor –, até o seu último suspiro”, recorda.

Em seu diário, o próprio artista questiona, para ele mesmo responder: “Por que pinto tanto menino e menina em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos”.

Integram a mostra algumas de suas obras mais importantes, como “Os Retirantes”, pintada em 1936, “Menina Sentada”, de 1943, e “Meninos Brincando”, finalizada em 1955.

Há também pinturas de membros de sua família enquanto eram crianças, como é o caso das pinturas “Retrato de João Candido”, de 1939, que representa seu filho quando era um bebê, e “Denise com o gato”, de 1960, um retrato da única neta que Portinari conheceu.

“Portinari deixou um legado ético e humanista, que muito tem a dizer para um mundo hoje tão conflagrado pela violência, pela injustiça social, pelo desrespeito ao sagrado da vida”, acrescenta João Candido.

Segundo ele conta, o pai declarou em entrevista: ‘É preciso haver uma mudança. O Homem merece uma existência mais digna. A minha arma é a Pintura”, defendeu.

A sua obra não traz apenas linhas, formas, volumes e cores. “Ela é um grito por valores de não violência, de fraternidade, de justiça social, de respeito ao sagrado da vida”, explica João Candido Portinari.

Menino com pipa, pintura de 1947

O Projeto Portinari

Fundado em 1979 por João Candido Portinari, filho único do artista, o Projeto Portinari é voltado para a preservação da vida e obra do pintor.

A instituição também visa a colocar a obra do artista a serviço da busca da identidade cultural brasileira e preservação da memória nacional.

Além disso, pretende contribuir para uma ação sociocultural ampla, voltada para melhor compreensão do processo histórico-cultural brasileiro.

Nessa perspectiva, o projeto conta com um levantamento de 5.300 pinturas, desenhos e gravuras atribuídos ao pintor, assim como de mais de 25 mil documentos sobre sua obra, sua vida e sua época.

Inclui ainda a pesquisa da autenticidade das obras, além do processamento digital das imagens, a organização do arquivo de correspondência e do acervo de fotografias históricas, filmes e recortes de mais de 10 mil periódicos, livros, monografias, textos e memorabilia.

O projeto conta também com registro de mais de 70 depoimentos de artistas, intelectuais, políticos, amigos e parentes de Portinari, totalizando mais de 130 horas gravadas. Dispõe do Catálogo Raisonné “Candido Portinari – Obra Completa”, primeira publicação dessa natureza em toda a América Latina.

Meninos no balanço, obra de 1960

Sobre o Instituto Cultural Vale

O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios.

Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa.

Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do País.

Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com programação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org!

Serviço

4.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 30 de outubro a 3 de novembro, de quarta-feira a domingo
Local: programação presencial na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @flitabira
Entrada gratuita.

Acesse a programação aqui:

https://flitabira.com.br/evento/programacao-nacional-internacional/

 

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